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Patrões e sindicatos da cortiça voltam a falhar acordo salarial

Os empresários acenam com o "maior aumento salarial do século", correspondente a 2,25%, mas os representantes dos mais de oito mil trabalhadores do setor não prescindem de "pelo menos 20 euros mensais".

Jorge Miguel Gonçalves/Sábado
23 de Julho de 2019 às 12:54
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À sexta também não foi de vez. Após uma nova reunião para negociar o novo Contrato Coletivo de Trabalho, os patrões e os sindicatos do setor da cortiça continuam sem chegar a um entendimento sobre as subidas dos ordenados para os cerca de oito mil trabalhadores.

 

A última proposta da Associação Portuguesa da Cortiça (Apcor), que representa 280 empresas do setor, foi de uma progressão de 2,25%, descrito como "o maior aumento salarial do século". No início das negociações, a atualização proposta pelos patrões tinha sido de 1,8%, o que representaria um mínimo de 14,73 euros.

 

No entanto, o Sindicato dos Operários Corticeiros do Norte não cede. Liderado por Alírio Martins, a estrutura afeta à CGTP já avisou que "nenhum representante dos trabalhadores vai prescindir do aumento de, pelo menos, 20 euros mensais [a rondar 2,6%] no grupo XIV, que é o que reúne 95% dos empregos da indústria corticeira e o que representa os salários mais baixos". 

 

Numa nota enviada à imprensa esta terça-feira, 23 de julho, a Apcor fala num "bloqueio por parte dos sindicatos" e num "sinal claro de que só uma das partes está, de facto, a fazer um esforço para alcançar o acordo", sublinhando que "fica provado que tudo fez para que o acordo fosse possível ainda dentro de um período importante para a vida pessoal e familiar dos seus trabalhadores".

 

"Importa salientar que o valor [do aumento proposto] é três vezes o valor da inflação previsto para o ano de 2019, e que garante o pleno poder de compra dos trabalhadores. Acresce, ainda, um reforço do valor relativo ao subsídio de refeição que passaria para 5,65 euros / dia, o que o coloca claramente como um dos mais altos a nível nacional", acrescenta a associação liderada por João Rui Ferreira.

 

Além de uma atualização salarial de 23 euros para o grupo XIV, correspondente a um aumento de 3%, do caderno reivindicativo apresentado inicialmente pelo sindicato constava a atualização do subsídio de refeição para seis euros diários (mais 45 cêntimos), 25 dias úteis de férias, o alargamento das diuturnidades para todos os trabalhadores, o pagamento de complemento de subsídio de doença profissional e a introdução de uma "nova cláusula sobre o combate e proibição do assédio".

 

De acordo com as estatísticas publicadas pela associação patronal, que fala num "momento de algum abrandamento da atividade económica", a quota de exportações portuguesas no setor da cortiça ronda os 63%, o que equivale a 986 milhões de euros para mais de 130 destinos. O país representa cerca de 17% da produção mundial e 80% das empresas do setor estão situadas na região de Entre Douro e Vouga.

 

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