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Espanhóis da Molaflex deslocalizam fábrica da terra natal para a Feira
O grupo espanhol Flex vai deslocalizar a sua produção de São João da Madeira, onde emprega 300 pessoas, e de Porriño para Santa Maria da Feira, com um investimento de 13 milhões de euros na construção de uma nova unidade industrial.
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De acordo com fonte conhecedora do processo, "o arranque da construção da nova unidade industrial está iminente, devendo entrar provavelmente em funcionamento no final do ano, início do próximo". O director-geral da empresa, Victor Marinheiro, não quis detalhar o investimento, tendo apenas confirmado ao Negócios que "a Molaflex vai construir uma nova fábrica porque precisa de aumentar a sua capacidade produtiva".
Uma estratégia que, segundo Emídio Sousa, "se baseia na competitividade do território" feirense: "Localização geográfica, instrumentos municipais facilitadores do investimento, zonas industriais modernas, proximidade e colaboração institucional", elencou o autarca.
De acordo com o que o Negócios apurou, a nova fábrica da Molaflex vai traduzir-se num investimento de cerca de 13 milhões de euros, só na aquisição de terrenos e em obras de construção. A mesma fonte do Negócios garantiu que a unidade fabril será erguida no Lusopark, o mais recente parque empresarial do concelho que é capital mundial do sector da cortiça e que acolhe o Europarque.
Em termos de emprego, registe-se que a Molaflex emprega actualmente cerca de 300 pessoas em São João da Madeira, devendo na nova morada industrial "criar algumas dezenas de postos de trabalho". A empresa liderada por Victor Marinheiro, gestor da "escola Amorim", na empresa há 20 anos, factura anualmente mais de 30 milhões de euros , que é gerada maioritariamente (cerca de 60%) nos mercados externos.
A produção actual, que irá aumentar na nova frente fabril, ronda os 300 mil colchões, sendo que o aprovisionamento dos materiais é realizado em 95% junto de fornecedores nacionais. Apresentando-se como líder nacional do sector, a distribuição dos artigos de conforto que fabrica destina-se, essencialmente, aos segmentos do lar (60%) e da hotelaria (30%).
Fundado em 1912, o grupo espanhol Flex, que é controlado pela família Beteré, tem 11 fábricas em sete países, onde emprega cerca de dois mil trabalhadores, e facturou 323 milhões de euros em 2016.
Rui Moreira, o pai do "Molinhas"
A Molaflex foi fundada em São João da Madeira, em 1951, por Rui Moreira, pai do actual presidente da Câmara do Porto. Nos anos 60, Moreira fez o filho aparecer de pijama, aos pulos numa cama, na pele da mascote "Molinhas", num anúncio televisivo. O hoje autarca ganhou a alcunha "Molinhas".
A 11 de Março de 1975, o então patrão da fabricante de colchões, que estava em Paris, regressa imediatamente a Lisboa. De volta à fábrica, ao fim de dois dias, é preso e a empresa ocupada. Quando regressa à liberdade, oito meses depois, recupera a Molaflex, que viria a ser vendida em 1986 à francesa BFA (Faurecia), que alienou o negócio à espanhola Flex três anos depois.