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Caos nos aeroportos faz aviação na Europa perder nove milhões de lugares

O continente europeu perdeu 5% da sua capacidade aérea, com Amesterdão, Londres e Milão a serem os destinos mais afetados. Em Lisboa, a redução foi de 2%.

A situação dos voos cancelados no aeroporto de Lisboa agudizou-se depois do fecho temporário da pista por causa de um incidente com um jato privado.
Mário Cruz/Lusa
07 de Agosto de 2022 às 17:17
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As dificuldades que se sentiram nos aeroportos no arranque da temporada de verão - com relatos de longas filas, atrasos e cancelamentos de voos - fizeram com que as companhias aéreas a operar na Europa vissem a sua capacidade reduzir em 5%, perdendo nove milhões de lugares. 

Os dados são avançados pelo El Mundo que cita uma análise do Forward Keys, um site de analytics espanhol especializado em turismo. No estudo em causa, a empresa analisou os lugares disponibilizados pelas companhias aéreas para julho e agosto em 30 de maio, comparando com a mesma disponibilidade seis semanas depois, a 11 de julho.

A nível global, a Forward Keys encontrou uma redução da capacidade mundial em 14,3 milhões de lugares, ou seja, 4%. O continente mais afetado pela disrupção nos aeroportos foi a Ásia, perdendo 4,6 milhões de lugares, o que corresponde a uma quebra de 10%. Contudo, foi na Europa que a perda de lugares foi mais acentuada, em termos absolutos: em 9 milhões de lugares, ou 4%.

Nas Américas, a capacidade reduziu 2%, em 1 milhão de lugares. Em África e no Médio Oriente, praticamente não se verificaram alterações (havendo inclusive um incremento de 255 mil lugares).

Olhando em específico para a Europa, e analisando os dados dos voos domésticos (dentro do continente europeu), os destinos mais afetados foram Amesterdão, Londres e Milão. A capital dos Países Baixos perdeu 11% da sua capacidade (541 mil lugares), a do Reino Unido reduziu 8%, correspondentes a 1,1 milhões de lugares. A cidade italiana perdeu igualmente 8%, relativos a 259 mil lugares.

Lisboa não aparece sequer no top 10 europeu, tendo perdido 2% da sua capacidade.

Easyjet é a que mais perde em termos absolutos

Por companhias aéreas, as de bandeira sofreram uma redução mais acentuada (-6%) que as de baixo custo (5%). Contudo foi a "low cost" Easyjet a que mais lugares perdeu em termos absolutos: 1,4 milhões, correspondentes a 9% da sua capacidade.

Já a British Airways foi a companhia a capacidade mais afetada, perdendo 13% (700 mil lugares). A SAS e a Eurowings também sofreram perdas na ordem dos dois dígitos, 11% - correspondentes a 352 mil lugares - e 10% de 526 mil, respetivamente.

A disrupção nos aeroportos fez ainda cair a confiança dos consumidores com a marcação de voos "last minute" a cair entre o final de maio e 10 de julho 44%, quando comparado com os valores de 2019.

Os problemas que se verificaram um pouco por toda a parte deveram-se à falta de pessoal, com o setor da aviação a efetuar cortes durante a pandemia, ficando com falta de capacidade de resposta para o boom turístico que se esperava para este verão.

Em Portugal, o caos provocou uma quebra nas reservas dos hotéis e dos alojamentos para os meses de agosto e setembro. Apesar de não avançarem com números, tanto a Associação da Hotelaria de Portugal (AHP) como a Associação da Hotelaria e Restauração (AHRESP) assumiram abrandamentos no ritmo de reservas.

Por outro lado, a meio de julho, o número de malas perdidas no Aeroporto Humberto Delgado, em Lisboa, devido ao caos rondava as 3.000. No ínicio do mês, tinham sido mais de 8.000.

"Podemos olhar para este verão de forma positiva e negativa. No lado positivo, é encorajador ver um forte ressurgimento da procura após a pandemia, porque o turismo precisa muito de negócios", indica no estudo Olivier Ponti, VP de Insights da ForwardKeys. "No entanto, o regresso foi tão rápido que os aeroportos e as companhias aéreastiveram dificuldades em adaptar-se."

"Embora eu esteja confiante de que os aeroportos acabarão por conseguir recrutar, existem algumas tendências que causam preocupação", continuou o responsável. "Primeiro é a subida do preço do petróleo, alimentado pela guerra na Ucrânia, que aumentará o custo dos voos. Em segundo lugar está a inflação, também uma consequência da guerra, que provavelmente deixará a maioria dos passageiros sem condições de pagar a passagem. Terceiro, o caos parece estar a diminuir a procura, pois assistimos a uma desaceleração nas buscas na internet por passagens aéreas e reservas, além de um aumento no
cancelamentos".
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