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Quando os mais jovens inovam
O que têm em comum Tiago Marques e Someia Umarji? Ambos tinham ideias para lançar o seu próprio projecto empresarial e precisavam de apoios para o conseguir. A solução acabou por vir do programa Finicia Jovem. Esta é uma iniciativa do Instituto Português da...
20 de Agosto de 2009 às 14:56
Uma parceria entre duas instituições públicas possibilitou a Tiago Marques e a Someia Umarji concretizarem o sonho de lançarem o seu próprio negócio. Saiba como funciona e a quem se destina o programa Finicia Jovem e o que dizem dois empreendedores que já passaram pela experiência.
O que têm em comum Tiago Marques e Someia Umarji? Ambos tinham ideias para lançar o seu próprio projecto empresarial e precisavam de apoios para o conseguir. A solução acabou por vir do programa Finicia Jovem. Esta é uma iniciativa do Instituto Português da Juventude (IPJ) e do Instituto Português de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI), que se destina, precisamente, a apoiar iniciativas de jovens empreendedores como Tiago Marques e Someia Umarji (ver caixas).
"[O programa] surgiu de um encontro de oportunidades, de identificação de procura. O IAPMEI desenvolve há muitos anos uma oferta no âmbito do empreendedorismo, nas suas diversas vertentes, como a inovação e a análise de projectos. Contudo, o cliente habitual do IAPMEI é o empreendedor que, de alguma forma, já está com a sua vida instalada, lida com empresas constituídas ou em vias de constituição e não propriamente com o espírito empreendedor ainda na sua forma mais genuína", explica Helena Alves, presidente do IPJ. E "verifica-se que há uma grande mortalidade de empresas jovens e de novos projectos, sobretudo por falta de acompanhamento na fase de desenvolvimento da empresa", acrescenta.
Iniciativa em três eixos
Foi em Março do ano passado, em Coimbra, que as duas instituições lançaram a iniciativa.
Actualmente, o programa assenta em três eixos: serviço especializado de informação aos jovens, apoios a iniciativas empresariais de jovens e apoio a projectos educativos e a iniciativas da sociedade civil. Através do primeiro eixo, os jovens têm acesso a informação sobre todos os programas e iniciativas dedicados ao tema do empreendedorismo, promovidos pelo sector público e privado. O segundo disponibiliza apoios às melhores iniciativas empresariais: aconselhamento especializado e o encontro da solução de financiamento mais adequada, através de um microcrédito até 25 mil euros ou de um micro-capital de risco, forma de financiamento que se destina a empreendedores e pequenas e médias empresas que apresentem projectos empresariais de pequena escala, com características diferenciadoras face ao existente, com potencial de crescimento, até 45 mil euros.
"Utilizámos um instrumento que já existia, o Finicia, e adequámo-lo a um público diferente, o segmento jovem, que nunca fez, por exemplo, um plano de negócios ou que nunca teve uma empresa. Temos consultores que dão apoio em várias áreas", acrescenta a presidente do instituto.
O Finicia Jovem é, como o nome indica, para jovens. Quem tem entre 18 e 35 anos de idade, é residente em Portugal Continental, concluiu o 12º ano e é um promotor individual ou associado num colectivo empresarial com menos de três anos de existência, pode arregaçar as mangas e candidatar-se.
O projecto tem de ser inovador e ter sustentabilidade económico-financeira e os jovens têm até 30 de Novembro, para aderir. Na data de fecho deste artigo, já se tinham candidatado cerca de 100 promotores, com 72 projectos. Estes são avaliados em 72 horas por uma consultora contratada pelo IPJ para o efeito. "Nesta fase, os projectos poderão ser considerados aprovados, não aprovados ou condicionados. No último caso, e se a consultora levantar dúvidas, os promotores deverão responder às mesmas em cinco dias úteis, de forma a tornar o processo bastante dinâmico", informa Helena Alves.
"Por norma, os processos aprovados e que solicitem financiamento apenas por via do microcrédito bancário, são directamente encaminhados para as entidades protocoladas", acrescenta a presidente. A adesão tem sido consistente, segundo a presidente do IPJ, e não têm havido queixas.
Educação para o empreendedorismo
"[Os jovens] não devem perder de vista a capacidade que têm de empreender, nem ter medo de arriscar. Devem navegar à vista, como navegam na iInternet, com segurança. E têm, no IPJ, um parceiro para os ajudar", comenta Helena Alves.
