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Conheça as mutações do investidor chinês made in “Visa Gold”
Dois anos depois do início da atribuição de vistos gold, já é possível fazer um primeiro balanço sobre a tipologia dos investidores. Centremo-nos nos chineses, que são os que mais olharam para o mercado português. Vejamos os quatro estádios pelos quais passaram.
A estratificação dos momentos do investimento chinês provocado pelos vistos gold é da autoria do director-geral da Aguirre Newman, Paulo Silva, durante a apresentação do estudo "Migração de empresas em Lisboa 2014", elaborado pela consultora. Passo número um: os primeiros a investir procuravam imóveis pelo valor mínimo pelo qual podiam obter o visto de residência em Portugal e circular em toda a União Europeia.
Seguiu-se um novo movimento, que Paulo Silva designa de "mais musculado". Investidores com mais capital desejavam prédios novos ou em construção para vender depois a conterrâneos. "Não encontraram muita oferta e procuraram prédios já antigos para reabilitar e depois revender", concretizou.
Num terceiro nível já começaram a chegar também os investidores institucionais, que através de fundos começaram a montar operações para investir em imóveis de rendimento.
Por fim, a compra de edifícios para posterior promoção começa já a ser uma realidade para os homens que vêm do extremo oriente.
A interrupção da modalidade de vistos gold pelo Canadá, que deixou à porta 50 mil intenções de investimentos chineses pode levar a uma nova
vaga de compradores vindos daquele país. "Se com os 950 que já tivemos o mercado já está como está, com mais não sei como será", disse o consultor. Qual a capacidade máxima do mercado português para estes investidores? "Não sei", respondeu Paulo Silva.
O director-geral da Aguirre Newman gaba a audácia política de quem teve a visão para implantar esta modalidade, quando no mercado a stockagem de imóveis cresceu e era preciso dinamizar o sector. Todavia, mostra-se reticente sobre até quando é que este modelo poderá ser sustentável. "Vamos ver como é que os nossos parceiros europeus reagiriam a um aumento de aderentes a este programa vindos da China e que possam circular pela Europa livremente", lembra.
A polémica em relação aos vistos gold tem estado acesa com casos de suspeita corrupção dentro do Estado para a obtenção desta benesse, mas também com a inflacção de preços que podem chegar aos 40% para comparadores chineses.