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Falta de papel na Venezuela suspende edição do centenário "El Universal"
A crise da falta de papel na Venezuela está a ditar o fim de várias edições impressas de jornais no país. Redacções acusam Governo de querer “calar” a imprensa.
O futuro da imprensa venezuelana está em causa pela falta de papel no país. Mais de duas dezenas de jornais têm vindo a racionar o papel usado na impressão das publicações e avançam a possibilidade de suspender a tiragem, como é o caso do centenário “El Universal”.
O jornal venezuelano, com 105 anos de história, uma das publicações mais antigas do país, já diminuiu o número de páginas no mês de Abril e voltou a reduzir no início de Maio. No entanto, o jornal avança que deixará de ser possível a publicação da edição impressa a partir de dia 15 de Maio.
“A grave situação origina-se, por um lado, na falta de aprovação por parte dos organismos que administram o controlo do câmbio, e, por outro, à não nacionalização de 600 toneladas de papel propriedade do ‘El Universal’ que chegaram ao Porto da Guaira a 17 de Janeiro. Esse material ainda não recebeu a devida autorização de liquidez para que possa ser retirado do depósito onde é mantido”, explicou o “El Universal”.
Desde 2003, que na Venezuela vigora um sistema de controlo cambial que limita a livre obtenção de moeda estrangeira no país, obrigando as empresas a pedirem formalmente às autoridades o acesso aos dólares oficiais para as importações.
“A intenção é calar a imprensa. Para isso o Governo já criou leis, abusou da propaganda oficial, da violência, das ameaças. Agora usa o papel”, criticou o director do “El Nacional”, um dos jornais em risco.
A Sociedade Interamericana de Imprensa acusa o Governo venezuelano de provocar o encerramento de jornais como medida hábil de protelar ou negar a aquisição de divisas para que assim não possam importar papel e outros produtos que não se produzem no país.