Em época de crise e com a taxa de desemprego a superar 9% no primeiro trimestre de 2009, de que forma é que o Finicia Jovem pode tornar-se uma mais-valia? Para Helena Alves, a resposta é clara: "pretendemos não defraudar as expectativas dos jovens quando nos apresentam os seus projectos, através de um processo simples e avaliando as ideias dos jovens empreendedores em 72 horas".
Por isso, o último eixo do programa assenta no apoio a projectos educativos e iniciativas da sociedade civil, atribuição do "Prémio Empreendedor Finicia Jovem", que visa dar reconhecimento público aos projectos que se tenham destacado pelo seu carácter inovador, e na atribuição do "Prémio de Jornalismo Finicia Jovem", atribuído ao autor do trabalho jornalístico, que mais contribua para uma maior divulgação, junto do público jovem, dos temas relacionados com o emprendedorismo.
"Este programa prevê também, na primeira fase da implantação da empresa, o reforço das competências dos promotores em diversas áreas, por exemplo, na de contratação de recursos humanos ou jurídica. Numa aposta a longo prazo, pretendemos apostar fortemente na educação para o empreendedorismo", afirma Helena Alves.
O que têm em comum Tiago Marques e Someia Umarji? Ambos tinham ideias para lançar o seu próprio projecto empresarial e precisavam de apoios para o conseguir. A solução acabou por vir do programa Finicia Jovem. Esta é uma iniciativa do Instituto Português da Juventude (IPJ) e do Instituto Português de Apoio às Pequenas e Médias Empresas e à Inovação (IAPMEI), que se destina, precisamente, a apoiar iniciativas de jovens empreendedores como Tiago Marques e Someia Umarji (ver caixas).
Iniciativa em três eixos
Foi em Março do ano passado, em Coimbra, que as duas instituições lançaram a iniciativa.
Actualmente, o programa assenta em três eixos: serviço especializado de informação aos jovens, apoios a iniciativas empresariais de jovens e apoio a projectos educativos e a iniciativas da sociedade civil. Através do primeiro eixo, os jovens têm acesso a informação sobre todos os programas e iniciativas dedicados ao tema do empreendedorismo, promovidos pelo sector público e privado. O segundo disponibiliza apoios às melhores iniciativas empresariais: aconselhamento especializado e o encontro da solução de financiamento mais adequada, através de um microcrédito até 25 mil euros ou de um micro-capital de risco, forma de financiamento que se destina a empreendedores e pequenas e médias empresas que apresentem projectos empresariais de pequena escala, com características diferenciadoras face ao existente, com potencial de crescimento, até 45 mil euros.
"Utilizámos um instrumento que já existia, o Finicia, e adequámo-lo a um público diferente, o segmento jovem, que nunca fez, por exemplo, um plano de negócios ou que nunca teve uma empresa. Temos consultores que dão apoio em várias áreas", acrescenta a presidente do instituto.
Encontrar soluções para os consumidores obesos. Foi este o ponto de partida de Tiago Marques. Em poucos meses, nasceu a Marketing de Peso. A iniciativa não tem tamanho, não pesa nem 40 nem 150 quilos e, quando vai às compras, tanto compra um tamanho S como um XXL. Por isso, Tiago Marques não desistiu, agarrou no seu espírito empreendedor e tentou levá-lo a todos aqueles que têm excesso de peso. Foi a pensar nas viagens em lugares demasiado incómodos ou nas portas pequenas demais, que este jovem de 34 anos criou a Marketing de Peso, uma equipa de consultores que pretende "vencer a guerra da diferenciação". O licenciado em gestão de "marketing" contactou o IPJ no final de Dezembro passado, para conseguir ajuda na criação do seu projecto de consultoria. Agora, só aguarda que lhe aprovem o financiamento, através de um parceiro de negócio (micro capital de risco). "Não podia estar mais contente com o processo. Entreguei-o em Dezembro e em Janeiro já nos estavam a chamar para uma entrevista. Depois, atribuíram uma empresa independente para fazer o plano de negócio e agora estamos à espera do financiamento [micro capital de risco]", diz. O