Notícia
“Estado financiar os media é um passo em direção ao abismo”
Diretor-geral editorial da Medialivre, grupo a que pertence o Jornal de Negócios, defende no 5.º Congresso de Jornalistas que “o jornalismo sério, rigoroso e independente é rentável”.
21 de Janeiro de 2024 às 11:16
A questão do financiamento dos media dominou, este sábado, o terceiro e penúltimo dia do 5.º Congresso dos Jornalistas, que se realiza
no Cinema São Jorge, em Lisboa.
Numa altura em que a situação vivida na Global Media (GMG) domina as atenções em torno da saúde das empresas de comunicação social, as opiniões de um painel, que contou com diretores de vários órgãos de comunicação social (‘Público’, ‘JN’, Lusa, ‘Observador’ e ‘Expresso’), dividiram-se quanto à ajuda do Estado ao setor.
Carlos Rodrigues, diretor-geral editorial da Medialilvre, grupo a que pertence o Negócios, CM, CMTV, Sábado e Record (entre outros títulos), alertou para o perigo de uma intervenção pública poder precipitar a morte do setor. "Se houver a suspeita de que é o Estado que passa a financiar o jornalismo, nós damos mais um passo em direção ao abismo", disse, preferindo enumerar aqueles que são os problemas da profissão.
"O jornalismo é vítima de autossuficiência temática, alienação do relacionamento com os públicos, desvalorização simbólica dos temas de serviço público e de proximidade, secundarização dos desafios tecnológicos, do abcesso das redes sociais e da aceitação de fronteiras demasiado difusas entre jornalismo e outras formas de comunicação."
Carlos Rodrigues lembrou que "antes de qualquer debate de financiamento ou políticas de literacia, é urgente fazer uma autocrítica sobre o jornalismo que globalmente é feito".
Já à margem do congresso afirmou que "é importante fazermos o balanço sobre quais são as melhores práticas, e em que pontos é que empresas que não têm rentabilidade económico-financeira falharam. Por uma razão simples: se o jornalismo não for rentável, não é livre".
Afirmou ainda que "não podemos culpar o leitor" pelo insucesso dos media porque "ele é soberano", cabendo aos jornalistas "entender a sua comunicação antes de deitarmos a mão ao Estado para salvar uma profissão que é feita numa lógica antipoder".
Por fim, deixou o exemplo da Medialivre e de como "o jornalismo sério, rigoroso e independente pode ser rentável". O 5.º Congresso dos Jornalistas termina este domingo com um debate em torno dos novos desafios da profissão.
no Cinema São Jorge, em Lisboa.
Numa altura em que a situação vivida na Global Media (GMG) domina as atenções em torno da saúde das empresas de comunicação social, as opiniões de um painel, que contou com diretores de vários órgãos de comunicação social (‘Público’, ‘JN’, Lusa, ‘Observador’ e ‘Expresso’), dividiram-se quanto à ajuda do Estado ao setor.
"O jornalismo é vítima de autossuficiência temática, alienação do relacionamento com os públicos, desvalorização simbólica dos temas de serviço público e de proximidade, secundarização dos desafios tecnológicos, do abcesso das redes sociais e da aceitação de fronteiras demasiado difusas entre jornalismo e outras formas de comunicação."
Carlos Rodrigues lembrou que "antes de qualquer debate de financiamento ou políticas de literacia, é urgente fazer uma autocrítica sobre o jornalismo que globalmente é feito".
Já à margem do congresso afirmou que "é importante fazermos o balanço sobre quais são as melhores práticas, e em que pontos é que empresas que não têm rentabilidade económico-financeira falharam. Por uma razão simples: se o jornalismo não for rentável, não é livre".
Afirmou ainda que "não podemos culpar o leitor" pelo insucesso dos media porque "ele é soberano", cabendo aos jornalistas "entender a sua comunicação antes de deitarmos a mão ao Estado para salvar uma profissão que é feita numa lógica antipoder".
Por fim, deixou o exemplo da Medialivre e de como "o jornalismo sério, rigoroso e independente pode ser rentável". O 5.º Congresso dos Jornalistas termina este domingo com um debate em torno dos novos desafios da profissão.