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Cerca de 40 trabalhadores da PT/Meo protestam em defesa dos postos de trabalho

Cerca de 40 trabalhadores e sindicalistas da PT/Meo protestaram hoje junto da Presidência do Conselho de Ministros, em Lisboa, em defesa dos postos de trabalho e apelando para o Governo recebê-los para discutir a situação da empresa.

Miguel Baltazar/Negócios
17 de Agosto de 2017 às 15:38
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Em declarações à Lusa, Francisco Gonçalves, da Comissão de Trabalhadores da Meo, explicou que os trabalhadores estão "em protesto púbico há quarenta dias", desde o dia 7 de Julho, quando fizeram a primeira acção à porta do Ministério do Trabalho e que continuam "empenhados em ser recebidos pelo senhor primeiro-ministro [António Costa]".

"(...) o futuro da própria empresa é importante demais para que o Governo não intervenha nesta empresa no sentido de ela manter os postos de trabalho, efectivos e com direitos, e fazer o seu papel em termos sociais, que é prestar bons serviços aos clientes a preços justos e dar a sua contribuição para as receitas do Estado", disse um sindicalista durante a concentração organizada pelas Estruturas de Representação Colectiva dos Trabalhadores (ERCT) da PT, que juntou comissão de trabalhadores e vários sindicatos.

E prosseguiu: "Se estas grandes empresas não fizerem o seu papel social podem ter a certeza que no fim quem vai pagar isto são os consumidores. Estes vão pagar mais por um serviço com menos qualidade e são os contribuintes [que vão pagar] porque se o Estado não tiver receita faz o aumento de impostos, que é a única forma que os Estados sabem fazer para receber dinheiro".

Já Paula Santo, deputada do PCP, considerou que aquilo que se está a passar na PT "é profundamente inaceitável".

"É inaceitável a pressão e a chantagem sobre os trabalhadores para a rescisão dos contratos. Inaceitável o facto de se porem trabalhadores em salas colocando-os sem funções ou, então, em funções que não são correspondentes à sua categoria profissional", reforçou.

Além disso, para Paula Santos "é inaceitável a fraude que está a ser utilizada por parte da Altice para levar acabo o despedimento de um conjunto significativo de trabalhadores da PT", advertindo que é "necessária uma intervenção urgente" para garantir os direitos e a salvaguarda dos postos de trabalho dos trabalhadores.

Os trabalhadores e sindicalistas presentes entendem que "é urgente" uma intervenção na empresa, mas numa perspectiva de salvaguardar também o interesse nacional, e consideram que é imperioso que o Governo "ponha termo ao conjunto de intenções por parte da Altice e que retome o controlo público da PT".

Apesar de hoje não se ter realizado a habitual reunião do Conselho de Ministros, uma delegação entregou uma carta dirigida ao primeiro-ministro, António Costa, em que pede uma reunião sobre a situação laboral nas empresas da PT Portugal, nomeadamente na Meo.

Nela se pode ler que as ERCT da PT continuam "muito preocupadas com a situação laboral na PT Portugal, consequência da gestão da Altice, nomeadamente com o desrespeito sistemático dos direitos dos trabalhadores, o ataque aos postos de trabalho e a própria continuidade da PT Portugal por via do seu desmembramento cirúrgico".

Na quinta-feira da semana passada, cerca de quatro dezenas de trabalhadores e sindicalistas da PT/Meo protestaram no mesmo local contra a transferência compulsiva de funcionários para outras empresas e prometeram mais "luta", quando perceberam que o primeiro-ministro não ia receber os seus representantes.

As preocupações com a situação da operadora de telecomunicações passa pelas cerca de 1.400 rescisões contratuais em dois anos, pelos cerca de 300 trabalhadores que ficaram sem funções, a que se junta a mudança de mais de 150 funcionários para empresas do grupo da multinacional de comunicações e conteúdos, que detém a PT Portugal, recorrendo à figura de transmissão de estabelecimento.

Já em 21 de Julho, mais de 2.000 funcionários e activistas da operadora adquirida pela multinacional francesa Altice marcharam, em dia de greve, entre a sede da PT, nas Picoas (Lisboa), e a residência oficial do chefe de Governo, em São Bento, mas foram recebidos por um assessor de António Costa para os assuntos financeiros.

O executivo socialista tem defendido a intervenção da Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) para averiguar da legalidade da situação, mas aquela entidade, segundo representantes sindicais que com ela se reuniram, terá reconhecido constrangimentos para actuar em concreto sem que a legislação seja alterada.
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