conhecimento do programa chegou pela Internet, através do Finicia, do IAPMEI e rapidamente contactaram o IPJ. "Já tinha trabalhado noutras empresas, já tive uma empresa minha, mas noutra área. Esta exigia um processo diferente", diz. Por isso, pôs mãos à obra. "Já trabalhava em 'marketing' há 14 anos e percebi que há uma panóplia de soluções que não existem para obesos. Há pessoas que não vão emagrecer, que se estão 'nas tintas' para as dietas e que não têm opções enquanto consumidores. O que eu fiz foi juntar uma equipa de pessoas para estudar este problema", explica um dos fundadores da Marketing de Peso. A sua equipa desenvolveu uma série de pesquisas, entrevistou vários tipos de pessoas, fez pesquisa internacional, contactou associações de obesos. Em suma: estudou todas as opções que não existem para as pessoas com excesso de peso. "E encontrámos uma solução, a que chamámos 'segmentação por peso': diferentes pesos significam diferentes tamanhos o que é igual a diferentes necessidades. Existem, em Portugal, cerca de 300 mil pessoas obesas, ou seja, com 1,70 metros e a pesar mais de 150 quilos. Existem quatro milhões de pessoas com excesso de peso que são um novo mercado, são a maioria dos consumidores. Nós ajudamos as empresas a criarem novas oportunidades, posicionamo-las para este novo mercado", acrescenta. Agora, Tiago Marques só tem de gerir a ansiedade pela aprovação do projecto. "Até agora, tudo aquilo com que o IPJ se tem comprometido, tem cumprido. Eu nunca me tinha candidatado a nada antes e a verdade é que me surpreendeu pela positiva. Com a excepção de estarmos ansiosos pela aprovação do financiamento, do IPJ não posso dizer mesmo nada: foram sempre céleres, pouco burocráticos. Muito ao contrário do que estava à espera, actuaram sempre com passos seguros", comenta Tiago Marques. O licenciado em gestão de "marketing" sabe que, mais cedo ou mais tarde, iria concretizar o seu sonho, mas reconhece que o Finicia Jovem foi a alavanca necessária para acelerar o processo. Aos jovens empreendedores que procuram uma oportunidade no mercado para lançarem os seus projectos, Tiago Marques dá os mesmos conselhos que costuma transmitir aos seus filhos: "se acreditam, que sigam" e "não se desiste, insiste-se". |
O Finicia Jovem é, como o nome indica, para jovens. Quem tem entre 18 e 35 anos de idade, é residente em Portugal Continental, concluiu o 12º ano e é um promotor individual ou associado num colectivo empresarial com menos de três anos de existência, pode arregaçar as mangas e candidatar-se.
O projecto tem de ser inovador e ter sustentabilidade económico-financeira e os jovens têm até 30 de Novembro, para aderir. Na data de fecho deste artigo, já se tinham candidatado cerca de 100 promotores, com 72 projectos. Estes são avaliados em 72 horas por uma consultora contratada pelo IPJ para o efeito. "Nesta fase, os projectos poderão ser considerados aprovados, não aprovados ou condicionados. No último caso, e se a consultora levantar dúvidas, os promotores deverão responder às mesmas em cinco dias úteis, de forma a tornar o processo bastante dinâmico", informa Helena Alves.
"Por norma, os processos aprovados e que solicitem financiamento apenas por via do microcrédito bancário, são directamente encaminhados para as entidades protocoladas", acrescenta a presidente. A adesão tem sido consistente, segundo a presidente do IPJ, e não têm havido queixas.
Educação para o empreendedorismo
"[Os jovens] não devem perder de vista a capacidade que têm de empreender, nem ter medo de arriscar. Devem navegar à vista, como navegam na iInternet, com segurança. E têm, no IPJ, um parceiro para os ajudar", comenta Helena Alves.
Em época de crise e com a taxa de desemprego a superar 9% no primeiro trimestre de 2009, de que forma é que o Finicia Jovem pode tornar-se uma mais-valia? Para Helena Alves, a resposta é clara: "pretendemos não defraudar as expectativas dos jovens quando nos apresentam os seus projectos, através de um processo simples e avaliando as ideias dos jovens empreendedores em 72 horas".
