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Trabalhadores do Diário Económico mantêm greve

Com ordenados ainda em atraso, os trabalhadores do jornal detido pela Ongoing vão manter a greve de 24 horas agendada para quinta-feira, 10 de Março. Esta é sétima greve da imprensa portuguesa nos últimos 10 anos.

Pedro Elias/Jornal de Negócios
09 de Março de 2016 às 18:29
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A partir das 10:00 de quinta-feira, 10 de Março, os trabalhadores do Diário Económico, do Económico TV e do Economico.pt vão começar a concentrar-se à porta do jornal, como forma de protesto aos salários em atraso e à degradação das condições de trabalho. Esta será a sétima greve da imprensa portuguesa nos últimos 10 anos.

Os trabalhadores da publicação, detida pela Ongoing, tinham ponderado desconvocar ou suspender a greve caso fossem pagos os salários relativos ao mês de Janeiro deste ano. Como, até ao momento, só foi paga parte do ordenado relativo a esse mês, a greve mantém-se, por 24 horas, começando às 00:00 de quinta-feira. Os cerca de 150 trabalhadores da empresa têm ainda em falta o mês completo de Fevereiro e o subsídio de Natal.

"Esta greve constitui uma forma de luta contra o atraso no pagamento dos salários […] e ainda contra a drástica degradação das condições de trabalho que impõem um esforço totalmente desproporcionado aos trabalhadores para assegurarem o funcionamento dos órgãos de informação para que trabalham, sem que se vislumbre qualquer solução para a situação que vivem", como explicaram na semana passada no pré-aviso de greve.

Aliás, no seguimento da ausência de soluções apresentadas por parte da administração da Ongoing para resolver a situação, ontem a direcção do jornal apresentou a demissão de funções.

Esta é a sétima greve realizada pela imprensa portuguesa, de acordo com os dados do Sindicato dos Jornalistas. A última foi em Julho de 2014, e englobou trabalhadores do Jornal de Notícias, Diário de Notícias, Jogo, TSF e Global Imagens – títulos do grupo Global Media.

Em 2012 foi a vez de os trabalhadores do Público saírem para a rua em protesto contra o despedimento colectivo, na altura, de 48 pessoas. O Jornal de Notícias, o Diário de Notícias, o Jogo e o extinto 24 horas também realizaram uma greve Março de 2009. O primeiro título liderou ainda mais duas paralisações, uma em 2006 e outra em 2005, a última por três horas.

Em Abril de 2005 os jornalistas do também extinto O Comércio do Porto também avançaram para greve, "em luta contra as situações de ilegalidade persistentes na empresa e pela actualização de salários", como se lia no pré-aviso.

A situação da Ongoing

O Diário Económico, detido pelo grupo Ongoing através da ST&SF, enfrenta problemas financeiros há vários meses, tendo mesmo sido alvo de uma penhora às receitas pelo Fisco no final do ano passado, entretanto já levantada.

Esta situação deve-se aos graves problemas financeiros do grupo Ongoing, de Nuno Vasconcellos, que actualmente estará no Brasil. No Verão do ano passado o grupo mandatou o BESI, agora Haitong, para encontrar interessados em comprar o Diário Económico e a ETV. Um dos nomes apontados como possível interessado foi o do empresário angolano Domingos Vunge, da Media Rumo, que publica a revista Rumo e o jornal de economia semanal Mercado. No entanto, até ao momento, não são conhecidos desenvolvimentos desta operação.

Recentemente, a Ongoing Strategy Investments, presidida por Nuno Vasconcellos, apresentou um Processo Especial de Revitalização. Este pedido não tem interferência directa com o Diário Económico mas a entrada de um Processo Especial de Revitalização da ST&SF também poderá estar para breve.

A Ongoing Strategy tem como activos participações sociais, como a da PT, que durante vários anos distribuiu dividendos avultados. Em nove anos a Ongoing encaixou mais de 370 milhões de euros com os dividendos da dona da Meo, um montante que mesmo assim não foi suficiente para salvar o grupo da complicada situação financeira.
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