Notícia
Esmagadora maioria das mulheres em Lisboa diz estar aquém das suas ambições financeiras
Quase quatro em cada 10 considera que o seu salário não é justo, 42% tem apenas conhecimentos básicos de literacia financeira e metade não tem qualquer contribuição para as decisões financeiras no seu contexto profissional.
Uma esmagadora maioria das mulheres (81,9%) em Lisboa diz estar aquém das suas ambições financeiras e quase 40% considera que o salário que recebe atualmente não é justo, tendo em conta as suas capacidades e funções exercidas, mas apenas duas em cada 10 sentem que o facto de serem mulheres tem implicações nesta matéria.
"Pormaior": Das que não consideram o seu salário justo, 37% confessa nunca ter tentado negociá-lo.
Estas são algumas das conclusões da segunda edição do relatório "Women & Wealth – Literacia Financeira no Feminino", que é lançada esta quinta-feira, 5 de dezembro, pela comunidade Portuguese Women in Tech (PWIT).
Com base num inquérito a 138 mulheres a residir no distrito de Lisboa, concluiu também que 42% considera ter apenas conhecimentos básicos relacionados com literacia financeira, com apenas uma em cada 10 a afirmar ter conhecimentos avançados neste âmbito.
Seis em cada 10 mulheres dizem já ter tido pelo menos uma ideia de negócio, mas não avançaram, alegrando desafios a nível financeiro (53,4%), falta de segurança (51,7%), ou por falta de conhecimento ((43,1%).
Ainda houve quem afirmasse que não foi levada a sério por ser mulher (10,3%).
"Mesmo entre a fatia das mulheres que conseguiram concretizar a sua ideia de negócio (11,4%), 80% continua a assumir-se aquém das suas ambições financeiras", realça a PWIT, em comunicado.
No contexto profissional, metade das mulheres questionadas diz não ter qualquer contribuição para as decisões financeiras na sua empresa ou naquela onde trabalha, sendo que apenas 11,6% lidera as responsabilidades neste contexto.
Dentro da fatia que representa as mulheres que dizem ser as principais responsáveis pelas decisões financeiras na sua empresa, 37,5% assume ter apenas conhecimentos básicos relacionados com literacia financeira e 6,3% chega mesmo a admitir não ter quaisquer conhecimentos.
A nível pessoal, 44,2% das mulheres inquiridas indicaram ser as principais responsáveis pelas decisões financeiras no seu agregado familiar, enquanto 55,1% disse que partilha essas decisões.
"Ainda assim, entre as mulheres que afirmam ser as principais decisoras nestas questões, 32,7% assume ter apenas conhecimentos básicos no que diz respeito a literacia financeira", sublinha a PWIT.
"A falta de literacia é um obstáculo considerável"
"Os resultados desta 2.ª edição do relatório ‘Women & Wealth’ mostram que a grande maioria das mulheres tem ambições financeiras mais elevadas do que aquelas que conseguiu atingir, sendo que acredito que a falta de literacia se torna num obstáculo considerável para muitas delas", afirma Inês Santos Silva, cofundadora da PWIT.
"Tanto a falta de conhecimento como a consequente falta de segurança acabam por se refletir em diversos contextos, quer em questões como negociar salário e avançar com ideias de negócio, como na dificuldade em participar ativamente nas decisões financeiras, seja no âmbito profissional ou familiar", observa.
"Ao promover a literacia financeira no feminino, não estamos apenas a promover igualdade de oportunidades, mas a criar condições para que cada mulher possa transformar as suas ambições em realidade", acredita Inês Santos Silva, considerando que "esta jornada de empoderamento feminino é crucial e terá impactos profundos ao nível do desenvolvimento económico e social".
O inquérito foi realizado entre os dias 20 de maio e 19 de julho de 2024 a 138 mulheres, dos 23 aos 57 anos, a residir no distrito de Lisboa.
Depois das edições no Porto, em 2023, e em Lisboa, em 2024, a conferência "Women & Wealth" deverá regressar ao Porto em março de 2025.
A PWIT foi fundada em abril de 2016, pelas mãos de Liliana Castro e de Inês Santos Silva, com uma dupla missão: "Atrair mais mulheres e raparigas para a tecnologia, assim como apoiar as mulheres nesta área - dando-lhes visibilidade, oportunidades de ‘networking’, mentoria, formação, entre outros."