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Projeto de energia das ondas no Porto gera preocupações arquitetónicas

Uma das questões apontadas foi a escala do projeto.

15 de Março de 2022 às 22:40
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O projeto de produção de energia renovável a partir das ondas no molhe norte da barra do Rio Douro, no Porto, foi apresentado hoje pela APDL, tendo sido levantadas questões em relação ao seu enquadramento.

A ideia da empresa Eco Wave Power surgiu há cerca de dois anos no âmbito de um concurso internacional promovido pelo Governo e prevê uma potência instalada que pode variar entre um e cinco megawatts (MW), com uma capacidade anual de produção de 15 gigawatts (GW), adiantou o presidente da Administração dos Portos do Douro Leixões e Viana do Castelo (APDL), Nuno Araújo.

O responsável, que apresentou hoje o projeto na sede da União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, destacou que esta iniciativa se insere num "plano mais amplo" da APDL, "que tem como meta atingir a neutralidade carbónica até 2035 e é único no país no contexto portuário".

Na sessão estiveram presentes vários arquitetos, incluindo Carlos Prata, coautor do arranjo urbanístico do paredão, que reconheceram a importância ambiental de projetos como este, mas questionaram o seu enquadramento arquitetónico.

Uma das questões apontadas foi a escala daquele projeto, já que há uma incoerência entre as várias imagens disponibilizadas.

O engenheiro Hugo Lopes, da APDL, esclareceu que "nesta fase, ainda não há uma situação definida sobre o que implementar", já que ainda decorre um período de 30 dias úteis em que outras empresas podem manifestar interesse na utilização daquele espaço o apresentar objeções àquele projeto".

Seguida essa fase, e depois de já terem sido ouvidas a Câmara Municipal do Porto e a União de Freguesias de Aldoar, Foz do Douro e Nevogilde, também entidades como a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N) e a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) são chamadas a pronunciarem-se, sendo o parecer desta última vinculativo.

Nuno Araújo acrescentou, no entanto, que "foi solicitado à empresa que não haja interferência no ângulo de visão para quem percorre o paredão", tendo esclarecido à margem que a intenção é que aquela unidade ocupe o último terço do molhe.

O responsável frisou que esta foi uma iniciativa informal da empresa, mas "ainda há o período de discussão pública", embora considere que a APDL saiu "reforçada" desta sessão, "percebendo estas preocupações" para que elas possam ser "vertidas para o projeto".

Para o presidente daquela União de Freguesias, Tiago Mayan Gonçalves, além das questões ambientais, "há todos os outros aspetos, económicos e paisagísticos, e envolvimento da comunidade e de aproveitamento do espaço pela comunidade" que devem ser tidos em conta.

O liberal, eleito pelo movimento "Aqui há Porto", acredita que esta é uma "oportunidade de, com ou sem este projeto, trabalhar em conjunto com a APDL formas de reaproveitamento daquele espaço, que é na verdade um molhe, e, portanto, tem uma utilidade técnica absolutamente essencial, mas é também um espaço público que neste momento não está a ser aproveitado".

Já tinha sido publicado, a 14 de fevereiro, um edital em Diário da República que dava conta de "um pedido para atribuição de título de utilização de recursos hídricos, de iniciativa particular, para utilização privativa de uma parcela do Domínio Público Hídrico, localizada no molhe norte da barra do Douro, concelho do Porto", apresentado à APDL pela empresa EW Portugal -- Wave Energy Solutions.

O pedido pretendia "instalar uma Unidade de Pequena Produção (UPP)" no "quebra-mar do molhe norte da barra do Douro, com equipamento elétrico, unidades de conversão e flutuadores presos ao quebra-mar referido, para produção de energia renovável a partir das ondas oceânicas, revestindo o caráter de um projeto piloto, pelo prazo de 10 anos".
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