Notícia
UE, EUA e China unem-se em Bruxelas para defender nuclear como fonte de energia limpa
Líderes europeus e representantes dos Estados Unidos, China, Turquia, Brasil e Paquistão marcaram presença na primeira cimeira mundial de alto nível sobre energia nuclear organizada pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA).
A energia nuclear voltou esta quinta-feira a estar em destaque na agenda global, na sequência da primeira cimeira mundial de alto nível organizada pela Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) que teve lugar em Bruxelas e contou com a presença de líderes europeus e representantes dos Estados Unidos, China, Turquia, Brasil e Paquistão. Em cima da mesa esteve a defesa do nuclear como "fonte de energia limpa, segura e confiável", que pode torna-se numa "peça fundamental para o abastecimento energético e a luta contra a mudança climática".
Para a tarde desta quinta-feira, em Lisboa, a Associação Industrial Portuguesa (AIP) tem agendada a realização da conferência sobre o tema "Nuclear, uma opção para Portugal?", que contará com a presença de José Eduardo Carvalho, Presidente da AIP, Luís Mira Amaral, ex-ministro da Indústria e da Energia, Bruno Gonçalves Soares, Presidente do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear, e Pedro Sampaio Nunes, entre outros. Este debate sobre o nuclear surge "num momento em que as energias renováveis assumem um papel preponderante no sistema energético nacional", diz a AIP.
Na capital belga, o argentino Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da AIEA, destacou na reunião a crescente tomada de consciência sobre o "caráter indispensável" da energia nuclear "para enfrentar alguns desafios mundiais urgentes". "É uma fonte de energia segura, limpa e rentável. Não é uma utopia. Representa um quarto da energia limpa produzida a nível mundial, e a metade da produzida pela UE", disse Grossi, citado pela AFP. O responsável disse ainda que "foram necessárias 28 conferências sobre o clima para reconhecer a energia nuclear. Mais vale tarde do que nunca. Agora, é preciso definir as próximas etapas concretas".
"Isto não é um concurso de beleza, é uma luta onde temos que utilizar todos os recursos energéticos que temos à nossa disposição face ao desafio global das alterações climáticas. E a energia nuclear faz parte da solução", defendeu ainda Grossi, lembrando que a energia nuclear fornece atualmente 25% da energia limpa do mundo, "metade na Europa".
Na visão de Fatih Birol, diretor-executivo da AIEA, com sede em Paris, a produção nuclear "regressou em força", como consequência da busca por uma fonte de energia livre de emissões de carbono. "Sem o apoio da energia nuclear, não alcançaremos os nossos objetivos climáticos a tempo", acrescentou Birol.
Por seu lado, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, destacou que o reforço da capacidade de geração de eletricidade por via da energia nuclear é positivo para a União Europeia. A energia nuclear, disse, "oferece maior segurança energética aos 27".
No entanto, a defesa do nuclear como fonte de energia descarbonizada é recusada pelos ambientalistas. Durante a cimeira em Bruxelas, um ativista do Greenpeace escalou o edifício ostentando um cartaz que dizia "O nuclear é um conto de fadas".
Face à crise energética que se instalou na Europa e no mundo na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse na cimeira que à luz deste contexto "muitos países passaram a ter um novo olhar sobre o potencial da energia nuclear", sendo um dos principais a França. Já em 2021, Von der Leyen tinha dito que a UE precisa da energia nuclear como "fonte estável" de energia, passando esta a estar incluída na lista de investimentos "verdes" e "sustentáveis".
"As nossas projeções mostram que a maioria das fontes de energia renováveis, complementadas pela energia nuclear, serão a espinha dorsal da produção energética da UE em 2050", disse a presidente da Comissão Europeia, embora ao mesmo tempo tenha apelado a mais "disciplina" na indústria nuclear, que deve garantir a segurança das centrais se quiser ser uma parte fundamental do futuro energético europeu.
Além do presidente francês, Emmanuel Macron, participaram também na reunião o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, e os seus homólogos da Finlândia, Croácia, Polónia, Roménia, Sérvia, Eslováquia, República Checa, Esolovénia, Suécia e Hungria, cujo chefe de Governo, Viktor Orbán, descreveu a energia nuclear como "refém de posições ideológicas" que "deve ser libertada".
Numa declaração conjunta, os participantes, incluindo o vice-primeiro-ministro da China, Zhang Guoping, e John Podesta, conselheiro para a Energia do presidente dos EUA, Joe Biden, comprometem-se a "trabalhar para libertar totalmente o potencial da energia nuclear". Da mesma forma, asseguram que "apoiarão todos os países, especialmente os emergentes, nas suas capacidades e esforços para adicionar a energia nuclear" aos seus planos energéticos.
