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Metade das mediadoras imobiliárias prevê perder negócio em 2021
Apenas 24% conta aumentar as suas vendas este ano, de acordo com um inquérito realizado pela Associação dos Mediadores do Imobiliário de Portugal (ASMIP) aos seus 850 associados.
As empresas de mediação imobiliária encaram o futuro da atividade com preocupação. A Associação dos Mediadores do Imobiliário de Portugal (ASMIP) concluiu que 46% das empresas que fazem parte desta organização prevê uma redução da atividade durante este ano.
De acordo os resultados do inquérito que promoveu, em janeiro, junto das suas "850 empresas associadas ativas", 30% do total acredita na manutenção da atividade e apenas 24% "acha que poderá registar-se um crescimento dos negócios, embora parte significativa (17%) deste último grupo espere apenas uma retoma ligeira", ressalva a ASMIP, em comunicado.
Para os que esperam uma diminuição do negócio, "a maioria dos inquiridos acredita que a quebra pode situar-se entre os 5% a 10%", enquanto os que esperam alguma retoma, "a maioria considera que pode atingir os 10%".
Por segmentos, realça que a realização de negócios é esperada sobretudo na componente residencial e nos terrenos. "Para todas as demais categorias é considerado que haverá uma quebra nas vendas, com destaque para os 77% dos inquiridos que acreditam na diminuição das vendas de habitação turística, contra 20% na manutenção e apenas 3% que acham que haverá algum aumento do negócio".
Há também uma perceção generalizada de que os negócios de venda de espaços comerciais, industriais e escritórios "serão bastante afetados pela crise, considerando, ainda, que nestes segmentos a mesma situação vai acontecer com os arrendamentos".
Quanto à evolução da atividade em 2020, apenas 23% dos inquiridos afirma ter aumentado a atividade em relação ao ano anterior, por oposição aos 54% que garantem ter diminuído e 23% para quem o negócio se manteve igual.
Entretanto, em resultado da pandemia, em termos de procura de tipologias, que tradicionalmente se centrava nos apartamentos, passou a ser relegada para segundo plano, com a preferência pelas moradias.
"Estes dados são surpreendentes, sobretudo porque tradicionalmente os apartamentos eram as tipologias mais procuradas. A partir de agora, quer as moradias quer os terrenos ganham um novo ímpeto, devido ao crescente interesse na aquisição de espaços abertos e mais arejados que até aqui não tinham tanta importância", explica a mesma associação.
"Este é um fator a ter em conta nos novos projetos em desenvolvimento não só nas cidades, como nas suas periferias, e também na província, que permita responder às solicitações crescentes que tem vindo a ser sentida", considera Francisco Bacelar, presidente da ASMIP.
Este dirigente associativo salienta o facto de o país estar dotado de uma boa rede viária que permite fazer médias ou mesmo longas distâncias, em curtos períodos. "Um potencial enorme, especialmente para os concelhos a menos de uma hora de distância dos principais centros urbanos, e mesmo dos mais distantes, onde também se tem vindo a assistir a esse tipo de procura crescente, que poderá contribuir para a retoma, que todos desejámos seja rápida", remata Francisco Bacelar.
O presidente da ASMIP considera, de resto, que é urgente a necessidade de implementar medidas que protejam esta atividade. "Com a quebra de vitalidade deste setor, toda a economia perde, e as consequências serão transversais para muitas outras áreas suas fornecedoras, e por inerência de si dependentes", argumenta Bacelar.
Uma última nota para a análise das respostas ao inquérito referentes aos preços da habitação em 2020, com a ASMIP a registar que 40% destaca a manutenção dos preços, enquanto que 30% considera que houve um aumento e os restantes apontam para a quebra dos preços.
Registe-se que os resultados deste inquérito são revelados no mesmo dia em que Luís Lima, presidente da APEMIP, associação concorrente da ASMIP, veio a público defender o prolongamento das moratórias no crédito por, pelo menos, mais um ano.
Previsto para setembro, o fim deste regime excecional poderá resultar numa "verdadeira ‘bomba atómica’ na economia, por via do incumprimento em massa e do crédito malparado", alerta Lima.