Notícia
Apple lança serviços de vídeo, notícias, jogos e cartão de crédito
A empresa da maçã quer transformar-se numa empresa de serviços digitais e ficar menos dependente da venda de aparelhos, tendo hoje dado o primeiro grande passo nesse sentido.
Ao contrário do que acontece na grande maioria de eventos da Apple, desta vez a empresa não revelou qualquer novo aparelho. Mas nem por isso a apresentação que decorreu esta segunda-feira no Steve Jobs Theater deixou de ter relevância.
Pelo contrário. A Apple lançou quatro novos serviços: streaming de vídeo, notícias, jogos e cartões de crédito. Como assinalou a Bloomberg, áreas chave da estratégia da Apple para se transformar numa empresa líder nos serviços digitais, numa altura em que o crescimento das vendas do iPhone e outros aparelhos da empresa está a estagnar.
Apesar de estar a entrar nestes negócios, onde a concorrência é feroz, a Apple parte com uma grande vantagem. Os serviços que lançou vão estar disponíveis nas pontas dos dedos dos utilizadores de mais de 1,4 mil milhões de aparelhos da marca.
Para já estas novas apostas não entusiasmaram os investidores, pois as ações recuam cerca de 2% já depois de terminado o evento. Em março acumulavam um ganho em redor de 10% devido à expectativa sobre a nova oferta de serviços da empresa da maçã.
Esta não é a estreia da Apple na oferta de serviços, mas está a ser vista como a entrada oficial e em força da empresa neste segmento. No ano passado os serviços da Apple (que incluem a App Store e o iCloud) geraram 37,1 mil milhões de dólares de receitas, um crescimento de 24% mas que representou apenas 14% no total de receitas (265,6 mil milhões de dólares).
Estes são os detalhes revelados esta segunda-feira:
Aposta na TV para concorrer com Netflix e Amazon
O vídeo é a grande aposta da Apple e o objetivo passa por concorrer em força com o Netflix e a Amazon, que têm tido grande sucesso no negócio do streaming de conteúdos de televisão. A Apple pretende oferecer conteúdos originais (filmes, séries e programas), mas também de outros produtores, como a HBO, para ter escala para concorrer com os players já instalados no mercado e com milhões de clientes.
Numa apresentação que contou com a presença de diversas estrelas de Hollywood e do entretenimento - Jennifer Aniston, Reese Witherspoon, Oprah Winfrey, Steven Spielberg, Steve Carell, Jason Momoa, entre outros – a empresa lançou a Apple TV+, que altera de forma significativa a atual Apple TV, em termos de funcionalidades e design.
É na nova app Apple TV+ que vão estar disponíveis os conteúdos que a Apple vai produzir, bem como os de terceiros. Através do novo Apple Channels, os consumidores terão acesso a conteúdos da HBO, Epix, Starz e Showtime. Também haverá conteúdos desportivos e direcionados para as crianças.
A nova Apple TV está disponível em todos os aparelhos Apple a partir do próximo mês de maio, mas também nas televisões inteligentes da Sony, Samsung, Vizio e LG.
Na apresentação, foram revelados alguns dos conteúdos originais que vão estar disponíveis no serviço da Apple, como a série The Morning Show, com Reese Witherspoon e Jennifer Aniston; e uma série produzida por Steven Spielberg: Amazing Stories. Oprah Winfrey vai ter dois documentários.
Os preços destes novos serviços na área da televisão não foram revelados. A Netflix cobra entre 8,99 e 15,99 dólares por mês. O valor que a Apple vai cobrar só será conhecido mais para o final do ano, sendo que o serviço estará disponível em mais de 100 países no outono e não terá publicidade.
Serviço de notícias com 300 publicações
A Apple acaba de anunciar um novo serviço de subscrição de notícias, o Apple News+, um pacote com conteúdos de mais de 300 publicações que terá um custo mensal de 9,99 dólares. O primeiro mês é grátis.
O novo serviço estará incorporado na aplicação já existente, a Apple News, que vem pré-instalada nos iPhones, iPads e Macs. Numa primeira fase, o serviço estará disponível apenas nos Estados Unidos e no Canadá, e deverá ser alargado à Austrália e Reino Unido ainda este ano.
Entres as publicações que vão integrar este novo serviço contam-se o The Wall Street Journal e o Los Angeles Times, mas não o The Washington Post ou o The New York Times. A Bloomberg Businessweek, por exemplo, integrará a secção de revistas.
O serviço Apple News+ baseia-se numa aplicação chamada Texture, que a Apple adquiriu há cerca de um ano, e que tem acordos com mais de 200 publicações.
Os conteúdos que serão apresentados aos subscritores – e que podem ser descarregados para uma leitura offline – não terão publicidade, e a Apple não permitirá aos anunciantes seguirem a atividade dos utilizadores para efeitos de segmentação.
Arcade: o novo serviço de jogos
Entre as novidades apresentadas pela Apple esta segunda-feira conta-se também um serviço de subscrição de jogos, o Arcade, que incluirá jogos de realidade aumentada (AR) e multi-player, que permitem vários jogadores em simultâneo.
A fabricante do iPhone disse estar a trabalhar com a Walt Disney, a Sega e a Annapurna Interactive neste novo serviço, que contará com mais de 100 novos títulos e que funcionará no iPad, Mac e Apple TV.
Os jogos funcionarão offline e não estarão disponíveis noutras plataformas. Além disso, não terão anúncios nem a funcionalidade de compras integradas, e permitirão aos pais controlarem o tempo que os filhos passam em frente ao ecrã. O serviço estará disponível neste outono em mais de 150 países.
"Queremos que jogar seja ainda melhor", afirmou o CEO da Apple, Tim Cook, durante a apresentação do novo serviço da empresa, que diz que a categoria de jogos é a mais popular da App Store, e que o iOS é a maior plataforma de jogos do mundo.
Cartão de crédito em parceria com o Goldman
A Apple juntou-se ao Goldman Sachs para lançar um cartão de crédito. O Apple Card vai funcionar apenas nos Iphone e está ligado ao Apple Pay, um serviço já disponível para os clientes da companhia e que permite o pagamento de compras online e em várias lojas físicas, como o Starbucks.
O Apple Card não terá comissões anuais, nem gastos associados a transações efetuadas no estrangeiro. Além do cartão virtual no Apple Pay, este cartão de crédito também terá uma versão física, para ser utilizado nos locais onde o sistema da Apple não for aceite.
Há também um sistema de incentivos para a utilização do cartão, com a devolução de 2% do valor em compras realizadas com o Apple Pay e 3% no caso de gastos na Apple Store.
Na apresentação deste novo serviço, a vice-presidente da Apple, Jennifer Bailey, garantiu que a empresa e o Goldman Sachs não vão partilhar dados dos clientes com os parceiros e anunciantes.
A Bloomberg assinala que a Apple já está presente no segmento de pagamentos eletrónicos, mas é com esta parceria com o Goldman que aposta forte no segmento do crédito ao consumo, onde existe uma grande concorrência no mercado norte-americano.