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"Reduzir" e "armazenar" dominam léxico da crise energética alemã

Apesar dos volumes significativamente reduzidos de fornecimento de gás pela Rússia durante várias semanas, as instalações alemãs de armazenamento registam novamente valores acima dos 75%.

Alemanha
Christian Mang
15 de Agosto de 2022 às 11:51
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Duas semanas antes do previsto, o primeiro objetivo do Regulamento Alemão de Armazenamento de Gás foi alcançado, mas os números estão longe de ser reconfortantes, com o governo a insistir na redução urgente do consumo.

Apesar dos volumes significativamente reduzidos de fornecimento de gás pela Rússia durante várias semanas, as instalações alemãs de armazenamento registam novamente valores acima dos 75%.

O prazo limite para conseguir esta meta era 1 de setembro. Em 1 de outubro as instalações de armazenamento deverão atingir, pelo menos, os 85% de capacidade, e em 1 de novembro devem estar, pelo menos, a 95%. As instalações de armazenamento compensam as flutuações no consumo de gás e formam uma espécie de sistema tampão para o mercado de gás.

Klaus Müller, responsável da Bundesnetzagentur (Agência Federal da Rede), avisou que os dois próximos objetivos são "muito mais ambiciosos".

Em declarações ao Financial Times, admitiu que, caso a Rússia parasse completamente de abastecer e mesmo que todos os tanques estivessem cheios, a Alemanha só teria gás suficiente para cerca de dois meses e meio, e isto num cenário em que o inverno não fosse invulgarmente frio.

"Precisamos de gás suficiente para pelo menos dois invernos, e não apenas um", acrescentou.

Müller deixou ainda claro que a Alemanha precisa de reduzir a utilização de gás em um quinto para evitar uma escassez no próximo inverno, precisamente a meta definida pelo ministro da Economia.

Robert Habeck, anunciou na sexta-feira planos que visam a poupança de gás por parte dos consumidores, indústria e do setor público. Algumas das medidas, que constam em dois novos regulamentos, devem entrar em vigor já no primeiro dia de setembro, com alguns analistas a avisarem, no entanto, que não serão suficientes para chegar aos desejados 20% de poupança.

Os edifícios públicos só deverão ser aquecidos a um máximo de 19 graus. Anteriormente, a temperatura mínima recomendada era de 20 graus, de acordo com o ministério. O novo regulamento não se aplicará a clínicas, lares de idosos ou outras instituições sociais.

Entre as medidas previstas está também o desligar da iluminação de edifícios e monumentos por razões puramente estéticas ou representativas. As instalações publicitárias iluminadas devem ser desligadas a partir das 22 horas da noite até às 6 horas da manhã.

Entretanto, numa carta citada pela Reuters, o ministro das Finanças, Christian Lindner, pediu autorização à Comissão Europeia para não cobrar IVA sobre o gás.

"O IVA sobre as taxas impostas pelo governo faz subir os preços e encontra uma resistência crescente entre a população, especialmente na situação atual de exceção em que vivemos", pode ler-se no documento dirigido ao Comissário dos Assuntos Económicos da União Europeia, Paolo Gentiloni.

Numa conferência de imprensa na quinta-feira o chanceler alemão Olaf Scholz prometeu benefícios fiscais e outras ajudas aos cidadãos que enfrentam contas de energia elevadas devido à escassez de gás, petróleo e carvão da Rússia.

"Os cidadãos podem contar connosco, não os vamos abandonar", sublinhou, numa altura em que se teme uma escalada de descontentamento, que pode levar a manifestações e paralisações.

Desde o início da invasão da Ucrânia pela Rússia, o preço do gás chegou a duplicar e a eletricidade subiu 25%. Também o valor gasto com alimentação tem sido maior. Os bens alimentares na Alemanha foram 14,8% mais caros em julho de 2022 do que há um ano.
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