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Inditex reclama “carinho” português desde que saiu da garagem galega

Treze anos após abrir a primeira loja na Corunha, arrancava na rua de Santa Catarina, no Porto, a primeira loja da Zara no estrangeiro. Um quarto de século depois, as oito marcas do grupo Inditex somam 348 lojas em Portugal.

3 - Amancio Ortega, Espanha, 57 mil milhões de dólares
30 de Abril de 2013 às 15:58
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Foi no Porto que abriu em 1988 a primeira loja fora de Espanha e foi também ali que a dona da Zara começou a testar há dois anos o novo formato de loja. Recentemente ultrapassado pela China como o mercado externo com mais pontos de venda, o território nacional continua a ser "ponto de referência sobre o caminho a seguir". O espírito empresarial, esse, encontra a inspiração nos pescadores da Galiza.

 

Treze anos após abrir a primeira loja na Corunha, arrancava na rua de Santa Catarina, no Porto, a primeira loja da Zara no estrangeiro. Um quarto de século depois, as oito marcas do grupo Inditex somam 348 lojas em Portugal: 81 da Zara, 62 da Pull & Bear, 43 da Massimo Dutti, 49 da Bershka, 43 da Stradivarius, 36 da Oysgo, 27 da Zara Home e as restantes 7 da mais recente Uterque.

 

Como aconteceu há dois anos com o novo formato de loja - está agora a ser replicado nos 86 mercados dos cinco continentes onde está presente - Portugal continua a ser um palco privilegiado para o teste e implementação das principais inovações do maior grupo têxtil a nível mundial, que em 2012 facturou 15.946 milhões de euros, aumentando os lucros em 22%, para 2.361 milhões de euros.

 

O gigante retalhista do sector do vestuário olha então para o outro lado da fronteira como um território de experimentação? "Não o chamaria assim. Não os vemos como dois mundos à parte, as equipas da central [na Corunha, onde está o "cérebro" criativo e comercial] e de Portugal não se sentem como culturas à parte. A proximidade leva a tentar primeiro no que sabes que pode funcionar, é um ponto de referência sobre o caminho a seguir", respondeu o director de comunicação da Inditex, Jesús Echevarría.

 

Durante um encontro com a imprensa portuguesa no complexo empresarial em Arteixe, a poucos quilómetros da Corunha, onde trabalham quatro mil pessoas e funciona um dos três centros logísticos da marca mais representativa (os outros estão em Madrid e Saragoça), o responsável referiu-se a Portugal como um mercado "importante pela proximidade e pelo carinho". Algo que se reflecte igualmente a nível industrial, já que encomenda a perto de 200 fornecedores portugueses quase um terço da produção de moda, que é aquela que gera maior notoriedade e valor acrescentado.

 

O caminho marítimo começou em "GOA"

 

A odisseia empresarial de Amancio Ortega Gaona arrancou, todavia, mais de uma década antes de abrir as portas da primeira loja, na qual começou a ensaiar o "segredo" das oito marcas do grupo. "A perguntar ao empregado: o que vendeste, o que te pediram? Se precisas de dezenas de unidades desta peça vou então fazer especificamente o que precisas", recriou Echevarría. Tudo começou então em 1963 numa pequena garagem na cidade onde o discretíssimo empresário espanhol ainda hoje vive. Inverteu as iniciais do nome e baptizou de "GOA" aquela primeira "fabriqueta" de confecções.

 

Mesmo tendo-se tornado uma multinacional, ganho escala e reconhecimento global, ultrapassado em Maio do ano passado a Telefónica como a maior cotada espanhola e de empregar 120 mil pessoas - entre as quais designers de 40 nacionalidades no centro criativo de Arteixe -, todos os interlocutores repetem incansáveis que "a chave da [cultura] Inditex é muito galega".

 

Trabalho de equipa, não ser muito arrogante, discrição - o fundador Amancio Ortega e o actual CEO, Pablo Isla, não dão entrevistas -, sacrifício e esforço, enumerou o aprumado e voluntarioso director de comunicação, antes de concluir o guião: "Este espírito dos pescadores daqui influencia muito o espírito da empresa".

 

* o jornalista viajou a convite da Inditex

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