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São João da Madeira: Britânica que prometeu 440 empregos vai despedir 35% dos trabalhadores

O despedimento coletivo de 75 pessoas acontece apenas ano e meio após a Sleep 8 ter inaugurado a fábrica de colchões na terra natal de Pedro Nuno Santos, que resultou da conversão da antiga unidade industrial da Molaflex, num investimento de 10 milhões de euros.

Rui Neves ruineves@negocios.pt 05 de Abril de 2024 às 11:10

A 21 de outubro de 2022, a britânica Sleep 8, empresa especializada na produção e venda de colchões, camas e sofás, inaugurava uma fábrica em São João da Madeira, num investimento de 10 milhões de euros.

 

As instalações, com uma área da ordem dos 22 mil metros quadrados, estavam desocupadas desde meados de 2019, quando a Molaflex, detida pelo grupo espanhol Flex, se deslocalizou para o concelho vizinho de Santa Maria da Feira.

 

"Inspirados pela nossa visão e movidos pelos nossos valores, estamos inteiramente comprometidos com tudo o que envolve uma melhoria da qualidade do sono. Somos especialistas nesta indústria e acreditamos que um descanso de qualidade é a base para se viver melhor e mais feliz – é sobre onde dormimos, quando dormimos, como dormimos e até o que fazemos quando estamos acordados", afirmou Kateryna Akhtyrska Machado, CEO da Sleep 8, no seu discurso de inauguração, que contou com a presença do então secretário de Estado da Economia, João Neves.

 

O investimento em São João da Madeira permitiu a criação inicial de 200 postos de trabalho, com Kateryna Akhtyrska Machado a sinalizar a entrada em funcionamento de mais turnos de trabalho nos anos seguintes, admitindo a contratação adicional de 240 pessoas.

 

Entretanto, com cerca de quatro dezenas de lojas espalhadas por oito países da Europa, a Sleep 8 viria a abrir três pontos de venda em Portugal – em Santa Maria da Feira, Paços de Ferreira e Matosinhos, esta última, com 800 metros quadrados, inaugurada há um ano, tendo na altura sido apresentada como a maior loja do grupo sediado em Londres.

"É com absoluto pesar" que a empresa anuncia a "redução de cerca de 35%" dos efetivos

 

5 de abril de 2024: a Sleep 8, cuja unidade produtiva em Portugal opera sob a denominação social Advance Furniture Technologies (AFT), vai proceder a um despedimento coletivo de 75 dos cerca de 230 trabalhadores que emprega atualmente na fábrica saojoanense, adiantou fonte oficial da empresa ao Negócios.

Entretanto, em comunicado enviado ao Negócios, a AFT confirma o despedimento coletivo.

 

"É com absoluto pesar que vimos pelo presente comunicar que, após profunda ponderação, a gerência da AFT viu-se forçada a tomar a difícil decisão de iniciar um procedimento tendente à redução de cerca de 35% dos seus vínculos laborais", começa por afirmar.

"Com efeito, aquando da sua constituição, a AFT baseou a sua abordagem ao mercado tendo por referência a experiência de exercícios anteriores (os de 2020 e 2021) de acordo com os dados das vendas da Sleep.8 (marca que representa no território nacional), os quais eram bastante promissores", lembra.

 

Assim, a AFT "desenvolveu as suas unidades industriais com base nos dados do setor relativos àquela amostra, tendo dimensionado a sua estrutura de forma a garantir uma capacidade produtiva coincidente com a procura que o setor vinha demonstrando".

 

Acontece que, "a partir de 2022 o mercado teve um comportamento completamente inverso àquela que era a tendência sentida até então, como é aliás amplamente reconhecido pela generalidade dos operadores económicos", o que fez com que, "em comparação com a previsão inicial, a AFT tenha registado um decréscimo de cerca de 47% em número de unidades produzidas e de cerca de 46% no que concerne ao seu volume de negócios", refere, sem revelar valores.

 

"Absoluto respeito por todos os direitos e garantias dos trabalhadores"

Face a esta situação, "e para que a AFT possa inverter o ciclo negativo em que se encontra", a empresa considera que "é absolutamente necessário adotar medidas fundamentais, de caráter operacional e organizativo para conseguir inverter os resultados negativos verificados até à presente data, sob pena de se comprometer a sua viabilidade económica", alerta.

 

A implementação do despedimento coletivo "visa precisamente procurar manter a empresa no mercado e assegurar a generalidade dos seus postos de trabalho, o que apenas é possível se a sua estrutura de custos for devidamente adaptada às reais necessidades", defende.

 

De resto, a AFT promete que "norteará a condução do presente procedimento pelo absoluto respeito por todos os direitos e garantias dos trabalhadores, cuja carreira profissional e dedicação prestada não deixarão de ser devidamente considerados".



(Notícia atualizada às 11:21)

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