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Regulador diz que há falta de concorrência no gás de botija
A Autoridade da Concorrência (AdC) considera que o mercado põe em causa “bem-estar dos consumidores” e recomenda ao Governo que abra a actividade a mais operadores, adianta o Público desta quinta-feira, 30 de Março.
A Autoridade da Concorrência (AdC) considera que há pelo menos 2,6 milhões de famílias portuguesas que têm razões para estar preocupadas com a falta de concorrência no mercado de gás engarrafado em Portugal, segundo o Público.
O regulador levou a cabo uma análise comparativa ao preço retalhista do gás de botija (butano e propano) e o seu preço de referência (grossista, à saída do local de enchimento, sem a logística, comercialização e impostos) e chegou à conclusão de que "existem margens de lucro na formação de preços" das principais empresas que o vendem, que "revelam algum exercício de poder de mercado".
Ou seja, explica o jornal, não só o mercado é muito concentrado (na Galp, Rubis, Repsol, OZ e Prio) como não há alterações na procura, independentemente dos preços cobrados pelas empresas. Isso é explicado, diz a AdC, pelo facto de que 70% da população não tem alternativa ao gás e botija para cozinhar a aquecer água e casa, o que, realçou o regulador num estudo, "reforça as preocupações com o impacto da ausência de dinâmica concorrencial, em termos de bem-estar dos consumidores".
Recentemente, a AdC deu conta de que uma botija de gás de petróleo liquefeito (GPL) butano de 13 quilos custa quase o dobro do gás natural canalizado para uma quantidade de energia equivalente (23 e 12 euros respectivamente).
O regulador, que não encontrou indícios de ilegalidade, destacou que o mercado tem características "susceptíveis de facilitar a colusão" entre empresas, ou cartel, mesmo que seja de forma "tácita".
Além disso, diz a AdC, existem "barreiras à entrada", como por exemplo do acesso de novos operadores às estruturas de armazenamento ou a dificuldade que os consumidores têm para trocar de marca de garrafas.
Em termos de preços, diz o regulador, "aproximados entre os dois maiores operadores [Galp e Rubis], que representam mais de dois terços da oferta". A AdC defende que o ideial é criar condições para que surjam mais empresas no mercado.
Desde a liberalização, na década de 90, só entraram dois operadores (a Repsol e, mais recentemente, a Prio) e em que as quotas de mercado estáveis "sugerem uma ausência de dinâmica concorrencial".
Em comunicado, a AdC diantou que "a partir de 2014 se registou uma descida gradual dos custos de importação de GPL. Todavia, a dinâmica de descida dos preços no retalho foi mais lenta que a dos custos de importação, resultando em crescimento das margens brutas".
Notícia actualizada às 10.40 com comunicado da AdC