Notícia
O Moinho - Transformar uma t-shirt em papel
O Moinho é uma empresa que usa técnicas inventadas há mais de dois mil anos, na China, para fazer papel de forma ecológica. A diferença em relação a outras empresas que produzem papel é a matéria-prima utilizada: desperdícios têxteis compostos 100% por algodão, como restos de roupa.
30 de Junho de 2011 às 10:07
Muitas crianças sabem ou já viram fazer papel de forma artesanal, em casa ou na escola, basta juntar pedaços de folhas de um jornal velho acrescentar-lhe água e, depois, colocar a pasta sobre uma rede que permita escorrer o líquido em excesso, que deve secar ao sol. O Moinho é uma PME que usa esta mesma técnica, inventada pelos chineses há milhares de anos atrás, e produz papel de algodão de forma ecológica, sem emissões de CO2 e recorrendo a desperdícios têxteis como matéria-prima.
Com recurso a uma máquina criada pela primeira administração da fábrica, que permite fazer o papel de forma continuada, é possível transformar uma t-shirt branca em folhas de papel brancas. E as cores? O Moinho não utiliza corantes ou outros químicos e cria várias cores com a conjugação das cores primárias. O Moinho orgulha-se de ser a única fábrica portuguesa a produzir papel a partir de roupa velha, como explica Rui Silva, administrador da empresa: "Somos únicos".
A qualidade do papel torna-o mais duradouro, mesmo depois de uma lavagem acidental na máquina de lavar roupa, diz Rui Silva. Esta qualidade acrescida reflecte-se, obviamente, no preço, mas isso não impede a empresa de ter procura pelos seus produtos.
Portugal é um mercado que dá uma resposta "animadora", de acordo com Rui Silva, mas isso não impede que a expansão faça parte dos planos do Moinho para o futuro. A empresa pretende avançar para a internacionalização depois do processo de reestruturação que vai marcar este ano. Como destinos prioritários identifica França, Alemanha e Inglaterra, por serem países mais sensíveis às questões ecológicas, diz Rui Silva.
"Antes de vender o produto, vende-se o conceito"
Rui Silva vê em 2011 um ano de crescimento das vendas, em que a empresa vai chegar mais perto do consumidor, coisa que não aconteceu até à data. O Moinho vai fazer uma grande aposta na comunicação direccionada para os consumidores e pretende alcançar notoriedade e identificação. "Queremos que quando o consumidor pense num produto ecológico e diferente, pense no Moinho", refere.
A aposta em marketing e comunicação vai ser um ponto-chave no caminho da empresa, explica Rui Silva, acrescentando que o objectivo não é "massificar". "Queremos clientes em vários países e em várias áreas [embalagens, decoração, papelaria] ", diz.
A nova gestão, que assumiu funções no ano passado, quer apostar noutros sectores (além do fabrico de papel artesanal, que já era foco da anterior direcção) como as embalagens, o papel decorativo e os convites de casamento, por exemplo, explica o administrador.
"De roupa velha se faz papel"
Sob o lema "de roupa velha se faz papel", o Moinho realiza visitas guiadas destinadas, maioritariamente, a escolas e pretende alargá-las também ao sector do turismo. Da experiência que já existe com as crianças, Rui Silva considera que esta componente é importante. "Os miúdos vêem uma fábrica que além de usar restos de ganga para fazer papel não deita fumos", contrariando a ideia tradicional de fábrica, explica o administrador.
O Moinho defende que um investimento deve contemplar sempre, além de uma componente financeira, uma componente social. "Não podemos ficar à espera que o mercado peça um produto ecológico", diz Rui Silva, acrescentando que é preciso incutir a necessidade de usar produtos ecológicos. É aqui que entram as visitas guiadas.
O papel fabricado pelo Moinho é destinado a pequenos nichos de mercado, e, nesses nichos, "o preço é competitivo", diz Rui Silva. O principal custo da empresa é o da mão-de-obra, já que, além de utilizar como matérias-primas os desperdícios têxteis, o Moinho reutiliza água em circuito fechado e vai aderir ao uso das energias alternativas, com painéis solares.
Rui Silva explica que o papel fabricado no Moinho é "um produto único, ecológico (…) é um produto de nichos de mercado", que concorre com papel fabricado na Ásia, por exemplo, pressionado por outros custos, como os de transporte.
