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Sindicato diz que adiar obras na mina de Neves-Corvo é para intimidar trabalhadores

O sindicato dos mineiros lamentou hoje a decisão da companhia Lundin Mining de adiar obras de um projecto de 260 milhões de euros na mina de Neves-Corvo, considerando ser uma forma de "intimidar" trabalhadores e evitar novas greves.

Pedro Elias
18 de Janeiro de 2018 às 18:38
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"Fomos apanhados de surpresa com a notícia da decisão, que, naturalmente, lamentamos e nos preocupa", porque se trata "de um grande investimento numa empresa com imensos postos de trabalho e numa região com enormes carências a nível laboral", disse à agência Lusa o coordenador da direcção do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Mineira (STIM) Luís Cavaco.

 

A decisão "faz parte da intimidação da Lundin Mining sobre os trabalhadores" da empresa Somincor, a concessionária da mina de Neves-Corvo, no concelho de Castro Verde, distrito de Beja, disse o sindicalista, afirmando: "Acredito que é uma forma de intimidar os trabalhadores para evitar que façam novas greves".

 

A companhia mineira sueca-canadiana Lundin Mining, a dona da Sominor, anunciou hoje que decidiu adiar obras do projecto de 260 milhões de euros para expandir a produção de zinco na mina de Neves-Corvo "dadas as perturbações laborais ocorridas no último trimestre de 2017 e a possibilidade de ocorrência de novas greves no primeiro trimestre de 2018" no complexo mineiro.

 

Nestas circunstâncias, "é crítico garantir a competitividade a longo prazo da mina de Neves-Corvo e que os projectos decorram de forma eficiente" para "atingir os retornos esperados do investimento", frisa a companhia, referindo que a Somincor espera arrancar com o projecto na sua totalidade "num futuro próximo".

 

Trabalhadores da Somincor fizeram três greves entre os meses de Outubro e Dezembro de 2017, as quais levaram a paragens na extracção e na produção de minério na mina de Neves-Corvo.

 

Na semana passada, num plenário geral, os trabalhadores decidiram fazer nova greve caso não recebam até ao dia 29 deste mês uma proposta da nova administração para resolver o conflito laboral na empresa.

 

Questionado pela Lusa sobre se a decisão da Lundin Mining poderá levar os trabalhadores a desistirem da nova greve, Luís Cavaco disse que os trabalhadores terão de analisar a decisão e decidirem o que irão fazer a seguir, ou seja, se vão avançar ou não com a greve caso a nova administração não apresente até ao dia 29 uma proposta para resolver o conflito.

 

Os trabalhadores reivindicam o fim do regime de laboração contínua no fundo da mina, a "humanização" dos horários de trabalho, a antecipação da idade da reforma para os funcionários das lavarias, a progressão nas carreiras, a revogação das alterações unilaterais na política de prémios e o "fim da pressão e da repressão sobre os trabalhadores".

 

O conflito laboral entre a Somincor e os trabalhadores e que provocou as greves "só existe porque a anterior administração da empresa não o quis resolver", disse Luís Cavaco, referindo que "a resolução do conflito e da instabilidade na empresa depende da nova administração".

 

"Se a nova administração apresentar uma solução para resolver os problemas laborais que existem na empresa e responder às reivindicações dos trabalhadores o conflito laboral e a instabilidade na empresa terminarão", disse, lembrando que o novo administrador-delegado da empresa já indicou que vai apresentar uma proposta ao STIM para resolver o conflito.

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