Notícia
Idea Hunting - Uma fábrica de ideias
Utilizadora da Idea Hunting, a Volkswagen reuniu 488 ideias em 15 dias. A plataforma "on-line" junta caçadores e criadores de ideias.
02 de Agosto de 2012 às 15:34
Joana, nome fictício, vivia na Nazaré, tinha 19 anos, e estava prestes a ingressar num curso de "design". Mas nem a idade, a localização geográfica ou a inexperiência profissional a impediram de concorrer e ganhar um desafio lançado pela Swatch para criar um relógio e uma embalagem.
Como? Através do Idea Hunting, uma plataforma "on-line" de "crowdsourcing" criativo lançada em Portugal em Julho de 2010 e à qual recorreram as marcas Swatch ou Volkswagen, entre outros exemplos. A Volkswagen conseguiu reunir, em 15 dias, 488 ideias num desafio que tinha como objectivo angariar sugestões para um novo serviço automóvel. O concurso da Swatch foi o primeiro desafio do serviço e em jogo estava um prémio de mil euros.
A ideia ganhou vida e insere-se no Projecto Manhattan, empresa de planeamento estratégico de "marketing" e comunicação, criada em 2007.
"Não queríamos criar mais uma empresa", explica Miguel Velhinho, líder executivo da plataforma e do Projecto Manhattan, acrescentando que os promotores se lembraram de uma disciplina que estava a dar os primeiros passos nos EUA, o "crowdsourcing".
Porquê? Porque não precisariam de recorrer a uma equipa fixa, mas apenas a uma plataforma. E uma boa definição, diz Miguel Velhinho, é o neologismo, que junta as palavras "crowd" (multidão) e "outsourcing" (subcontratação de serviços), explicando que este é um "modelo de produção que utiliza a inteligência e os conhecimentos colectivos e voluntários espalhados pela Internet para resolver problemas, criar conteúdos e soluções ou desenvolver novas tecnologias".
Na prática, a plataforma "on-line" serve para reunir, ainda que de forma virtual, "marcas à procura de ideias e criativos dispostos a vendê-las", sintetiza o responsável. O processo coloca de um 'lado' os caçadores de ideias, marcas e empresas, e do outro os criadores de ideias, indivíduos ou empresas. Tudo começa por um "briefing" em que o caçador de ideias explica o que pretende, apresenta o preço que está disposto a pagar e o prazo para receber as respostas. Depois, toda a interacção é feita "on-line". As propostas vão caindo numa caixa de correio pessoal através da qual caçadores e criadores podem "conversar".
Dois desafios
Os desafios lançados são de dois tipos diferentes: os de criatividade e os de inovação. Os de criatividade contemplam operações como a atribuição de designações de marca ou produto, criação de logótipo, desenho de embalagem, folhetos ou um "banner" para a Internet. São dirigidos a micro, pequenas e médias empresas.
Miguel Velhinho explica porquê. "Acreditamos que a solução das PME é o mercado internacional e para competirem lá [fora] precisam de valências de 'marketing' e comunicação", algo que dificilmente conseguem desenvolver numa base regular ou através de agências, devido aos preços incomportáveis, acrescenta o responsável.
Nos desafios de inovação, é pedido um conceito escrito que pode ou não ser acompanhado por uma imagem para apresentar ideias, que podem dirigir-se a um novo produto ou serviço, para promoções, eventos ou novas abordagens de negócio.
No primeiro caso, o caçador paga um prémio mínimo de mil euros à melhor ideia. No segundo, escolhe cinco, 10 ou 15 ideias que lhe agradaram desembolsando 250 euros, preço mínimo, por cada uma. A plataforma recebe uma média de oito novos membros por dia, tem 5.500 criativos registados e conta com 2.500 soluções criativas.
Este mercado "on-line" não poderia ter tomado uma forma física para os seus criadores porque está em causa a "geografia do talento". Miguel Velhinho não acredita que, apesar de a indústria do talento criativo estar sedeada em peso em Lisboa, esse talento esteja todo concentrado na capital do país. E esta foi a forma de "abrir o mercado a pessoas com talento que, por força das circunstâncias, não estão em Lisboa", ou seja, "democratizar o talento".
Contudo, nem todos os criativos que participam nesta plataforma têm nacionalidade portuguesa. Ainda que os lusos sejam a maioria, as nacionalidades vão desde paquistaneses, a indianos, passando por ingleses, americanos e brasileiros ou angolanos e moçambicanos.
Além da nacionalidade, o perfil dos criativos também é díspar no que toca à experiência profissional, originando abordagens diferentes para um mesmo problema. A maioria pertence à indústria criativa ("designers" gráficos, "planners" ou "marketers"), mas também há estudantes, engenheiros, arquitectos ou jornalistas, estando a idade média de participação nos 27 anos.
É um meio aberto a todos aqueles que queiram participar e o registo na plataforma é gratuiro. Os seus responsáveis tentam garantir que as propostas apresentadas tenham bons padrões de qualidade.
Bilhete de identidade
Empresa Proprietária Idea Hunting Projecto Manhattan Lda
Área de actividade Estratégia de Marketing e Comunicação
Início da actividade 2007
Número de colaboradores 2
Sede Lisboa
Do "outsourcing" para o "crowdsourcing"
Utilizado pela primeira vez num artigo da revista Wired intitulado "The Rise of Crowdsourcing", escrito em 2006, o termo surge como uma espécie de evolução do 'outsourcing'. "Lembram-se do outsourcing? Enviar trabalhos para a Índia e China é tão [típico do ano] 2003", começa por dizer o autor do artigo, Jeff Howe, explicando que, nos tempos que correm, há uma "nova fonte de trabalho barato", uma vez que todas as pessoas criam conteúdos e resolvem problemas. Ou seja, transposta a barreira que separa amadores e profissionais, há trabalho que pode ficar mais barato do que se fosse pago da forma tradicional.
