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Eduardo dos Santos afasta administração da TAAG após saída da Emirates da gestão
O Presidente angolano, José Eduardo dos Santos, afastou, por decreto, a administração da transportadora aérea estatal TAAG, liderado por Peter Hill, na sequência da decisão dos árabes da Emirates, que se retiraram da gestão daquela companhia.
A informação consta de um comunicado enviado hoje à Lusa, em Luanda, pela Casa Civil do Presidente da República, dando conta que o decreto exarado pelo chefe de Estado dá como "findo o mandato do conselho de Administração da TAAG", que havia sido nomeado em 15 de Setembro de 2015, "na sequência da rescisão unilateral" pela Emirates do contrato de gestão com a companhia aérea nacional.
No mesmo decreto exarado hoje, José Eduardo dos Santos procede à nomeação de uma comissão de gestão para "assegurar a continuidade da actividade" da transportadora, que será coordenada por Joaquim Teixeira da Cunha, antigo presidente do conselho de administração.
Esta comissão de gestão terá como coordenadores adjuntos Rui Paulo de Andrade Telles Carreira e Wiliam Rex Boutler, integrando ainda Eric Zinu Kameni, Nuno Ricardo da Silva Oliveira Pereira, Patrick J. Rotsaert e Vilupa Mathanga Gunatileka, de acordo com a mesma informação prestada à Lusa.
A transportadora aérea Emirates anunciou na segunda-feira o "fim imediato" do contrato de concessão para gestão da companhia de bandeira angolana TAAG face "às dificuldades prolongadas que tem enfrentado no repatriamento das receitas" das vendas em Angola.
Numa declaração enviada à Lusa, a transportadora referia igualmente que está a "tomar medidas no sentido de reduzir a sua presença em Angola" e que a partir de hoje reduz de cinco para três o número de frequências semanais para Luanda.
Angola vive desde 2014 uma crise financeira e económica decorrente da quebra nas receitas com a exportação de petróleo, também com efeitos cambiais, com várias operadoras aéreas a queixarem-se da dificuldade em repatriar dividendos das vendas em Angola, por falta de divisas.
"Esta questão tem-se mantido sem solução, apesar de inúmeros pedidos feitos às autoridades competentes e garantias de que medidas seriam tomadas", referiu então a companhia árabe.
"Com efeito imediato, a Emirates põe fim à sua cooperação com a TAAG - Linhas Aéreas de Angola - ao abrigo de um contrato de concessão de gestão em curso desde Setembro de 2014", acrescentou a companhia, com sede nos Emirados Árabes Unidos.
"Esperamos que a questão do repatriamento de fundos seja resolvida o mais cedo possível, de modo que as operações comerciais possam ser retomadas de acordo com a demanda", informou ainda.
O contrato de gestão assinado entre o Governo angolano e a Emirates prevê a introdução de uma "gestão profissional de nível internacional" na TAAG, a melhoria "substancial da qualidade do serviço prestado" e o saneamento financeiro da companhia angolana, que em 2014 registou prejuízos de 99 milhões de dólares (88 milhões de euros).
Em contrapartida, no âmbito do Contrato de Gestão da transportadora pública angolana celebrado com a Emirates Airlines para o período entre 2015 e 2019, prevê-se dentro de quatro anos resultados operacionais positivos de 100 milhões de dólares.
Em entrevista à agência Lusa no final de 2016, o presidente do conselho de administração da TAAG, Peter Hill, indicado para o cargo pela Emirates ao abrigo do acordo com o Governo angolano, anunciou ter cortado 62 milhões de euros em custos no primeiro ano daquela gestão.
"Nós dissemos, no nosso plano de negócios, que em três anos íamos reduzir custos em 100 milhões de dólares [89 milhões de euros] e logo no primeiro ano já poupamos 70 milhões [62 milhões de euros]. Por isso estamos muito contentes e posso dizer que as finanças da companhia estão a melhorar dramaticamente", explicou.
"Herdamos uma companhia não lucrativa, com muitos trabalhadores, e nos últimos 12 meses estamos a reduzir os custos", enfatizou o administrador, que assumiu funções em Outubro de 2015.
Segundo Peter Hill, a TAAG contava então com cerca de 4.000 trabalhadores, para operar 31 destinos domésticos e internacionais, após uma forte redução, apenas com programas de reforma.