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Engenheiro da Google passou de estagiário a pária

No decorrer de apenas alguns dias, o engenheiro do Google demitido na segunda-feira pelo seu memorando de 3.300 palavras sobre as diferenças de género e a indústria da tecnologia tornou-se um ponto de convergência para quase todos: um pária para alguns, um mártir para outros.

Reuters
12 de Agosto de 2017 às 18:00
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James Damore trabalhou como engenheiro de software na sede da gigante de pesquisa em Mountain View até segunda-feira, 7 de Agosto, à tarde, quando disse ter sido demitido por "perpetuar estereótipos de género" no seu manifesto. O documento foi publicado internamente para os funcionários do Google e argumentava que as visões conservadoras são suprimidas no Google e que as diferenças biológicas explicam, em parte, porque é que há mais homens do que mulheres trabalhando em engenharia de software.

 

Muitas pessoas de Silicon Valley denunciaram os argumentos de Damore, inclusive o CEO do Google, Sundar Pichai, que afirmou num memorando aos funcionários que o manifesto do engenheiro violou o Código de Conduta do Google e que sugerir que "um grupo de nossos colegas tem características que os tornam menos adequados biologicamente para esse trabalho é ofensivo e não está bem".

 

Mas outras pessoas - principalmente de grupos de direita - concordaram com a descrição de uma "monocultura politicamente correcta" e, em particular, viram a decisão do Google de demiti-lo por expressar uma opinião impopular exactamente como algo que prova o seu ponto de vista. Julian Assange partilhou no Twitter que o WikiLeaks contrataria Damore, acrescentando que "censura é para os perdedores". A Gab.ai, uma rede social de extrema-direita, também ofereceu emprego a Damore, considerando o seu texto de "uma bela obra de arte". Outros apoiantes conseguiram captar mais de 5.000 dólares numa campanha de crowdfunding para ajudar Damore a defender-se do despedimento.

 

Damore disse que actualmente está a analisar todos os recursos legais. Apresentou uma queixa contra a subsidiária da Alphabet no Conselho Nacional de Relações de Trabalho dos EUA alegando que foi alvo de "afirmações coercivas".

 

Damore explicou num vídeo na internet que escreveu o memorando por achar que a cultura do Google precisa de uma revisão.

 

"Muito disto veio do facto de ver alguns problemas com a nossa cultura no Google, empresa em que muitas pessoas que não faziam parte desse pensamento de grupo se sentiam totalmente isoladas e marginalizadas", disse, numa entrevista ao youtuber Stefan Molyneux. "Muitas pessoas disseram-me: estou a pensar em deixar o Google porque isto está a tornar-se muito mau."

 

No vídeo, o engenheiro de software revelou que a inspiração para criar o documento - parcialmente redigido durante um voo de 12 horas para a China a trabalho - veio após a participação num treino secreto sobre diversidade que o irritou.

 

"Havia muita tentativa de gerar vergonha: ‘não, não pode dizer isso. Isso é sexista.’ Há muita hipocrisia em muitas coisas que diziam", afirmou. "Eu resolvi fazer o documento para esclarecer os meus pontos de vista."

 

Após terminar um mestrado em 2013, Damore entrou no Google como estagiário de Verão, segundo o seu perfil no LinkedIn. Foi contratado após o estágio e trabalhou na empresa durante cerca de quatro anos como engenheiro de software. Quando foi demitido, Damore era um funcionário de nível cinco no sistema interno de classificação do Google, de 10 níveis, segundo duas pessoas com conhecimento do assunto, que pediram anonimato porque o assunto é privado.

(Texto original: Damore Went From Intern to Pariah in Google Tenure Ended by Memo)

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