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Jornais pressionam Bruxelas na privacidade online
Publicações como o The Guardian ou Financial Times não querem que seja possível a exclusão dos “cookies” através do navegador. Assim, dizem, está comprometida a sua capacidade de direccionar anúncios.
Os jornais europeus aumentaram a sua pressão sobre Bruxelas. Em causa estão as novas regras de privacidade online que, segundo eles, darão mais poder ao Google e Facebook na publicidade digital.
Os representantes de mais de 30 publicações – incluindo The Daily Mail, The Guardian, Financial Times, Le Monde ou Die Zeit – escreveram ao Parlamento e ao Conselho Europeus mostrando as suas preocupações.
Segundo o Financial Times, a medida surge antes de uma reunião no Parlamento Europeu esta segunda-feira, 29 de Maio, para discutir a actualizações de regulamentos europeus sobre privacidade, protecção de dados e direitos de autor.
As alterações de privacidade propostas permitiriam aos utilizadores excluir os chamados "cookies" – que rastreiam as páginas visitadas anteriormente – através de motores de busca como o Google Chrome e não uma exclusão individual como até agora.
Perante isto, os jornais prevêem um efeito negativo na sua capacidade de apresentar anúncios aos leitores, antecipando que a maioria dos internautas vai preferir activar ou excluir a funcionalidade através dos navegadores.
"Se, como resultados destas propostas, os editores de notícias não conseguissem oferecer publicidade relevante aos nossos leitores, tal reduziria a nossa capacidade de competir com a capacidade das plataformas digitais dominantes nas receitas de publicidade digital, acabando por prejudicar a nossa capacidade de investir em jornalismo de alta qualidade em toda a Europa", explicam na missiva.
Os jornais acrescentam ainda que as propostas sobre os "cookies" são contrárias ao regulamento de protecção de dados, que deverá entrar em vigor em 2018, desenvolvido para dar mais controlo aos utilizadores sobre as suas informações pessoais na internet.
De uma forma generalizada, os grupos de jornais têm visto as suas receitas de publicidade impressa cair em força. Na semana passada, por exemplo, o Daily Mail & General Trust, dono do Daily Mail, revelou uma queda de 12% nos seus principais títulos nos seis meses anteriores a Março.
Por sua vez, plataformas tecnológicas como o Google e o Facebook têm consolidado o seu poder na área publicitária. As duas empresas representam 20% do mercado de publicidade e entre 60 a 75% do bolo total das receitas da publicidade digital.