Um papel feito com fios eléctricos, para um evento, ou um papel de aroma, feito para uma empresa de licores, são exemplos de produtos já criados pelo Moinho, a pedido de outras empresas que lidam, elas próprias, com clientes específicos.
Bilhete de identidade
Empresa O Moinho
Início de actividade 1993
Produtos Papel, embalagens, sacos, papel de embrulho perfumado, álbuns fotografias, caixas de cartão, caixas para garrafas, sacos para garrafas, envelopes
Número de trabalhadores 7
Países para expansão França, Alemanha e Inglaterra
Com recurso a uma máquina criada pela primeira administração da fábrica, que permite fazer o papel de forma continuada, é possível transformar uma t-shirt branca em folhas de papel brancas. E as cores? O Moinho não utiliza corantes ou outros químicos e cria várias cores com a conjugação das cores primárias. O Moinho orgulha-se de ser a única fábrica portuguesa a produzir papel a partir de roupa velha, como explica Rui Silva, administrador da empresa: "Somos únicos".
Portugal é um mercado que dá uma resposta "animadora", de acordo com Rui Silva, mas isso não impede que a expansão faça parte dos planos do Moinho para o futuro. A empresa pretende avançar para a internacionalização depois do processo de reestruturação que vai marcar este ano. Como destinos prioritários identifica França, Alemanha e Inglaterra, por serem países mais sensíveis às questões ecológicas, diz Rui Silva.
"Antes de vender o produto, vende-se o conceito"
Rui Silva vê em 2011 um ano de crescimento das vendas, em que a empresa vai chegar mais perto do consumidor, coisa que não aconteceu até à data. O Moinho vai fazer uma grande aposta na comunicação direccionada para os consumidores e pretende alcançar notoriedade e identificação. "Queremos que quando o consumidor pense num produto ecológico e diferente, pense no Moinho", refere.
A aposta em marketing e comunicação vai ser um ponto-chave no caminho da empresa, explica Rui Silva, acrescentando que o objectivo não é "massificar". "Queremos clientes em vários países e em várias áreas [embalagens, decoração, papelaria] ", diz.
A nova gestão, que assumiu funções no ano passado, quer apostar noutros sectores (além do fabrico de papel artesanal, que já era foco da anterior direcção) como as embalagens, o papel decorativo e os convites de casamento, por exemplo, explica o administrador.
"De roupa velha se faz papel"
Sob o lema "de roupa velha se faz papel", o Moinho realiza visitas guiadas destinadas, maioritariamente, a escolas e pretende alargá-las também ao sector do turismo. Da experiência que já existe com as crianças, Rui Silva considera que esta componente é importante. "Os miúdos vêem uma fábrica que além de usar restos de ganga para fazer papel não deita fumos", contrariando a ideia tradicional de fábrica, explica o administrador.
O Moinho defende que um investimento deve contemplar sempre, além de uma componente financeira, uma componente social. "Não podemos ficar à espera que o mercado peça um produto ecológico", diz Rui Silva, acrescentando que é preciso incutir a necessidade de usar produtos ecológicos. É aqui que entram as visitas guiadas.
O papel fabricado pelo Moinho é destinado a pequenos nichos de mercado, e, nesses nichos, "o preço é competitivo", diz Rui Silva. O principal custo da empresa é o da mão-de-obra, já que, além de utilizar como matérias-primas os desperdícios têxteis, o Moinho reutiliza água em circuito fechado e vai aderir ao uso das energias alternativas, com painéis solares.
Rui Silva explica que o papel fabricado no Moinho é "um produto único, ecológico (…) é um produto de nichos de mercado", que concorre com papel fabricado na Ásia, por exemplo, pressionado por outros custos, como os de transporte.
Um papel feito com fios eléctricos, para um evento, ou um papel de aroma, feito para uma empresa de licores, são exemplos de produtos já criados pelo Moinho, a pedido de outras empresas que lidam, elas próprias, com clientes específicos.
Bilhete de identidade
Empresa O Moinho
Início de actividade 1993
Produtos Papel, embalagens, sacos, papel de embrulho perfumado, álbuns fotografias, caixas de cartão, caixas para garrafas, sacos para garrafas, envelopes
Número de trabalhadores 7
Países para expansão França, Alemanha e Inglaterra