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Corticeira Amorim dispara vendas, lucra 64 milhões e vai pagar dividendo extra de 9 cêntimos
Apesar do aumento homólogo das vendas em 24% até Setembro, alerta que “os sinais de abrandamento são notórios” face aos primeiros seis meses deste ano, tendo constituído imparidades “para refletir uma abordagem prudente à exposição à Rússia, Ucrânia e Bielorrússia”.
Um ano após ter retomado a tradição, iniciada em 2012, de pagar um dividendo intercalar aos acionistas, que foi apenas interrompida em 2020, o conselho de administração da Corticeira Amorim vai propor à assembleia geral, a realizar a 5 de dezembro próximo, o pagamento de um dividendo extraordinário de nove cêntimos por acção através da distribuição de reservas livres.
Uma decisão determinada pelos bons resultados do grupo liderado por António Rios Amorim, que entre janeiro e setembro obteve lucros de 64,2 milhões de euros, mais 10,6% do que em igual período do ano passado.
A Corticeira Amorim ressalva que os lucros registados até setembro incluem resultados não recorrentes, os quais "referem-se essencialmente à venda de uma propriedade de investimento e à constituição de imparidades (inventários e clientes) para refletir uma abordagem prudente à exposição a Rússia, Ucrânia e Bielorrússia", esclarece, em comunicado enviado à Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM), esta segunda-feira, 7 de novembro.
Na frente das vendas, o maior grupo de transformação de cortiça do mundo fechou os primeiros nove meses deste ano com um crescimento homólogo de 24%, para 790,3 milhões de euros, uma performance bastante insuflada pela consolidação da empresa italiana Saci, que é detida pela Corticeira Amorim em 50% desde 1 de janeiro.
Mas, mesmo em termos comparáveis, ou seja, sem o contributo da Saci, "as vendas aumentaram 10,3%", realça o grupo sediado em Mozelos, Santa Maria da Feira.
"Todas as unidades de negócio registaram crescimentos de vendas, refletindo essencialmente a melhoria do mix de produto, a subida de preços e maiores níveis de actividade, ainda que os sinais de abrandamento sejam notórios face à evolução no primeiro semestre do ano", alerta.
De resto, "as vendas beneficiaram também de um impacto cambial positivo – excluindo esse efeito, as vendas teriam subido 21,9% nos primeiros nove meses de 2022", enfatiza.
Dívida remunerada líquida passou de 30 para 114 milhões de euros
O EBITDA (resultado antes de impostos, juros, amortizações e depreciações) consolidado da Corticeira Amorim atingiu 131,2 milhões de euros, mais 18,9% face aos primeiros nove meses de 2021.
"O aumento do preço de eletricidade, de algumas matérias-primas não cortiça, bem como dos custos com pessoal, continuaram a pressionar os resultados operacionais, agravados neste trimestre por uma menor alavancagem operacional face aos dois trimestres anteriores", explica o grupo controlado pelos descendentes de Américo Amorim e a família Rios Amorim.
No final de setembro, a dívida remunerada líquida da Corticeira Amorim totalizava 113,5 milhões de euros, o que traduz um aumento de 83,6 milhões de euros face há um ano e de 65 milhões em relação ao final de 2021.
"Este valor reflete as aquisições realizadas no período, nomeadamente a participação de 50% na Saci (49 milhões de euros), a participação de 50% na Cold River’s Homestead, detentora de uma parte da chamada Herdade do Rio Frio (15 milhões) e o terreno de uma outra parte da Herdade do Rio Frio (22 milhões). Inclui ainda o acréscimo das necessidades de fundo de maneio (45 milhões), o aumento do investimento em ativo fixo (52 milhões) e o pagamento de dividendos (27 milhões de euros)", relata a Corticeira Amorim.
Negócio que vale quase três quartos das vendas cresceu 28%
Por unidades de negócio, o grande destaque vai para o segmento das rolhas, que vale 73% das vendas consolidadas da Corticeira Amorim, tendo atingido os 584,2 milhões de euros nos primeiros nove meses de 2022, mais 28,2% do que no mesmo período do ano passado.
O forte aumento das vendas no negócio das rolhas deveu-se não só à integração da Saci no perímetro de consolidação, tendo sido "sobretudo impulsionado pela subida de preços e melhoria do mix produto", com o EBITDA desta unidade a cifrar-se em 102,1 milhões de euros, o que representa um acréscimo homólogo de 21,2%.
Em termos de dimensão, seguiu-se a unidade de revestimentos, cujas vendas aumentaram 14,2% para 106 milhões de euros, enquanto a de aglomerados compósitos registou um crescimento de 8,2% para 94,1 milhões de euros, e a de isolamentos 12,2% para 11,9 milhões de euros.