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China bloqueia maior fusão de sempre no sector dos "chips"
O negócio que foi anunciado há quase dois anos colapsou devido ao chumbo do regulador chinês, numa decisão que é vista como uma retaliação à guerra comercial iniciada por Donald Trump.
A aquisição da holandesa NXP Semiconductors por parte da norte-americana Qualcomm não vai acontecer uma vez que os reguladores chineses não deram "luz verde" aquela que era a maior fusão de sempre no sector dos "chips".
Foi em Outubro de 2016 que a Qualcomm anunciou o negócio de 44 mil milhões de dólares para comprar a NXP, tendo desde então aguardado pelas autorizações de diversos reguladores um pouco por todo o mundo.
Faltava a "luz verde" da China que nunca chegou, pelo que ambas as partes decidiram cancelar o negócio. O prazo do acordo para a fusão acabava esta quarta-feira.
"Obviamente fomos apanhados em algo superior a nós", disse o CEO da Qualcomm, referindo-se ao agravar das relações entre a China e os Estados Unidos, sobretudo a nível comercial.
Ainda assim o desfecho desta operação acaba por surpreender, uma vez que Donald Trump tinha decidido em Maio cancelar a proibição da operadora chinesa ZTE de fazer negócios com empresas norte-americanas.
A China já rejeitou que o chumbo dos reguladores esteja relacionado com o agravar das relações do país com os Estados Unidos. "No meu entendimento este caso está relacionado com regras anti-monopolistas e nada tem a ver com a fricção nas relações comerciais entre os EUA e a China", disse o porta-voz do ministro do Comércio chinês. Acrescentou também que a China não pretende uma guerra comercial, mas não tem medo que tal aconteça.
Parece certo que a Qualcomm, que no ano passado obteve dois terços das receitas na China, é até agora uma das principais vítimas da guerra comercial sino-americana. Além do fim do negócio, terá de pagar 2 mil milhões de dólares à empresa que pretendia comprar. Mas a NXP e os seus accionistas (dois terços do capital é detido por "hedge funds") também são fortemente afectados, sendo que as acções da cotada caem cerca de 11%.
Em alternativa ao negócio, a Qualcomm já tinha anunciado que iria investir 30 mil milhões de dólares na aquisição de acções próprias.
O sector das fabricantes de "chips" tem registado fortes movimentações nos últimos tempos. Este ano a administração dos EUA bloqueou a intenção da Broadcom comprar a Qualcomm.