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Pequenas empresas portuguesas começam a explorar nova tendência de financiamento

Quando os fundadores da empresa portuguesa Sensei precisaram de financiamento para a sua start-up, não foram a um banco. Preferiram recorrer a uma empresa de retalho alimentar.

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30 de Junho de 2018 às 19:00
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A Sensei, cujo algoritmo ajuda o comércio a retalho a detectar prateleiras vazias e a movimentação de clientes nas lojas em tempo real, assegurou 600 mil euros na chamada fase pré-semente com investidores como a retalhista alemã Metro e a portuguesa Sonae. Em troca, as empresas de retalho receberam participações na start-up.

"Os bancos são avessos ao risco quando se trata de empreendimentos", disse Vasco Portugal, CEO da Sensei e investigador do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês), numa entrevista. "Quando se está a começar, é difícil alinhar fluxos de caixa a uma estrutura de pagamento de financiamentos. Além disso, os investidores trazem uma experiência incalculável que vai além do capital."

 

O modelo da Sensei pode ser adoptado cada vez mais por outras pequenas e médias empresas que formam a espinha dorsal da economia portuguesa - apenas 1.038 entre 1,2 milhões de empresas do país não entraram na categoria em 2016. Num período em que os bancos estão a tentar "desfazer-se" de crédito malparado, têm demonstrado relutância em conceder novos empréstimos a empresas com históricos curtos, levando estas entidades a procurar outras formas de financiamento.

 

Altamente alavancada

Quatro anos depois de ter saído do programa de resgate internacional, Portugal ainda é uma das economias mais alavancadas da União Europeia, com uma dívida privada de mais de 170% do produto interno bruto. O legado do crédito malparado, principalmente do sector empresarial – responsável por cerca de dois terços dos empréstimos de liquidação duvidosa - continua a ser uma das principais fraquezas dos bancos.

 

Segundo uma declaração conjunta de Junho da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu, o alto índice de empréstimos com liquidação duvidosa "dificulta uma alocação mais eficiente de recursos no sector corporativo e, portanto, enfraquece o crescimento potencial".

 

Isto está a fazer com que as empresas tentem lucrar com a recuperação da economia da região e procurem cada vez mais outras fontes de financiamento.

 

Albano Fernandes, fundador e CEO da fabricante de calçados AMF Safety Shoes em Guimarães, no norte de Portugal, decidiu transformar a sua empresa e concentrar-se na produção de calçados técnicos para trabalhadores em 2005. Em vez de pedir um empréstimo, vendeu uma participação de 50% a um sócio, comprometendo-se a reinvestir os recursos na empresa. A AMF estima que as vendas aumentarão mais de 20% este ano, para 14 milhões de euros, e quer ter cerca de 20 milhões de euros em receitas nos próximos cinco anos.

 

A economia portuguesa cresceu 2,7% em 2017, o melhor ritmo desde 2000. Os novos empréstimos bancários às empresas ainda estão abaixo do nível de 2014, quando o país deixou o programa de resgate internacional, embora os empréstimos para grandes empresas estejam a mostrar sinais de recuperação em relação ao ano passado. Enquanto isto, os empréstimos hipotecários e ao consumidor aumentaram.

(Texto orignal: Small Portuguese Firms Are Starting a New Trend)

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