Como? Através do Idea Hunting, uma plataforma "on-line" de "crowdsourcing" criativo lançada em Portugal em Julho de 2010 e à qual recorreram as marcas Swatch ou Volkswagen, entre outros exemplos. A Volkswagen conseguiu reunir, em 15 dias, 488 ideias num desafio que tinha como objectivo angariar sugestões para um novo serviço automóvel. O concurso da Swatch foi o primeiro desafio do serviço e em jogo estava um prémio de mil euros.
A ideia ganhou vida e insere-se no Projecto Manhattan, empresa de planeamento estratégico de "marketing" e comunicação, criada em 2007.
Porquê? Porque não precisariam de recorrer a uma equipa fixa, mas apenas a uma plataforma. E uma boa definição, diz Miguel Velhinho, é o neologismo, que junta as palavras "crowd" (multidão) e "outsourcing" (subcontratação de serviços), explicando que este é um "modelo de produção que utiliza a inteligência e os conhecimentos colectivos e voluntários espalhados pela Internet para resolver problemas, criar conteúdos e soluções ou desenvolver novas tecnologias".
Na prática, a plataforma "on-line" serve para reunir, ainda que de forma virtual, "marcas à procura de ideias e criativos dispostos a vendê-las", sintetiza o responsável. O processo coloca de um 'lado' os caçadores de ideias, marcas e empresas, e do outro os criadores de ideias, indivíduos ou empresas. Tudo começa por um "briefing" em que o caçador de ideias explica o que pretende, apresenta o preço que está disposto a pagar e o prazo para receber as respostas. Depois, toda a interacção é feita "on-line". As propostas vão caindo numa caixa de correio pessoal através da qual caçadores e criadores podem "conversar".
Dois desafios
Os desafios lançados são de dois tipos diferentes: os de criatividade e os de inovação. Os de criatividade contemplam operações como a atribuição de designações de marca ou produto, criação de logótipo, desenho de embalagem, folhetos ou um "banner" para a Internet. São dirigidos a micro, pequenas e médias empresas.
Miguel Velhinho explica porquê. "Acreditamos que a solução das PME é o mercado internacional e para competirem lá [fora] precisam de valências de 'marketing' e comunicação", algo que dificilmente conseguem desenvolver numa base regular ou através de agências, devido aos preços incomportáveis, acrescenta o responsável.
Nos desafios de inovação, é pedido um conceito escrito que pode ou não ser acompanhado por uma imagem para apresentar ideias, que podem dirigir-se a um novo produto ou serviço, para promoções, eventos ou novas abordagens de negócio.
No primeiro caso, o caçador paga um prémio mínimo de mil euros à melhor ideia. No segundo, escolhe cinco, 10 ou 15 ideias que lhe agradaram desembolsando 250 euros, preço mínimo, por cada uma. A plataforma recebe uma média de oito novos membros por dia, tem 5.500 criativos registados e conta com 2.500 soluções criativas.
Este mercado "on-line" não poderia ter tomado uma forma física para os seus criadores porque está em causa a "geografia do talento". Miguel Velhinho não acredita que, apesar de a indústria do talento criativo estar sedeada em peso em Lisboa, esse talento esteja todo concentrado na capital do país. E esta foi a forma de "abrir o mercado a pessoas com talento que, por força das circunstâncias, não estão em Lisboa", ou seja, "democratizar o talento".
Contudo, nem todos os criativos que participam nesta plataforma têm nacionalidade portuguesa. Ainda que os lusos sejam a maioria, as nacionalidades vão desde paquistaneses, a indianos, passando por ingleses, americanos e brasileiros ou angolanos e moçambicanos.
Além da nacionalidade, o perfil dos criativos também é díspar no que toca à experiência profissional, originando abordagens diferentes para um mesmo problema. A maioria pertence à indústria criativa ("designers" gráficos, "planners" ou "marketers"), mas também há estudantes, engenheiros, arquitectos ou jornalistas, estando a idade média de participação nos 27 anos.
É um meio aberto a todos aqueles que queiram participar e o registo na plataforma é gratuiro. Os seus responsáveis tentam garantir que as propostas apresentadas tenham bons padrões de qualidade.
Bilhete de identidade
Empresa Proprietária Idea Hunting Projecto Manhattan Lda
Área de actividade Estratégia de Marketing e Comunicação
Início da actividade 2007
Número de colaboradores 2
Sede Lisboa
Do "outsourcing" para o "crowdsourcing"
Utilizado pela primeira vez num artigo da revista Wired intitulado "The Rise of Crowdsourcing", escrito em 2006, o termo surge como uma espécie de evolução do 'outsourcing'. "Lembram-se do outsourcing? Enviar trabalhos para a Índia e China é tão [típico do ano] 2003", começa por dizer o autor do artigo, Jeff Howe, explicando que, nos tempos que correm, há uma "nova fonte de trabalho barato", uma vez que todas as pessoas criam conteúdos e resolvem problemas. Ou seja, transposta a barreira que separa amadores e profissionais, há trabalho que pode ficar mais barato do que se fosse pago da forma tradicional.