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Activos da Comporta vendidos com mais de 20% de desconto

Os terrenos do fundo imobiliário da Comporta foram negociados por 158 milhões de euros, noticia o Eco e o Jornal Económico. Um valor inferior aos mais de 200 milhões a que estão avaliados.

João Paulo Dias
16 de Novembro de 2018 às 12:57
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Os principais terrenos da Herdade da Comporta que estão a passar para o consórcio Amorim Luxury e Vanguard Properties foram vendidos por um preço que reflecte um desconto superior a 20% face ao valor contabilístico.

 

Os dois activos, localizados em Alcácer do Sal (Comporta Links) e Grândola (Comporta Dunes), serão transaccionados, segundo o contrato-promessa de compra e venda, a 158 milhões de euros, segundo noticiado pelo Eco e pelo Jornal Económico. Este valor representa uma melhoria face aos 156 milhões de euros que o consórcio referia ser a sua oferta anterior - quando enfrentou outros dois concorrentes e em que todas as propostas implicavam descontos da mesma magnitude.

 

De qualquer forma, a melhoria não chega para compensar o valor contabilístico dos activos, que pertencem ao fundo imobiliário da Herdade da Comporta. Os activos têm, contudo, uma avaliação superior, segundo o relatório e contas relativo a 2017 e que, portanto, corresponde à última avaliação tornada pública.

 

A maior parte do montante proposto pelo agrupamento liderado por Claude Berda e Paula Amorim, 134 milhões de euros, diz respeito ao terreno de Alcácer do Sal, com infra-estruturas montadas e que tem as licenças prolongadas. Em Grândola, o imóvel vale 68 milhões de euros, sendo que as infra-estruturas necessitam de desenvolvimento e as licenças camarárias estão caducadas (ainda que o município já tenha vindo a público saudar a operação).


Reunião dentro de 10 dias

A proposta de venda destes activos da Herdade da Comporta, que pertencia ao Grupo Espírito Santo, vai ser discutida na assembleia-geral do fundo imobiliário de 27 de Novembro. A Gesfimo, sociedade gestora do fundo imobiliário, propôs apresentar as razões para a escolha do vencedor, mas, entretanto, o Novo Banco, o segundo maior dono do fundo, já veio acrescentar pontos à ordem de trabalhos, para que o processo de venda e a escolha sejam também debatidos e votados pelos participantes, bem como a eventual liquidação do fundo, que ficará praticamente esvaziado de activos com a venda.

 

O montante servirá para compensar a dívida do fundo imobiliário perante a Caixa Geral de Depósitos, que estava já próximo dos 120 milhões de euros no final de 2017 (e, naquele ano, os juros, que continuam a correr, tinham crescido cerca de 10 milhões de euros). O agrupamento comprador dos activos admite refinanciar parte desta dívida no futuro.

 

O dinheiro restante, caso haja aprovação da venda, deverá ser distribuído pelos credores (Fisco, Crédito Agrícola, entre outros) e pelos restantes participantes. A Rioforte, sociedade do Grupo Espírito Santo que está em insolvência no Luxemburgo, é dona de 59% do fundo. O banco liderado por António Ramalho detém 15% das unidades de participação. Ao todo, são 87 participantes, muitos ligados ou membros da família Espírito Santo.

 

O Ministério Público também foi consultado em relação a esta operação, tendo em conta que as unidades de participação da Rioforte estão sob arresto para eventual compensação a lesados pela queda do Grupo Espírito Santo - e tem sido tema a manutenção do dinheiro a receber pela sociedade do GES em Portugal, em vez de integrar a massa insolvente no Luxemburgo. 

A ausência de uma venda pode conduzir o fundo imobiliário à insolvência, alertaram os responsáveis pela insolvência da Rioforte no grão-ducado bem como os gestores da Gesfimo. 

Havendo venda, os promotores da infra-estrutura esperam criar espaços de golfe e padel e um centro de relaxamento e detox. Também um museu e uma igreja, desenhados por um "conceituado arquitecto", estão previstos. 

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