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Corticeira Amorim reforça lucros para 20 milhões no trimestre sem covid-19
A covid-19 não teve qualquer impacto na facturação da líder mundial da fileira da cortiça nos primeiros três meses de 2020, que até aumentou 0,7% para 203,7 milhões de euros face há um ano, mas “as expectativas para abril, maio e junho são de redução”.
A Corticeira Amorim, que adiou para junho a decisão sobre o pagamento de dividendos por conta dos lucros obtidos no ano passado, face às incertezas sobre o real impacto da covid-19, fechou as contas do primeiro trimestre deste ano praticamente imune à pandemia.
Os lucros nos primeiros três meses de 2020 foram de aproximadamente 19,9 milhões de euros, mais 1,3 milhões do que no mesmo período do ano passado, enquanto as vendas registaram um crescimento homólogo de 0,7%, para 203,7 milhões de euros.
"De salientar que o trimestre homólogo foi o mais elevado em termos de crescimento de vendas de 2019 (mais 9,2%), condicionando o comparativo para o primeiro trimestre de 2020", ressalva a Corticeira Amorim, em comunicado sobre as contas do grupo, enviado esta quinta-feira, 14 de maio, para a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM)
O grupo liderado por António Rios Amorim realça, ainda, que "o início do ano também foi afetado pelos sinais de abrandamento prévios à covid-19 resultantes da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China e, também, pelo aplicar de tarifas de 25% impostas pelos Estados Unidos à importação de vinhos europeus com menos de 14% álcool".
O EBITDA consolidado no primeiro trimestre registou um aumento homólogo de 2,8%, para 35,8 milhões de euros.
Uma evolução que "reflete os aumentos de preços de venda e os ganhos de eficiência operacional nas várias unidades de negócio, que compensam o efeito negativo do aumento do preço de consumo das matérias-primas", explica a empresa.
No final de março, "apesar das necessidades de investimento em fundo de maneio (15,1 milhões de euros) e no ativo fixo (8,4 milhões de euros)", o grupo conseguiu reduzir a dívida remunerada líquida para 152,3 milhões de euros, menos 8,8 milhões do que no final de 2019.
"A robustez do balanço da Corticeira Amorim, associado ao apoio das instituições financeiras, garantem uma adequada e equilibrada estrutura de capitais", conclui a líder mundial da fileira da cortiça, salientando que terminou o trimestre com caixa e equivalentes no valor de 74 milhões de euros, "o que permite salvaguardar limitações de liquidez que possam vir a ocorrer".
Grupo "prestará especial atenção à questão da cobrança de clientes"
É que, apesar de ter ficado praticamente imune à covid-19 no primeiro trimestre, é certo que vai sentir o impacto da pandemia no seu negócio neste segundo trimestre.
"Até final de março não se registou impacto material no volume de negócios e, apesar de atualmente se manter uma atividade industrial quase em pleno, as expectativas para abril, maio e junho são de redução", reconhece a Corticeira Amorim.
"Neste momento, o impacto dos efeitos diretos e indiretos da covid-19 é de difícil mensuração, estando largamente dependente da extensão da sua disseminação e dos seus efeitos sobre a economia global", afirma, detalhando que "prestará especial atenção à questão das cobranças de clientes". Mas vai adiantando que, "num universo de quase 30 mil clientes em todo o globo, o risco está significativamente repartido".
120 trabalhadores ficaram quatro semanas retidos na cerca sanitária de Ovar
Sobre o impacto da covid-19 no seu perímetro industrial, a Corticeira Amorim dá conta que, em Portugal, 120 dos seus 3.200 trabalhadores ficaram retidos na cerca sanitária de Ovar durante quatro semanas, enquanto os 1.200 que emprega no exterior "mantiveram o seu normal desempenho".
Por unidades de negócio, a estrela da companhia, a das rolhas, faturou 144,8 milhões de euros no primeiro trimestre, mais 1% do que no mesmo período do ano passado, enquanto a de revestimentos conseguiu inverter a tendência de diminuição das vendas nos trimestres anteriores, terminando os primeiros três meses de 2020 com um crescimento das vendas de 11%, para 31,5 milhões de euros.
Em baixa estiveram os negócios das matérias-primas (menos 7,7%, para 54,2 milhões de euros), dos aglomerados compósitos (menos 6,7%, para 24,9 milhões de euros) e dos Isolamentos (menos 12,4%).
(Notícia atualizada às 17:12)