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O dia em que os trabalhadores da PT saíram à rua para gritar contra a gestão da Altice

Cerca de dois mil trabalhadores da PT juntaram-se à manifestação contra as práticas de laborais que estão a ser implementadas pela nova administração da operadora, comprada pela Altice. Há 10 anos que a PT não enfrentava uma greve.

21 de Julho de 2017 às 17:20
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Centenas e centenas de trabalhadores da PT do país uniram-se para gritar a uma só voz à porta da sede da empresa, em Picoas, "esta administração não é solução". As t-shirts negras, com o novo logo e slogan do grupo, mas com o nome da empresa substituído por Aldrabice, espelhavam o sentimento dos trabalhadores no dia da greve geral da empresa.

Há mais de dez anos que os trabalhadores não faziam greve. A última foi em 2006, motivada pelas alterações ao plano de saúde. Hoje, os motivos que levaram os funcionários da dona da Meo a manifestaram-se são " mais graves". "Chegámos a um beco sem saída", desabafou um trabalhador da PT que preferiu não ser identificado.

Aliás, o clima de "medo" e "pressão" foi apontado como um dos factores que levou a muitos dos trabalhadores a não se juntarem á manifestação, segundo os sindicatos e vários trabalhadores que estavam à porta da sede da empresa em Picoas, Lisboa, munidos de dezenas de apitos e tarjas cujas principais mensagens passavam pelos alertas ao Governo para impedir "a destruição da PT Portugal".

As práticas laborais implementadas pela nova administração da PT, comprada pela Altice em Junho de 2015, estão na base dos manifestos, nomeadamente as transferências de trabalhadores para outras empresas do grupo, e não só.

"Eles [administração Altice] pensam que são os donos disto. O exército de Napoleão Bonaparte. E é preciso travar esta situação", apontou Manuel Fernandes, do SINTAVV.

Manuel Fernandes entrou para os quados da PT em 1964. Está reformado desde 2013, e confessa que "é uma grande dor ver o que está a acontecer à empresa".

Outra trabalhadora da Meo, quadro da empresa há 37 anos, sublinhou que a actual situação é "insustentável". E que, "infelizmente", não acredita que irá sofrer alterações por iniciativa da Altice ou da nova líder da Meo, Claudia Goya.

Uma opinião partilhada por quase todos os trabalhadores com quem o Negócios falou, a grande maioria de outras zonas do país, tal como os sindicatos tinham previsto.

O protesto arrancou com cerca de 40 trabalhadores à porta da empresa de manhã. E segundo a Lusa conta já com cerca de 2 mil.

"Apesar de dizer que não são despedimentos, [a transferência dos trabalhadores para outras empresas], irá levar a despedimentos daqui a um ano", período  legal que prevê a  manutenção dos direitos contratuais, alertou outra funcionária das Caldas da Rainha, da área administrativa, que também preferiu não ser identificada.

No início de Junho a Meo transferiu 37 trabalhadores da área informática para a Winprovit, que não pertence à Altice. Agora, prepara-se para transferir mais 118 no dia 22 de Julho: cerca de 22 para a Sudtel 74 para a Tnord, empresas do grupo, e perto de 22 para a Visabeira, segundo os sindicatos.

A legalidade desta medida tem sido questionada pelos sindicatos e até já levou à abertura de uma acção inspectiva por parte da Autoridade das Condições do Trabalho (ACT).

Aliás, a intervenção do Governo, através da alteração da legislação laboral, é a única solução que os trabalhadores vêem para a situação. E é este o pedido que querem fazer de viva voz esta sexta-feira a António Costa. A residência do primeiro-ministro, em São Bento, é o destino final da marcha de protestos dos trabalhadores que partiu de Picoas por volta das 14h30.

O pedido vai ser ouvido? "Esse é o nosso objectivo e esperamos que sim", comentou uma das trabalhadoras afectas ao STPT.

Apesar de sentiram e aplaudirem o apoio que o PCP, o Bloco de Esquerda e o PEV estão a manifestar, "ainda não temos a maioria" para conseguir "travar a situação com a alteração da lei", comentou um jovem trabalhador da PT de Santo António dos Cavaleiros.

 

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