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Carlos Silva: "As crises são a melhor altura para lançar uma start-up"

“A maior parte das startups que são hoje empresas muito conhecidas nasceram durante crises económicas. A Microsoft é um exemplo”, sublinha Carlos Silva, presidente e chief operating officer da Seedrs.

Miguel Baltazar/Negócios
25 de Março de 2014 às 00:01
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Como avalia os apoios em Portugal às start-ups?

 

O que está a ser feito no Reino Unido tem sido exemplar. Uma das coisas que tem ajudado imenso são os benefícios fiscais para quem investe em start-ups. O Seed Investment Scheme permite a qualquer pessoa que investe numa start-up deduzir à colecta de impostos 50% do capital investido. Se o negócio falhar, consegue mais 30%. Na prática, pode recuperar até 80% do investimento realizado.

 

E a tributação das mais-valias como funciona?

 

Estão isentas de imposto desde que as acções sejam detidas por mais de um ano. Estamos a falar de uma medida que tem impacto quase zero ao nível orçamental. São valores muito diminutos. Isto a nível directo, porque a nível indirecto tem um impacto muito positivo, porque são mais empregos que se criam, mais impostos que as empresas pagam.

 

Há alguns benefícios fiscais em Portugal, mas apenas para "business angels" certificados. Por que é que uma pessoa normal que investe numa start-up não há-de ter também esse benefício fiscal? Este tipo de apoio, que incentiva o financiamento privado, é o ideal. Iniciativas do Governo a tentar decidir quais as start-ups que vão ser bem sucedidas criam um enviesamento no mercado, porque acabam por promover os mais eficientes a lidar com a burocracia dos fundos europeus ou governamentais.

 

E a tributação das mais-valias como funciona?

 

Tudo o que sejam incentivos fiscais ao investimento, medidas para diminuir a burocracia, isenções de impostos e segurança social nos primeiros dois ou três anos, tudo isso são coisas que facilitam a criação da empresa. Facilita naqueles primeiros anos em que as coisas são um bocadinho caóticas. As pessoas também estão a aprender exactamente como é que se tem de mexer do ponto de vista contabilístico e legal. Isso tem dado muitos bons resultados no Reino Unido. Acho que era importante fazermos o mesmo.

 

As universidades podiam fazer mais?

 

As universidades têm feito muita coisa nesse sentido, mas ainda há um longo caminho a percorrer. Há iniciativas da sociedade privada para criar incubadoras e aceleradoras em Portugal, mas também na Europa. Se calhar precisam de algum tempo de maturação para serem mais eficazes. Mas o problema não está aí.

 

O elevado desemprego jovem pode ser um factor que leve à criação de mais start-ups?

 

Completamente. Quando arrancámos, muita gente nos perguntava: 'Porquê agora, no meio de uma crise'? O Lehman tinha acabado de falir. As crises são a melhor altura para lançar uma start-up. Primeiro, porque para quem está desempregado, o custo de oportunidade é muito menor. Não tem grande coisa a perder e tudo a ganhar. Depois porque o mercado se vira muito mais para a procura de eficiências. Esse é um terreno muito fértil, justamente porque as start-ups são boas a entregar mais eficiência.

 

A maior parte das startups que são hoje empresas muito conhecidas nasceram durante crises económicas. A Microsoft é um exemplo.

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