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Lucros da Navigator crescem 115% para 50,6 milhões no primeiro trimestre

O volume de negócios do grupo cresceu 44% até março, face ao período homólogo de 2021, "impulsionado pela subida dos preços". Já os custos de produção e de logística sofreram um agravamento, alertando o grupo que ainda não expressam na totalidade os aumentos de preços anunciados pelos fornecedores.

24 de Maio de 2022 às 07:29
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A The Navigator Company obteve lucros de 50,6 milhões de euros no primeiro trimestre deste ano, o que equivale a uma subida de 115,2% face ao mesmo período de 2021, anunciou esta terça-feira a empresa em comunicado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

O volume de negócios do grupo produtor de pasta e papel totalizou 492 milhões de euros até março, impulsionado pela evolução favorável de preços, o que revela um crescimento de 44% face ao trimestre homólogo de 2021, salientando a empresa que exportou 93% das suas vendas de papel de impressão e escrita (UWF na sigla em inglês), com apenas 7% das vendas realizadas no mercado nacional.

O grupo revela que o volume de vendas de papel situou-se 3% abaixo do primeiro trimestre de 2021, devido à necessidade de reposição de stocks e a "dificuldades logísticas que se vinham já a sentir"


Também o volume de vendas de pasta ficou 1% abaixo dos primeiros três meses do ano passado, dada igualmente a necessidade de reposição de stocks de pasta e maior integração em papel.

O volume de tissue diminuiu 4% face ao trimestre homólogo, essencialmente "pelo desacelerar acentuado de vendas de bobines, tendo o segmento de produto acabado continuado a registar crescimento", refere.

Já em termos de volume de produção, a Navigator revela que aumentou em todos os negócios face ao período homólogo, com acréscimos de 12% no segmento de pasta, de 5% no segmento de papel, 2% no segmento de tissue e 3% no segmento de energia.

Nos primeiros três meses deste ano, a empresa atingiu um EBITDA de 122 milhões de euros e uma margem sobre vendas de 25% (mais 4 pontos percentuais face ao trimestre homólogo), "beneficiando do esforço de melhoria de eficiência e consumos, e evolução favorável dos preços de venda estabelecidos nos mercados internacionais", explica.

O grupo realça ainda que ao longo do trimestre "verificou-se uma evolução negativa dos custos de produção em cerca de 39 milhões de euros, quando comparamos com o período homólogo", penalizados essencialmente pelo aumento de custo da madeira, por via do mix de madeiras, e também pelo aumento do custo das fibras externas, da energia e dos químicos.

Acrescenta que se verificou também um agravamento significativo dos custos de logística que apresentam uma evolução negativa de 12 milhões de euros, fazendo notar que "os constrangimentos logísticos mantêm-se e estão a afetar de forma transversal a economia".

O grupo assume que "a dinâmica do mercado de papel foi condicionada por diversos fatores, no trimestre, desde logo pelo escalar da guerra na Europa que condicionou os mercados com aumento de incerteza e receios de disrupção nas várias cadeias de abastecimento a montante e a jusante da nossa atividade".

Como assinala, o consequente aumento de custos face ao trimestre anterior "foi bastante expressivo", com destaque para as matérias-primas, nomeadamente os químicos, energia e logística, sendo que, alerta, "os incrementos de custos não expressam ainda na totalidade os aumentos de preços já anunciados pelos fornecedores, dado que em parte refletem stocks ou contratos que transitaram de 2021".

 

Até março os resultados financeiros da Navigator situaram-se em 4,7 milhões de euros negativos, uma melhoria de 5 milhões, "explicada em parte por resultados com valor expressivo ocorridos em 2021 e que não se verificam em 2022, nomeadamente o custo do cancelamento de um swap de taxas de juro associado a um empréstimo obrigacionista, o resultado cambial do financiamento da subsidiária em Moçambique, juros compensatórios recebidos, e proveitos associados ao processo antidumping nos EUA", refere.

O endividamento líquido registou uma redução de 77 milhões de euros face ao final de 2021 para 517,9 milhões. O rácio Net Debt/EBITDA fixou-se em 1,28X.


O valor do investimento no trimestre foi de cerca de 15 milhões de euros, maioritariamente direcionado para a manutenção da capacidade produtiva, modernização dos equipamentos e melhoria de eficiência.

A Navigator assume na apresentação dos resultados do primeiro trimestre que "a rápida mudança do quadro macroeconómico e geopolítico europeu causada pela guerra na Ucrânia está a aumentar a incerteza e insegurança em termos globais" e que "permanece o risco de aumento ou manutenção de custos variáveis em níveis historicamente altos, em consequência da volatilidade dos preços de matérias-primas, energia, madeira e logística". 

Para o grupo, "a forte pressão inflacionista aliada a uma expetativa de rápida subida de taxas de juro poderá resultar numa desaceleração económica global e, consequentemente, provocar efeitos adversos transversais à indústria e ao setor em particular".

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