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Tuizzi, entre o aumento de capital e a venda
À procura de novos investidores, a tecnológica portuguesa ambiciona concretizar uma nova injecção de capital para alimentar o seu crescimento internacional, com Angola, Colômbia e EUA na mira.
Juntaram todas as poupanças que tinham e arriscaram. Nem todos os dias foram bons, mas a persistência trouxe-os até aqui. A Tuizzi é uma das start-ups portuguesas que está a dar cartas pelo mundo na área da publicidade exterior. Afonso Santos (na foto), um dos fundadores da empresa, admite existirem dois caminhos de futuro: ou injecção de capital ou venda da empresa para algo maior.
Para explicar o que fazem, Afonso Santos rapidamente diz: "arrancámos como sendo um Booking.com para a publicidade no exterior", onde é possível ver as localizações de publicidade, os preços, e reservá-las. Para chegar a esta fase gastaram as poupanças que tinham e investiram na participação num concurso em Londres. "Fomos participar no ‘Start-up Games’ e, a concorrer com 400 empresas, ficámos em segundo lugar", recorda Afonso Santos. Este concurso correu tão bem que o Afonso ficou mais uma semana na capital do Reino Unido para fazer contactos. "Sai de lá com três propostas de investimento", recorda.
A história que tem para contar é de sucesso, mas Afonso Santos não tem pudor em dizer: "investimos os três uns 150 mil euros, tivemos dois anos sem ordenados, a viver em casa dos pais... há muitas pessoas que, com os problemas que tivemos, tinham desistido".
Este empresário admite que "os portugueses acreditam pouco nos portugueses" e, nessa medida "foi preciso validarmos fora do País" o projecto. Mas a opção dos três fundadores – Afonso Santos, Álvaro Ferreira e Hélder Fernandes – recaiu sobre investidores portugueses.
Menos de três anos depois, a Tuizzi já não é só "um Booking, agora somos mais um AirBnB", onde já é possível não só reservar como também comprar publicidade exterior. "Fui viver para Inglaterra, estamos em negociações para Angola, Colômbia e abrimos no Texas, em São Francisco e Nova Iorque".
Afonso Santos diz que agora é necessário dar o salto e para isso é necessário mais capital. "Ainda temos dinheiro, mas estamos à procura de uma nova ronda de investimento e já temos interessados". O objectivo é tomar a decisão até ao final do ano. Contudo, com o potencial da empresa e o crescimento do mercado, Afonso não exclui a aquisição da empresa. "Quando chegar a proposta certa, claro que estamos interessados", conclui.
Para os empreendedores que estão a começar agora, o co-fundador da Tuizzi aconselha a não constituir nenhuma empresa no início. "Só devemos criar uma empresa quando já estivermos a facturar, porque isso tem um custo muito elevado". Mais do que o dinheiro, "o importante é ter uma boa equipa". A Tuizzi recorreu a fundos do QREN e o balanço foi negativo. "Correu muito mal, não usem o QREN, é muito difícil", diz, frisando que uma das lições mais importantes que aprendeu foi o facto de o investimento arrecadado "servir para investir no crescimento e não na facturação... e não era assim que pensava".
Afonso Santos garante que "existe muito dinheiro para apoiar", mas os empreendedores "não devem fazer nada que o cliente não esteja disposto a pagar". Agora com visão de futuro, Afonso admite que são precisas "pessoas que já falharam para nos ensinar".