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Media Capital quer sair da TDT. SIC e RTP defendem preços mais baixos
CEO da Media Capital diz não ter interesse em continuar com um serviço que "sabe estar desatualizado". SIC e RTP recusam posições tão vincadas, mas assumem que valor cobrado é demasiado elevado.
"Devíamos pensar o que estamos a fazer na TDT, estes três operadores gastam oito milhões por ano para transmitir para 150 mil pessoas. Há 20 maneiras melhores [de o fazer]. Sugerimos acabar com a TDT", afirmou, durante o painel sobre o "Estado da Nação dos Media". O responsável pela dona da TVI diz que o tema tem vindo a ser discutido há um ano e que "há pouco interesse de todas as diferentes partes em renovar a TDT, mas quase uma inevitabilidade de o fazer".
O responsável pela dona da TVI assume "não ter interesse em continuar com um serviço que sabe estar desatualizado" e defende o recurso à Tarifa Social da Internet. "Se o objetivo é servir com vídeo 150 mil lares, usemos a internet para servir a essas pessoas", disse.
Da parte dos líderes do grupo Impresa e da RTP, Francisco Pedro Balsemão e Nicolau Santos, a posição é diferente, mas ambos assumem que o valor pago é demasiado elevado. "Não é possível fazê-lo, mas achamos que pagamos demais por aquilo que é o nosso retorno. Temos que pagar menos e isto merece uma discussão mais alargada", afirmou o dono da SIC e do Expresso.
O responsável pela RTP, estação pública, recusou comentar diretamente o tema, mas assume "que o custo é excessivo", admitindo que existam "outras maneiras que saem mais baratas a toda a gente".
Em declarações à margem do evento, Franscisco Pedro Balsemão reconheceu que "a TDT tem vindo a perder relevância" e disse estar disponível para uma conversa mais profunda sobre o tema.
"É difícil falar sobre algo que está legislado, por isso qualquer resposta minha seria especulativa, mas estamos disponíveis para participar numa discussão alargada", frisou.
Grupo Impresa disponível para parceria no streaming
O presidente da RTP sugeriu durante o painel que os operadores poderiam ter maior capacidade de concorrer contra as plataformas de streaming caso se juntassem e a possibilidade foi bem recebida por parte do Grupo Impresa. "A Opto está disponível para falar convosco", disse Francisco Balsemão.
Em declarações ao Negócios, o dono de marcas como a SIC e o Expresso disse que a resposta - que mereceu alguma surpresa da plateia - foi séria. "Lançamos a Opto com o intuito de agregar o maior número de pessoas possível, há exemplos lá fora disto que não correram tão bem quanto isso, mas não podemos achar que aqui também vai falhar. Podemos encontrar outro modelo. A minha resposta é: a Opto está disponível para albergar conteúdos de terceiros", reiterou, apontand que, obviamente, isso carece de uma negociação.
Empresários apontam concorrência desleal
A opinião é unânime: há concorrência desleal com gigantes como a Google. "Existe hoje em dia uma enorme fragmentação e compete-nos a nós encontrar caminhos para estar onde estão também esses consumidores, de forma a que consigam receber os conteúdos. Há alguma injustiça que leva a uma concorrência desleal com plataformas como a Google", afirmou Francisco Balsemão. Uma posição também defendida pelo presidente da RTP, que diz que os operadores tradicionais estão a perder receitas, correndo o risco de "pouco a pouco entrar numa espiral de irrelevância".
Para o CEO da Media Capital, Morais Leitão, isto combate-se com "parcerias". "A Google tem uma dimensão no mercado português e mundial que é desproporcionada com o mercado que atua (...) o antídoto é fazer parcerias, não adianta competir", afirmou.