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Boeing põe milhares de trabalhadores em licença face a impasse nas negociações sobre greve
Licenças temporárias abrangem funcionários administrativos, incluindo executivos e gestores, sedeados nos Estados Unidos, e visam cortar custos face à paragem de produção. Sindicato diz que não houve progressos e que não estão agendadas novas negociações para pôr termo à greve, a primeira da Boeing desde 2008.
A Boeing vai colocar em licença sem vencimento milhares de funcionários administrativos nos Estados Unidos, depois de sensivelmente 30 mil trabalhadores da montagem, a maioria em Seattle, terem entrado em greve na sexta-feira, obrigando à suspensão da produção dos aviões mais vendidos da empresa.
"Estamos a iniciar licenças temporárias nos próximos dias que vão afetar um grande número de trabalhadores, gestores e executivos sediados nos Estados Unidos", afirmou o CEO, Kelly Ortberg, num e-mail endereçado aos funcionários, citado pela agência Reuters. "O plano é que os selecionados tirem uma semana de licença a cada quatro, numa base regular, durante a greve", detalhou, indicando ainda que tanto ele, como outros dirigentes da Boeing, "aceitarão uma redução salarial apropriada" durante a paralisação.
Esta greve, a primeira com que a Boeing se depara desde 2008, vem agravar a turbulência que a construtora aeronáutica norte-americana vive.
Os trabalhadores da Boeing na zona de Seattle, na costa oeste, aprovaram a greve, rejeitando um novo contrato proposto pela construtora aeronáutica norte-americana, segundo anunciou o sindicato dos maquinistas IAM-Distrito 751. Os membros da Associação Internacional de Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais votaram sobre uma proposta de contrato que inclui aumentos salariais de 25% em quatro anos.
Para resolver o impasse, esta semana, as partes sentaram-se à mesa na presença de mediadores federais, mas os dois dias de negociações terminaram sem sucesso, já que, segundo o sindicato, quarta-feira chegou ao fim "sem progressos significativos".
"Embora estejamos abertos a mais discussões, seja de forma direta ou via mediadores, neste momento, não temos agendadas datas" para novas rondas, indicou o sindicato. "Estamos totalmente comprometidos em lutar pelo contrato que os nossos membros merecem", frisou.
O conflito pode custar à Boeing milhares de milhões de dólares, apertando ainda mais as suas finanças e ameaçando a sua classificação de crédito, segundo analistas.
"É pouco provável que os cortes cubram os custos de uma greve prolongada", afirmou o diretor para a área aeroespacial da S&P Global Ratings, Ben Tsocanos, citado pela Reuters.