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Revolução tecnológica pode tornar baterias eléctricas obsoletas

Algumas das mais recentes tecnologias de baterias podem tornar-se obsoletas antes de chegarem ao mercado por causa do ritmo vertiginoso dos avanços no sector.

Bloomberg
19 de Agosto de 2018 às 10:00
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De São Francisco a Shenzhen, equipas de cientistas estão a realizar experiências com novos processos químicos para melhorarem a célula tradicional de íons de lítio e encontrarem novas formas de armazenar electricidade para ser usada noutras alturas. Mas os investidores desses projectos começam a ter receio de poderem ter escolhido a tecnologia errada.

 

Isso está a mudar a lógica do debate sobre os chamados activos encalhados. Até ao momento, o termo tem sido usado para se referir a projectos de combustíveis fósseis que podem deixar de ser rentáveis devido ao endurecimento das regulamentações sobre poluição.

 

No futuro, uma reviravolta no fabrico dos dispositivos de armazenamento de energia poderá tornar deficitários os investimentos em baterias, embora estejam no cerne da transformação do funcionamento do sistema de energia.

 

"Se ocorrer uma mudança radical e repentina na tecnologia, que ofereça maior densidade de energia, as pessoas vão querer adoptá-la rapidamente, o que poderá fazer com que tenham que reinvestir novamente em equipamentos de fabrico", sublinhou James Frith, analista de armazenamento de energia da Bloomberg NEF. "Na pior das hipóteses, talvez seja preciso reformular fábricas inteiras".

 

Os investimentos em startups que desenvolvem novos tipos de baterias aumentaram para mais de 1,5 mil milhões de dólares no primeiro semestre do ano, quase o dobro do nível de 2017, segundo dados do Cleantech Group.

 

Três fabricantes de carros, a Volkswagen, a Hyundai Motor e a Renault-Nissan-Mitsubishi, destinaram fundos a fabricantes de baterias. Uma associação do sector no Japão, a New Energy & Industrial Technology Development Organization, anunciou que investirá 90 milhões de dólares em pesquisa sobre dispositivos de estado sólido com um grupo de universidades e fabricantes.

 

Nem toda a tecnologia tem probabilidades de sucesso. Milhares de sistemas diferentes estão a ser testados no sector, com a participação de grandes fabricantes, startups e universidades. Até mesmo as células de íons de lítio usadas na maioria dos carros eléctricos e telemóveis têm processos de fabrico diferentes.

 

"Existem distintos tipos de íons de lítio, com químicos diferentes, e até mesmo dentro desses químicos há variações na composição", explicou TJ Winter, gestor da Fluence, fornecedora de armazenamento de energia com sede nos EUA. "Passamos bastante tempo apenas a monitorizar os acontecimentos".

 

A concorrência está a ficar mais acirrada à medida que as fabricantes de carros electrificam mais modelos e as unidades de armazenamento de energia se tornam mais predominantes em casas e empresas. A procura por capacidade de baterias aumentará de cerca de 100 gigawatts-hora actualmente para 1.784 gigawatts-hora até 2030, segundo projecções da Bloomberg NEF.

 

"Uma enorme quantidade de largura de banda está a ser criada em todo o mundo para o fabrico de baterias de íons de lítio", disse Jeff Chamberlain, CEO do Volta Energy Technologies, um fundo de investimento com foco nas tecnologias de armazenamento de vanguarda.

 

"Muitos dos investidores que vimos estão a apostar em tecnologias que exigirão novos processos de fabrico. Vemos isso como uma falha, por causa da capacidade que está a ser criada actualmente no planeta", salientou.

 

 

(Artigo original: The Battery Boom Could End Up Burning Some Investors)

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