Em junho de 2023, a UE passou a admitir também a energia nuclear na produção de hidrogénio verde. Os 27 lançaram ainda uma aliança industrial para acelerar o desenvolvimento de pequenos reatores nucleares modulares. A UE tem atualmente cerca de 100 reatores nucleares operacionais em 12 países, sendo a energia nuclear responsável por aproximadamente um quarto da eletricidade produzida no bloco e por quase metade da energia livre de carbono. Cerca de 60 novos reatores estão em diferentes fases de planeamento ou construção, um terço deles, na Polónia.
Para a tarde desta quinta-feira, em Lisboa, a Associação Industrial Portuguesa (AIP) tem agendada a realização da conferência sobre o tema "Nuclear, uma opção para Portugal?", que contará com a presença de José Eduardo Carvalho, Presidente da AIP, Luís Mira Amaral, ex-ministro da Indústria e da Energia, Bruno Gonçalves Soares, Presidente do Instituto de Plasmas e Fusão Nuclear, e Pedro Sampaio Nunes, entre outros. Este debate sobre o nuclear surge "num momento em que as energias renováveis assumem um papel preponderante no sistema energético nacional", diz a AIP.
Na capital belga, o argentino Rafael Mariano Grossi, diretor-geral da AIEA, destacou na reunião a crescente tomada de consciência sobre o "caráter indispensável" da energia nuclear "para enfrentar alguns desafios mundiais urgentes". "É uma fonte de energia segura, limpa e rentável. Não é uma utopia. Representa um quarto da energia limpa produzida a nível mundial, e a metade da produzida pela UE", disse Grossi, citado pela AFP. O responsável disse ainda que "foram necessárias 28 conferências sobre o clima para reconhecer a energia nuclear. Mais vale tarde do que nunca. Agora, é preciso definir as próximas etapas concretas".
Na visão de Fatih Birol, diretor-executivo da AIEA, com sede em Paris, a produção nuclear "regressou em força", como consequência da busca por uma fonte de energia livre de emissões de carbono. "Sem o apoio da energia nuclear, não alcançaremos os nossos objetivos climáticos a tempo", acrescentou Birol.
Por seu lado, o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, destacou que o reforço da capacidade de geração de eletricidade por via da energia nuclear é positivo para a União Europeia. A energia nuclear, disse, "oferece maior segurança energética aos 27".
No entanto, a defesa do nuclear como fonte de energia descarbonizada é recusada pelos ambientalistas. Durante a cimeira em Bruxelas, um ativista do Greenpeace escalou o edifício ostentando um cartaz que dizia "O nuclear é um conto de fadas".
Face à crise energética que se instalou na Europa e no mundo na sequência da invasão da Ucrânia pela Rússia, a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse na cimeira que à luz deste contexto "muitos países passaram a ter um novo olhar sobre o potencial da energia nuclear", sendo um dos principais a França. Já em 2021, Von der Leyen tinha dito que a UE precisa da energia nuclear como "fonte estável" de energia, passando esta a estar incluída na lista de investimentos "verdes" e "sustentáveis".
"As nossas projeções mostram que a maioria das fontes de energia renováveis, complementadas pela energia nuclear, serão a espinha dorsal da produção energética da UE em 2050", disse a presidente da Comissão Europeia, embora ao mesmo tempo tenha apelado a mais "disciplina" na indústria nuclear, que deve garantir a segurança das centrais se quiser ser uma parte fundamental do futuro energético europeu.
Além do presidente francês, Emmanuel Macron, participaram também na reunião o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, e os seus homólogos da Finlândia, Croácia, Polónia, Roménia, Sérvia, Eslováquia, República Checa, Esolovénia, Suécia e Hungria, cujo chefe de Governo, Viktor Orbán, descreveu a energia nuclear como "refém de posições ideológicas" que "deve ser libertada".
Numa declaração conjunta, os participantes, incluindo o vice-primeiro-ministro da China, Zhang Guoping, e John Podesta, conselheiro para a Energia do presidente dos EUA, Joe Biden, comprometem-se a "trabalhar para libertar totalmente o potencial da energia nuclear". Da mesma forma, asseguram que "apoiarão todos os países, especialmente os emergentes, nas suas capacidades e esforços para adicionar a energia nuclear" aos seus planos energéticos.
Em junho de 2023, a UE passou a admitir também a energia nuclear na produção de hidrogénio verde. Os 27 lançaram ainda uma aliança industrial para acelerar o desenvolvimento de pequenos reatores nucleares modulares. A UE tem atualmente cerca de 100 reatores nucleares operacionais em 12 países, sendo a energia nuclear responsável por aproximadamente um quarto da eletricidade produzida no bloco e por quase metade da energia livre de carbono. Cerca de 60 novos reatores estão em diferentes fases de planeamento ou construção, um terço deles, na Polónia.