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Lucros da Corticeira Amorim caem 32% com prejuízos nos pavimentos e derrapagem nas vendas

Com a faturação a sofrer uma queda de 10% para 234,7 milhões de euros, a empresa fechou os primeiro três meses deste ano com lucros de apenas 16,1 milhões de euros, reflexo dos custos não recorrentes da reestruturação do Amorim Cork Flooring e do serviço da dívida.

António Rios Amorim, presidente da Corticeira Amorim. João Manuel Ribeiro
09 de Maio de 2024 às 16:46
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Após ter fechado 2023 abaixo dos mil milhões de euros de vendas, cifra recorde atingida no ano anterior, e menos 9,5 milhões de euros de lucros, a Corticeira Amorim entrou a derrapar em 2024.

 

A empresa liderada por António Rios Amorim encerrou os primeiros três meses deste ano com lucros de 16,1 milhões de euros, menos 32,4% do que o resultado líquido obtido no mesmo período do ano passado.

"Esta evolução reflete a inclusão de custos não recorrentes da implementação no curto prazo de um Plano de Otimização Industrial na Amorim Cork Flooring (quatro milhões de euros), bem como o aumento dos encargos financeiros em consequência do aumento das taxas de juro e do maior nível de endividamento", explica a Corticeira Amorim, esta quinta-feira, 9 de maio, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM).

Já as vendas registaram um decréscimo homólogo de 9,7%, para 234,7 milhões de euros, "principalmente pela redução dos volume de venda", realça a empresa com sede em Mozelos, Santa Maria da Feira.

"Num contexto marcado por uma elevada incerteza", líder deseja um "2024 positivo"

 

A má performance económico-financeira da Corticeira Amorim até março levou mesmo o presidente da empresa a deixar uma mensagem ao mercado: "Os primeiros três meses do ano foram afetados por condições de mercado desfavoráveis", começa por justificar António Rios Amorim.

 

"Perante os efeitos negativos da desalavancagem operacional, refletindo uma contração de volumes nos setores onde operamos, e do aumento de preços de consumo de cortiça, os nossos esforços concentraram-se em aumentar a eficiência industrial, melhorar o ‘mix’ e ganhar quota de mercado", detalha.

 

Já no segmento de pavimentos, "face à ausência de sinais encorajadores do mercado europeu, tornou-se inevitável a implementação, no curto prazo, de um ‘Plano de Otimização Industrial’ que visa reduzir as perdas operacionais e aumentar a eficiência da Amorim Cork Flooring", revela o líder da Corticeira Amorim.

 

De resto, "num contexto marcado por uma elevada incerteza", António Rios Amorim pretende que "2024 seja um ano positivo para a Corticeira Amorim".

 

"Contamos com a resiliência e dedicação das nossas pessoas, confiantes de que os investimentos realizados nos últimos anos permitirão continuar a disponibilizar produtos e soluções inovadoras, conquistar novos mercados e clientes, protegendo os níveis de rentabilidade e reforçando a solidez financeira", remata Rios Amorim na mensagem que abre o comunicado publicado no site da CMVM.

Vendas de rolhas afundam, EBITDA quebra e dívida baixa

 

Todas as unidades de negócio da Corticeira Amorim registaram "pressão sobre as vendas", exceto a Amorim Cork Composites, cujas vendas cresceram 0,6% para 27,5 milhões de euros nos primeiros três meses deste ano.

 

Já as vendas da Amorim Cork - a unidade das rolhas -, que representaram 77% da faturação da empresa, registaram uma queda homóloga de 10,4%, tendo sido "penalizadas pela redução dos volumes, transversal a todos os segmentos, ainda que tenham beneficiado de melhorias do ‘mix’ de produto e da implementação de subida de preços", nota a Corticeira Amorim.

 

Os resultados antes de juros, impostos, depreciações e amortizações (EBITDA) totalizaram 43,7 milhões de euros, contra 47,9 milhões um ano antes. "O consumo de matérias-primas cortiça adquiridas a preços mais elevados e os efeitos negativos da desalavancagem operacional foram determinantes para esta redução", regista a empresa.

 

O rácio EBITDA/Vendas avançou para 18,6%, contra 18,4% um ano antes.

 

A Amorim Cork e a Amorim Cork Composites foram as unidades de negócio que se destacaram em termos de melhoria de rentabilidade no período, refletindo, entre outros, "menores custos de matérias-primas não cortiça e melhores eficiências industriais".  

 

No final de março passado, "apesar do acréscimo das necessidades de fundo de maneio (25,7 milhões de euros) e do aumento do investimento em ativo fixo (12,4 milhões de euros)", a dívida remunerada líquida da Corticeira Amorim baixou para 236,7 milhões de euros, menos 4,1 milhões de euros face ao final de 2023.  

"PREC" na Amorim Cork Flooring após acumulação de prejuízos

 

Uma nota final para outro facto relevante na vida do maior grupo de transformação de cortiça do mundo: a difícil situação em que se encontra a Amorim Cork Flooring, conhecida pela produção de pavimentos e decorativos de parede de cortiça, que tinha já fechado o ano de 2023 com um EBITDA negativo de 7,9 milhões de euros.

 

Um registo que levou a Corticeira Amorim a assumir, no relatório e contas de 2023, que "o ano de 2024 será determinante para o futuro da unidade de negócios. Ou o produto tem aceitação no mercado ou medidas mais aprofundadas em termos de estratégia de negócio vão ter de ser implementadas".

 

Sobre esta matéria, no comunicado enviado esta quinta-feira à CMVM, a Corticeira Amorim refere que, "influenciado pelo contexto económico que afeta o setor da construção e pela intensificação da concorrência de produtores asiáticos, o mercado de pavimentos na Europa enfrentou reduções de vendas de 14% em 2022 e de cerca de 20% em 2023, registando perdas significativas que têm levado os grandes ‘players’ do sector a implementar medidas para redução de custos".

 

Este contexto desfavorável "penalizou também a atividade e os resultados da Amorim Cork Flooring que, nos últimos anos, tem apresentado prejuízos que se agravaram nos primeiros meses de 2024", frisa a empresa.

Considerando "o exigente contexto macroeconómico, a inexistência de sinais de recuperação da indústria de pavimentos e as atuais debilidades competitivas da Amorim Cork Flooring", a Corticeira Amorim decidiu "iniciar um processo de reestruturação desta unidade de negócio que implica, numa primeira fase, o ajustamento da sua estrutura produtiva e de suporte à dimensão atual das vendas, de forma a reduzir as perdas operacionais e aumentar a eficiência pela otimização industrial", remata.

 
(Notícia atualizada às 17:12)

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