Notícia
Aeroporto no Montijo com muito mais impacto na avifauna do que o estimado, diz estudo
Publicado na revista "Animal Conservation", o estudo centra-se no maçarico-de-bico-direito, uma ave que consta na lista de espécies para as quais uma secção do estuário do Tejo foi designada como Zona de Proteção Especial (ZPE).
06 de Abril de 2023 às 20:24
Um aeroporto no Montijo teria muito mais impacto na avifauna do estuário do Tejo do que anteriormente estimado, indica um estudo científico divulgado hoje.
Segundo os investigadores, cerca de 68% dos maçaricos-de-bico-direito seriam afetados, um valor bastante superior aos 6% que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) associado ao projeto aeroportuário estimava.
Publicado na revista "Animal Conservation", o artigo centra-se no maçarico-de-bico-direito (Limosa limosa), uma ave que consta na lista de espécies para as quais uma secção do estuário do Tejo foi designada como Zona de Proteção Especial (ZPE).
É, explicam os autores, um estatuto de proteção enquadrado na Diretiva Aves da União Europeia e adotado pela legislação nacional.
O estudo foi liderado por investigadores do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro (UA), com a contribuição de investigadores da Universidade da Islândia e de East Anglia, no Reino Unido.
Os autores explicam que as aves se deslocam a distâncias consideráveis, dos movimentos diários às migrações sazonais intercontinentais, e que na identificação e quantificação de ameaças a essas espécies nas áreas protegidas os estudos são feitos com animais em locais fixos.
Usando essa forma, diz citado no estudo o investigador do CESAM e da UA Josh Nightingale, corre-se o risco de subestimar a importância do sítio e da ligação entre locais. Os investigadores usaram uma nova abordagem tendo em conta as deslocações das aves.
O estuário do Tejo é um dos locais mais importantes para os maçaricos-de-bico-direito, abrigando dezenas de milhares de indivíduos não só durante o inverno, mas também no período da migração de primavera, dizem os autores, que analisaram os movimentos das aves dentro do estuário entre os anos 2000 e 2020.
Com essa informação, analisaram os efeitos da construção de um aeroporto no Montijo, com aviões a sobrevoar a área protegida a baixa altitude e com uma elevada frequência.
Josh Nightingale frisa no estudo que o EIA estimou que menos de 6% da população do maçarico-de-bico-direito da ZPE seria afetada mas que o que os investigadores descobriram agora é que mais de 68% dos maçaricos que invernam no estuário do Tejo estariam expostos à perturbação causada pelas aeronaves, e 44% considerando apenas os que usam a ZPE.
O estudo demonstra também que as aves seguidas individualmente são muito fiéis a um pequeno número de locais ao longo das suas vidas, pelo que podem não vir a utilizar as novas áreas de habitat eventualmente criadas devido à construção de um aeroporto.
José Alves, investigador principal do CESAM e da UA, diz que a abordagem seguida para calcular a pegada de impacto ambiental pode ser aplicada noutras áreas protegidas.
A construção de um novo aeroporto na região de Lisboa está a ser analisada por uma comissão criada para esse efeito, mas no passado o aeroporto do Montijo já foi dado como certo.
Segundo os investigadores, cerca de 68% dos maçaricos-de-bico-direito seriam afetados, um valor bastante superior aos 6% que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) associado ao projeto aeroportuário estimava.
É, explicam os autores, um estatuto de proteção enquadrado na Diretiva Aves da União Europeia e adotado pela legislação nacional.
O estudo foi liderado por investigadores do Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (CESAM) e do Departamento de Biologia da Universidade de Aveiro (UA), com a contribuição de investigadores da Universidade da Islândia e de East Anglia, no Reino Unido.
Os autores explicam que as aves se deslocam a distâncias consideráveis, dos movimentos diários às migrações sazonais intercontinentais, e que na identificação e quantificação de ameaças a essas espécies nas áreas protegidas os estudos são feitos com animais em locais fixos.
Usando essa forma, diz citado no estudo o investigador do CESAM e da UA Josh Nightingale, corre-se o risco de subestimar a importância do sítio e da ligação entre locais. Os investigadores usaram uma nova abordagem tendo em conta as deslocações das aves.
O estuário do Tejo é um dos locais mais importantes para os maçaricos-de-bico-direito, abrigando dezenas de milhares de indivíduos não só durante o inverno, mas também no período da migração de primavera, dizem os autores, que analisaram os movimentos das aves dentro do estuário entre os anos 2000 e 2020.
Com essa informação, analisaram os efeitos da construção de um aeroporto no Montijo, com aviões a sobrevoar a área protegida a baixa altitude e com uma elevada frequência.
Josh Nightingale frisa no estudo que o EIA estimou que menos de 6% da população do maçarico-de-bico-direito da ZPE seria afetada mas que o que os investigadores descobriram agora é que mais de 68% dos maçaricos que invernam no estuário do Tejo estariam expostos à perturbação causada pelas aeronaves, e 44% considerando apenas os que usam a ZPE.
O estudo demonstra também que as aves seguidas individualmente são muito fiéis a um pequeno número de locais ao longo das suas vidas, pelo que podem não vir a utilizar as novas áreas de habitat eventualmente criadas devido à construção de um aeroporto.
José Alves, investigador principal do CESAM e da UA, diz que a abordagem seguida para calcular a pegada de impacto ambiental pode ser aplicada noutras áreas protegidas.
A construção de um novo aeroporto na região de Lisboa está a ser analisada por uma comissão criada para esse efeito, mas no passado o aeroporto do Montijo já foi dado como certo.