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Antiga estação da Marconi em Vendas Novas pode ser salva?

O complexo da antiga Companhia Portuguesa Rádio Marconi em Vendas Novas foi uma importante estação de comunicações internacionais, mas hoje está desactivado e devoluto, querendo o município uma solução para preservar o seu valor patrimonial.

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18 de Outubro de 2015 às 12:00
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Construída nos anos 40, a estação receptora de Vendas Novas, situada a poucos quilómetros da cidade, no distrito de Évora, não passa despercebida a quem circula na Estrada Nacional (EN) 4, pela quantidade de antenas de grandes dimensões ainda instaladas no local.


No interior do recinto, além das antenas, existe "meia dúzia" de habitações, que davam apoio aos funcionários, e a Igreja de São Gabriel, padroeiro das comunicações, cujos vitrais foram pintados por Almada Negreiros.

"É um conjunto patrimonial único", que tem "uma série de casas pré-coloniais e uma capela que possui uma arquitectura completamente 'sui generis' e o único trabalho de Almada Negreiros em todo o Alentejo", conta à agência Lusa o presidente da Câmara de Vendas Novas, Luís Dias.

O autarca alentejano diz que este património "é uma preocupação constante do município", por estar "devoluto", lamentando não ter "condições para o comprar" e desenvolver um projecto de interesse municipal.

"Não havendo esse dinheiro, o que nos resta é mediar as negociações com eventuais investidores privados que rentabilizem e preservem aquele património", afirma, revelando que "há interesse" de investidores turísticos.

Reforçando a importância do complexo, Luís Dias indica que, no âmbito do novo quadro comunitário, "foi mapeado pela Direcção Regional de Cultura do Alentejo como de interesse regional e nacional", o que significa que, "para efeitos de investimentos futuros, pode vir a receber [apoio de] fundos comunitários".

A contrastar com a actual situação, houve tempos em que a infraestrutura assumiu "um papel importante" no país, porque "fez parte da rede estratégica nacional de comunicações", assinala o autarca alentejano.

Contudo, realça que a estação foi descontinuada "há já alguns anos" pela Portugal Telecom (PT), que "herdou" o complexo da Marconi, porque "deixou de ser necessária" com a "introdução de novas tecnologias".


Fonte oficial da PT explica à Lusa que, "por motivos de evolução tecnológica, a estação foi desactivada em 2013 e feito o pedido de levantamento de servidão radioeléctrica", que só foi aprovado em Setembro pelo Governo.

"Iremos agora proceder a uma análise para definir a melhor adequação aos interesses da população de Vendas Novas e da PT", acrescenta a fonte da empresa.

Do outro lado da EN4, "nasceu" um bairro que "adoptou" o nome da estação e onde mora quase uma centena de pessoas, entre as quais João António Facadas, que ainda se recorda do complexo em pleno funcionamento.

"Tinha muitos empregados, cerca de 30. E tinha muitas torres por aí fora, mas já arrancaram tudo", lembra, lamentando o abandono das casas que "estão impecáveis" e da igreja que tem "uns quadros muito bonitos de Almada Negreiros".

Também Manuel Joaquim Henriques, "vizinho" da estação há cerca de 50 anos, "reprova" o alegado abandono do complexo. "É pena, mas então a vida é assim", diz.

"Até acho que se podia fazer muita coisa. Até se podia fazer, como fazem agora, um turismo rural", propõe, considerando que, se o espaço tivesse alguma utilidade, o bairro "era outra coisa".

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