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Bom e barato, o segredo dos 'hostels'

Os "hostels" invadiram Lisboa e Porto. Entre uma oferta que corre o risco de saturação e que mergulhou uma guerra de preços, estão projectos que ajudaram a recuperar património e a mostrar que aquilo que é barato pode ser bom.

Bom e barato, o segredo dos 'hostels'
30 de Agosto de 2012 às 11:19
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Pedro Dixo | A experiência de trabalho no "hostel" que era propriedade de um familiar levou o empreendedor ao lançamento de um nova unidade.


"A vista para a cidade e para a ponte é perfeita para um final de dia". A descrição é de uma hóspede do Dixo´s e foi publicada num "site" de viajantes, onde não é difícil encontrar opiniões positivas sobre "hostels" portugueses. Os alojamentos portugueses com estas características estão listados entre os melhores do mundo. A atmosfera, o bom gosto e a localização são aspectos que têm posicionado esta oferta turística em lugares de destaque. Ganham os turistas e as cidades que os recebem, quando os projectos nascem da recuperação de edifícios degradados e do património arquitectónico.

No caso do Dixo's, no Porto, a par com a varanda que ocupa o último piso do edifício do século XIX na Rua Mouzinho da Silveira, a hospitalidade, a centralidade e a limpeza são aspectos positivos apontados por quem por lá passou. "Neste negócio, o passa-palavra é muito importante", afirma Pedro Dixo que, com a irmã, dirige o Dixo's Hostel.

Nos últimos anos, a oferta deste tipo de alojamento cresceu de forma descontrolada e hoje, segundo as previsões de alguns empresários, a oferta existente mais do que duplica a procura. No último inverno, a descida nas taxas médias de ocupação já deu sinais de algum descontrolo do mercado e espera-se que no próximo a tendência se acentue.

A divulgação do conceito e a repetida presença portuguesa - em abundância - nos lugares cimeiros dos prémios e distinções criados por "sites" especializados tornaram o negócio aliciante e os novos projectos multiplicaram-se.

Oferta em saturação
É na capital que a oferta está mais saturada. Nos últimos cinco anos, o número de "hostels" terá crescido mais de 600% para perto de sete dezenas de espaços. No Porto, o número é inferior e rondará as 30 casas, mas o crescimento também é grande. Ganhou expressão desde que os voos "low-cost" começaram a aterrar na cidade e o número de visitantes disparou.

Os hóspedes são, essencialmente, viajantes que correm o mundo de mochila às costas e os chamados "city breakers", que passam pelas cidades durante curtos períodos de tempo e trocam os luxos de um hotel pela centralidade de um "hostel" e pela possibilidade de fazer do alojamento um espaço de troca de experiências com outros viajantes.

A decoração é sempre moderna, os espaços comuns - onde se incluem as casas de banho - costumam ser amplos e a promoção de actividades que criem laços entre hóspedes e com quem trabalha no "hostel" é, em regra, uma preocupação.

"Somos quase uma família", assegura Pedro Páscoa, um dos criadores do Lisbon Calling, a funcionar há cerca de cinco anos e que entre as dezenas de estrangeiros que vai recebendo tem repetentes, que voltam todos os anos. Pelo espaço que criou com duas amigas já passaram viajantes de todo o mundo. A Europa predomina, mas a Ásia tem assumido cada vez mais destaque como região de origem dos turistas que visitam Lisboa e procuram um "hostel".

À margem da guerra de preços

Tal como o Dixo's, o Lisbon Calling mantém-se à margem da guerra de preços que o excesso de oferta tem desencadeado e que tornou possível encontrar camas por preços a partir de oito euros por noite. "Há um certo descontrolo na oferta que tem distorcido o negócio", confirma Pedro Páscoa.

Ambos integram uma espécie de liga de honra dos "hostels" nacionais, com mais representantes, que tem ajudado a consolidar uma imagem positiva do país no que se refere a este tipo de oferta. Demarcam-se pela relação entre a qualidade e o preço e pela capacidade de criar a atmosfera que o utilizador do hostel procura.

Outro ponto em comum está no facto de terem promovido a recuperação de edifícios antigos nas respectivas cidades, algo que o Gallery Hostel também conseguiu e que é hoje um dos pontos mais destacados pelos visitantes que comentam a sua passagem pelo espaço nos "sites" e nos fóruns "on-line".

Embora a esmagadora maioria dos clientes dos "hostels" sejam internacionais, e seja para os viajantes que o conceito está orientado, o interesse do mercado português neste tipo de produto tem aumentado. Há especial interesse nos espaços com uma oferta mais próxima daquela que os estabelecimentos tradicionais têm para oferecer, no que se refere às condições e à privacidade.

Quando fez os estudos necessários para arrancar com o Gallery Hostel, no Porto, João Castanho calculou uma procura nacional na ordem dos 5%. Pouco mais de um ano após a abertura, a previsão foi superada e, hoje, 13% dos hóspedes são portugueses. Uma surpresa que não altera o foco no mercado externo e a aposta na divulgação do espaço nos circuitos internacionais, sublinha o responsável.

É a partilha de espaço que potencia a economia do "hostel". Os melhores preços neste tipo de alojamento vão para os quartos em camaratas, que podem acomodar até dez camas. Mas quem está disposto a pagar mais pode optar por um quarto privado, em alguns casos até com casa de banho própria. A opção extravasa a filosofia original do "hostel", mas é cada vez mais comum e ajuda a diversificar o leque de potenciais clientes. Tudo sem comprometer aquilo que deve ser uma das principais características de um "hostel": o preço.


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