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Inditex fabrica um terço da moda em Portugal

São perto de 200 os fornecedores de primeira linha portugueses que produzem as séries curtas das peças de maior qualidade para o grupo que detém a Zara. Os espanhóis não exigem exclusividade; pelo contrário, garantem que valorizam as indústrias que trabalham para outras marcas internacionais.

Bloomberg
29 de Abril de 2013 às 20:38
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O modelo de negócios da Inditex, que assenta na recolha diária de informação sobre a preferência dos clientes nas seis mil lojas que tem nos cinco continentes, deixa um prazo de apenas duas a três semanas para a produção dos artigos de moda. Este segmento - o mais relevante em termos de valor para o grupo espanhol - é, por isso, fabricado em mercados próximos aos centros de abastecimento em Espanha, uma vez que as lojas têm de ser abastecidas duas vezes por semana.

 

Espanha, Portugal e Marrocos são responsáveis por este "aprovisionamento de proximidade", que representa 51% do volume total de 970 milhões de peças produzidas anualmente pelo gigante retalhista de vestuário. Deste lote da produção, quase um terço vem de fábricas portuguesas. "É um terço importante, sobretudo de peças de qualidade. A moda, em que as séries de produção são curtas, é a nossa fatia mais importante", disse esta segunda-feira o director de comunicação da Inditex, Jesús Echevarría.

 

Durante um encontro com jornalistas portugueses, realizado na sede da empresa, na Corunha, o responsável adiantou que "os fornecedores de primeira linha em Portugal são à volta de 200". Estas duas centenas podem subcontratar a produção a outras fábricas nacionais, embora o código de conduta da Inditex exija "saber para que sítios vai a produção".

 

A empresa formou oito clusters - além dos três próximos para o segmento moda, as peças "básicas" de vestuário são fabricadas no Brasil, Turquia, Índia, Bangladesh e China - e cada um deles tem equipas próprias para fazer esse seguimento. Qualquer fornecedor tem de ter listadas as fábricas a que vão mandar a produção e que são supervisionadas. Se há algo que está errado temos medidas correctivas. A ideia é que o fornecedor cresça connosco e não abandoná-lo porque há algo que ele faz bem", frisou Echevarría.

 

Questionado sobre a existência de cláusulas de exclusividade para os fornecedores portugueses, o director de comunicação negou, garantindo que acontece precisamente o contrário. "Uma das notas favoráveis que lhes damos é por estarem a trabalhar com outras marcas, e quanto mais internacionais melhor", acrescentou.

 

Na zona industrial de Arteixe, nos arredores da Corunha, está instalada a sede corporativa da empresa, um dos três grandes centros de distribuição e também o quartel-general criativo e comercial da Zara. Esta marca vale dois terços das vendas totais do grupo, que em 2012 aumentaram 16%, para 15.946 milhões de euros. O portfólio do grupo fica completo com outras sete marcas: Pull&Bear, Massimo Dutti, Bershka, Stradivarius, Oysho, Zara Home e Uterque.

 

É também nesta pequena povoação galega que a Inditex mantém em funcionamento a maior parte das 11 fábricas próprias. A opção estratégica é explicada por razões históricas - "começámos em 1975 como fabricantes numa garagem" - e também pelas "vantagens para o negócio", uma vez que garante maior flexibilidade e rapidez na satisfação de encomendas urgentes. Além disso, esta actividade industrial acaba por favorecer alguns dos fornecedores externos, já que o grupo consegue ter "melhor capacidade negocial" na compra de matéria-prima, que depois envia para as fábricas de confecção estrangeiras.

 

* o jornalista, em Madrid, a convite da Inditex

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