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Itália retira poder a acionista chinês da Pirelli

Governo de Giogia Melloni alega preocupações relativas à segurança nacional e aprova medida para impedir que a Sinochem indique o CEO da fabricante de pneus, apesar de ser acionista maioritária da empresa.

Tronchetti Provera é o CEO da empresa desde 1992. Flavio Lo Scalzo/Reuters
18 de Junho de 2023 às 18:50
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Itália retirou o poder de decisão à chinesa Sinochem enquanto maior acionista da Pirelli, removendo-lhe o direito de nomear o CEO ou definir a estratégia da fabricante de pneus. O executivo italiano invoca questões de segurança nacional, em resposta a preocupações sobre a interferência do Estado chinês.

 

Segundo o Financial Times, o governo da primeiro-ministro Giorgia Meloni invocou preocupações de segurança nacional sobre o potencial de uso indevido da tecnologia de componentes eletrónicos da Pirelli, bem como uma eventual interferência do partido comunista chinês, para justificar as medidas que restringem os direitos da Sinochem.

O conglomerado estatal chinês Sinoche detém uma participação de 37% na Pirelli e já em março a Bloomberg tinha avançado que o governo italiano estava a considerar a possibilidade de limitar a partilha de informação tecnológica relevante com os membros do conselho de administração representantes da Sinochem ou limitar os seus direitos de voto.

Na sexta-feira, o governo italiano fez o anúncio formal, que não tem precedentes, de que iria impor "um conjunto de medidas de segurança para salvaguardar a independência da Pirelli".

Este domingo, Financial Times revelou os termos das medidas apresentadas e que dão à Cmfin, o veículo de investimento privado do atual CEO da empresa, Tronchetti Provera, e que detém apenas 14% da companhia, o direito de apontar por um período de tempo indefinido o presidente executivo.

De acordo com a ordem do governo italiano, consultada pelo FT, a Sinochem, que detém a participação na Pirelli através da China National Rubber Company, será também barrada de qualquer envolvimento nas decisões da fabricante de pneus relativas a "fusões, aquisições, vendas, spin-offs ou colocação de instrumentos financeiros".

A tensão entre Tronchetti e o seu acionista chinês vem detrás. Num acordo acionista anterior, a Sinochem tinha aceitado que Tronchetti Provera, que gere a empresa desde 1992, indicasse o CEO.

Contudo, recentemente o conglomerado chinês propôs um novo acordo acionista que previa a eliminação dessa prerrogativa, o que agudizou a relação entre os dois acionistas.

Esta revisão do acordo foi apresentada ao governo italiano em março, que detém uma "golden share" sobre a fabricante de pneus. O executivo italiano pode assim vetar decisões estratégicas, forçar vendas ou impor decisões a investidores estrangeiros, o que acabou por levar a cabo nesta revisão.

Quando a Sinochem entrou na empresa italiana, em 2015, os poderes associados ao Estado italiano, enquanto acionista com "golden share" eram mais limitados do que a versão que agora limita os direitos acionistas do conglomerado.

Segundo o Financial Times, a Sinochem não quis fazer nenhum comentário sobre as medidas aprovadas pelo governo italiano, adiantando que os advogados da empresa e Pequim estão ainda a avaliar a decisão e as suas implicações. A Pirelli também não reagiu aos detalhes avanaçados pelo jornal britânico, adiantando que deveria publicar um comunicado ainda este domingo.


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