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Estado espanhol avança com compra de até 10% da Telefónica

A decisão acontece numa altura em que a entrada da Saudi Telecom na operadora espanhola gera preocupações ao governo de Pedro Sánchez.

Reuters
Sílvia Abreu silviaabreu@negocios.pt 19 de Dezembro de 2023 às 18:06
O Governo de Espanha autorizou a Sociedade Estatal de Participações Industriais (SEPI), "holding" que gere as participações do estado espanhol, a comprar até 10% da Telefónica. A decisão, aprovada esta terça-feira em Conselho de Ministros, acontece numa altura em que a entrada da Saudi Telecom na operadora espanhola gera preocupações ao governo liderado por Pedro Sánchez.

A aquisição permite à "holding" que gere as participações do estado espanhol tornar-se o acionista maioritário, evitando que os sauditas tenham o controlo (após a aquisição de 9,9% da Telefónica).

O Executivo espanhol destaca que Telefónica é "uma das principais empresas do país", tendo um "papel-chave" no setor das telecomunicações e outros âmbitos estratégicos. 
"A presença de um acionista público na Telefónica significa um reforço da estabilidade e, como consequência, permite preservar as capacidades estratégicas e essenciais para o interesse nacional", justifica o Executivo, em comunicado. 

Numa nota enviada à CNMV, entidade semelhante à CMVM, a SEPI diz que dará seguimento aos passos necessários  para "colocar em marcha o processo para, minimizando o impacto na cotação, concluir a aquisição do volume de ações necessário". 

O governo espanhol dá, assim, resposta aos sauditas, que em setembro anunciaram a compra de 9,9% da Telefónica por 2,1 mil milhões de euros. O negócio foi feito através da aquisição de 4,9% de ações representativas e de outros instrumentos financeiros, que conferem à Saudi Telecom uma exposição económica sobre outros 5% do capital social da Telefónica.

Estes 5% permitiriam à operadora saudita obter os direitos de voto correspondentes "mediante a liquidação física dos referidos instrumentos financeiros após a obtenção das autorizações regulatórias necessárias", de acordo com a informação comunicada na altura ao regulador espanhol. Mas para fazê-lo teria de passar pelo crivo do Estado, que rapidamente mostrou preocupação em ver um ativo como a Telefónica nas mãos dos sauditas.

O governo espanhol refere ainda que a entrada no capital da empresa "está em linha" com o que se verifica em outros países europeus. "A Alemanha detém 13,8% do capital da Deutsche Telekom, França dispõe de 13,4% na Orange, e Itália adotou um acordo para aumentar a sua participação até 20% na empresa que agrega os ativos da rede fixa da Telecom Italia".

A Saudi Telecom, que é maioritariamente detida pelo fundo soberano da Arábia Saudita, é uma das entidades interessadas em comprar a dona da Meo, segundo a Bloomberg. Ao Negócios, fonte oficial do gabinete do secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa garantiu estar atento aos desenvolvimentos no setor e que, caso venha a ser formalizada uma proposta, "a mesmo será analisada à luz do quadro legal vigente, com o necessário envolvimento das competentes entidades reguladoras".

(Notícia atualizada às 18h45)
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