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CEO da TAP: “É normal que Governo queira interagir com a administração”
Ramiro Sequeira fala numa “interação muito dinâmica” com a tutela de Pedro Nuno Santos e considera que “mais do que estar rentável para uma possível compra ou venda, a TAP tem de estar rentável para sobreviver”.
Se o Governo decidiu salvar a TAP, através do dinheiro dos contribuintes, o CEO interino da companhia, Ramiro Sequeira, considera "normal que queira interagir com a administração e com a empresa".
"Já é o normal [haver relação com acionista maioritário], mas se pusermos isto dentro do contexto de auxílio de Estado e de pandemia, mais normal é e mais intensa pode ser esta relação. Há uma interação muito dinâmica", frisa o gestor.
Em entrevista ao Eco, Ramiro Sequeira insiste que "é normal que o acionista pergunte e possa fazer sugestões e pedidos, mas num contexto de pandemia esta relação intensifica-se", lembrando que "não se pede todos os dias um auxílio do Estado e tem de se entregar à DGComp um plano de restruturação".
"Essa proximidade ainda bem que existe. Temos um processo muito importante que é a validação deste plano de reestruturação perante Bruxelas que, devemos recordar, é o Estado que está a interagir em grande parte. A administração da TAP tem estado, mas a liderança está a ser feita pelo Estado", acrescenta.
Bruxelas aprovou no final da semana passada a ajuda intercalar de 462 milhões de euros à TAP, uma medida que permite a Portugal compensar a companhia pelos prejuízos sofridos em consequência direta das restrições às viagens devido à pandemia entre 19 de março e 30 de junho de 2020.
Sobre o plano de reestruturação entregue à Comissão Europeia, Miguel Frasquilho, "chairman" da TAP, disse na conferência telefónica de apresentação dos resultados de 2020 que "não tem nenhum sinal negativo da Comissão Europeia" e que "a expectativa é que no fim de maio será plausível o plano ser aprovado".
"Rentável para sobreviver"
A propósito das críticas que têm sido feitas pelos sindicatos, Ramiro Sequeira recorda nesta entrevista que esta é "uma oportunidade [dada pelos contribuintes] para salvar cerca de sete mil postos de trabalho". Sobre a hipótese de assumir o cargo em definitivo, diz apenas que é um quadro da TAP e que está "disponível para ajudar" a transportadora.
Já sobre o pós-reestruturação, o gestor assinala que "mais do que estar rentável para uma possível compra ou venda, a TAP tem de estar rentável para sobreviver". "Se no final desse processo houver interessados ou não, é algo que é futurologia porque não existe nada palpável. Em contexto pandémico ainda é mais difícil pensar nisso", conclui.
Na conferência telefónica com os analistas, os administradores da TAP adiantaram que as perspetivas para 2021 são de um aumento de 69% dos passageiros para 7,9 milhões, face a 2020, de um acréscimo das receitas de passagens de 28% para 1,1 mil milhões de euros e da subida das de carga em 25% para 156,6 milhões.