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Mim - Roupa nova à antiga

Marta Quina trocou dez anos de advocacia por visitas a costureiras, provas e escolhas de tecidos.

Mim - Roupa nova à antiga
26 de Julho de 2012 às 11:56
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Luís, Carlota e Madalena são a inspiração de Marta Quina. Cansada de ver "tudo igual" nas lojas de roupa para criança, em plena crise económica decidiu mudar o rumo. Cerca de dez anos a exercer advocacia não foram suficientes para matar o interesse pelo vestuário infantil que surgiu quando foi mãe pela primeira vez. Os gémeos Luís e Carlota levaram-na a abrir uma loja multi-marca com duas sócias, mas tornou-se impossível conciliar a advocacia, com a loja e a família.

"Adorei a profissão, mas tive três filhos e começou a ser complicado continuar. Normalmente, entrego-me a 100% a tudo o que faço e a advocacia não foi excepção", conta. Nem o facto de ser mãe.

Apesar de a primeira loja não ter resultado, Marta Quina, 38 anos, não desistiu. Acabou por continuar ligada à actividade através de um "franchising", mas não lhe chegou. Em 2011, abriu a Mim num dos principais centros empresariais e económicos lisboeta. A crise não a assustou, muito pelo contrário. "Gosto de ir contra a corrente", diz.

Passou a dedicar-se exclusivamente à moda infantil, contemporânea, mas produzida à antiga. A Mim vende roupas para crianças dos 0 aos 10 anos, confeccionadas por costureiras de Lisboa, com tecidos importados e "design" "da casa". As criações são um trabalho de equipa, que envolve Marta Quina, uma prima "designer" de moda e uma das costureiras.

Não é de agora que ex-advogada manda fazer roupa a seu gosto. Quando os filhos nasceram, já o fazia. "Achava que a roupa de criança era toda muito igual e que tinha preços bastante elevados." Percebeu que era possível fazer peças com tecidos diferentes e a preços acessíveis. "Há muitas marcas massificadas e depois há outras, mais caras, que têm roupa mais de cerimónia, que não dão para vestir nos outros dias. Achei que era importante fazer peças originais, que servissem para o dia-a-dia, mas também para levar a uma festa, por exemplo."

Para as raparigas confecciona vestidos mais práticos. "Tentamos fazer a diferença nos pormenores, aplicando folhos, rendas ou através do tecido", conta. Para bébes até aos seis meses decidiu apostar em roupa clássica, porque gosta de olhar para eles e vê-los vestidos dentro daquele que é o conceito de "bébé verdadeiro", afirma. "A partir dos dois anos já fazemos roupa que não deixa de ser clássica, mas que tem um 'design' mais inovador e predominante", acrescenta.

A primeira prova é feita com os filhos e sobrinhos. Se passar, o modelo vai directamente para produção "caseira". O facto de ter estado ligada a outras lojas fez com que percebesse o que é que as pessoas procuram e é nisso que pensa quando cria.

Ligada ao país pelo Facebook
A ex-advogada lamenta que o mercado de tecidos português esteja "tão virado para a exportação". "Infelizmente, não compro os tecidos cá, porque não há muita escolha. Às vezes encontramos algo, mas a maior parte vem do estrangeiro."

Marta Quina escolhe os tecidos, os modelos, as idades e depois manda fazer um determinado número de artigos por modelo à sua rede de costureiras. Aposta na diversidade porque prefere ter novidades na loja com frequência. "Se os meus clientes forem quinzenalmente à loja encontram sempre coisas novas. Quando as pessoas ficam contentes com um serviço acabam sempre por voltar." Uma t'shirt com gola para uma criança de seis anos pode custar cerca de 17 euros e os vestidos estão para venda entre os 20 e os 44 euros.

"Faço questão que seja tudo feito por costureiras - umas indicam as outras - porque só assim posso personalizar as roupas. É algo que em fábrica não é possível. Se uma cliente chegar à loja e me disser que quer um vestido igual a outro que esteja em exposição, mas de manga comprida em vez de curta, eu posso mandar fazer. Se estivesse a lidar com fábricas seria completamente impossível."

O Facebok tem ajudado. Graças à rede social, Marta Quina envia encomendas para todo o país. O "Mim" também foi uma boa aposta, segundo a própria. A ex-advogada queria um nome pequeno, que se conseguisse dizer em varias línguas e que ficasse no ouvido. Lembrou-se que a filha Carlota chamava a si própria "mim" até aos três anos.






Bilhete de identidade

Empresa
Mim
Área de actividade "Design" e confecção de vestuário infantil
Início de actividade - Setembro de 2011
Número de colaboradores 1
Confecção Serviço de "outsourcing"de costureiras
Sede Lisboa






A escola da advocacia

Aos 37 anos, Marta Quina mudou de vida. Trocou os tribunais e as reuniões por tecidos, criações de moda e costureiras. Não se arrepende, apesar de ter "adorado" a experiência em advocacia. "Trabalhei dez anos como advogada, sendo que oito foram no escritório de António Pires de Lima [ex-bastonário da Ordem dos Advogados], que foi um grande mestre em tudo". Saiu por excesso de trabalho e porque começou a ser cada vez mais complicado conciliar a sua profissão com o facto de ser mãe. Na primeira conversa que teve com o ex-bastonário, este disse-lhe que um advogado não é apenas um advogado, mas também psicólogo, padre e confessor. Durante oito anos constatou que era assim e a experiência valeu-lhe para a vida. "Foi uma grande escola."

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