Someia Umarji quis ligar a medicina tradicional chinesa à ocidental e abriu a ZenVet. "A ZenVet existe desde Agosto de 2008. Tem sido uma 'luta' e desafio constante, do qual muito nos orgulhamos." As palavras vêm de Someia Umarji, médica veterinária, de 29 anos, com uma pós-graduação em medicina tradicional chinesa e em cirurgia de tecidos moles. Quando decidiu abrir a sua clínica veterinária, Someia Umarji não se quis ficar pelo mais comum e avançou para um projecto inovador. "[A ZenVet é uma clínica de] medicina veterinária holística, com forte componente de serviço domiciliário e terapêuticas que vão além das convencionais, como consultas, cirurgia ou hospitalização, incluindo a acupunctura, homeopatia e fitoterapia chinesa", explica. O contacto com o programa do IPJ e do IAPMEI surgiu pela Internet. "Soube dos apoios pelo 'site' do MSN, na secção de negócios, onde é dada, felizmente, muita ênfase ao IAPMEI. Enviei um 'e-mail' a solicitar informação a propósito da Bolsa de Ideias e Meios e a explicar o projecto", acrescenta. Pouco tempo depois, Someia Umarji recebeu tudo o que precisava para arrancar com a sua candidatura ao Finicia Jovem. "A resposta não tardou e entrei em contacto com os serviços. Preenchi os papéis da candidatura e fui contactada algum tempo depois, tendo-nos sido atribuído o plano de negócios. Foi-nos recomendado contactar a SBI Consulting. Nessa fase, não fomos informados de que a escolha da consultadoria poderia ser nossa. Contudo, desejosos pelo apoio, contactámos de imediato a empresa e temos trabalhado em conjunto desde então." O processo começou em Outubro do ano passado, para que a veterinária de 29 anos pudesse contar com a ajuda do IPJ, apesar de já ter iniciado a ZenVet sem outro apoio, alem do namorado. "Até Outubro, todo o esforço tinha sido realizado a solo e sem qualquer apoio. Realizámos um projecto, com a pesquisa baseada na necessidade da zona de Fernão Ferro, no distrito de Setúbal, em ter uma clínica veterinária e a vantagem e competitividade que teríamos como clínica holística. Fomos 'bater à porta' de várias agências de bancos em busca de apoio. Eu e o meu namorado utilizámos todas as nossas poupanças a pensar no projecto, investimos tudo e demos o nosso trabalho como garantia de pagamento", diz. Quanto aos apoios, Someia Umarji diz que gostaria de ter podido usufruir de algum suporte antes da abertura da clínica. Agora, o que pretende é que o apoio do Finicia permita obter mais meios de diagnóstico, expandir a oferta de serviços e poder oferecê-los noutras localidades. "Do que nos foi explicado até ao momento, ainda nos falta perceber quais são as melhores ferramentas e como as utilizar." De qualquer forma, o projecto de medicina holística, no qual pode ser feito um diagnóstico ao animal pela medicina tradicional chinesa e ocidental em simultâneo, optando-se posteriormente pela via de tratamento ou pela conjugação de vários, foi aprovado de imediato. Quanto ao apoio do IPJ, Someia diz que, "por enquanto, tem-nos feito pensar um pouco mais e poderá ajudar a planear melhor como atingir os objectivos que desejamos. A ZenVet já mudou o rumo das nossas vidas, preenchendo-nos de trabalho, deveres e satisfação. Esperemos que o plano de negócios permita-nos ter as ferramentas necessárias para continuarmos a ter trabalho, deveres e satisfação e algum tempo livre que, neste momento, é inexistente". Aos jovens empreendedores que querem ter a experiência de lançar uma empresa, Someia Umarji recomenda uma combinação de aspectos: a ideia em que acreditam, experiência que a suporte, criar um guia de trabalho, auto-sacrifício e autocrítica, apoio e nunca desistir, sabendo mudar de acordo com as circunstâncias. |
Por isso, o último eixo do programa assenta no apoio a projectos educativos e iniciativas da sociedade civil, atribuição do "Prémio Empreendedor Finicia Jovem", que visa dar reconhecimento público aos projectos que se tenham destacado pelo seu carácter inovador, e na atribuição do "Prémio de Jornalismo Finicia Jovem", atribuído ao autor do trabalho jornalístico, que mais contribua para uma maior divulgação, junto do público jovem, dos temas relacionados com o emprendedorismo.
"Este programa prevê também, na primeira fase da implantação da empresa, o reforço das competências dos promotores em diversas áreas, por exemplo, na de contratação de recursos humanos ou jurídica. Numa aposta a longo prazo, pretendemos apostar fortemente na educação para o empreendedorismo", afirma Helena Alves.