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Portugal já só importa 5% do seu gás da Rússia. Governo que reduzir ainda mais
A garantia foi dada em Davos pela ministra do Ambiente e Energia, Maria da Graça Carvalho. "Esperamos diminuir ainda mais essa percentagem. Neste momento já importamos sobretudo gás da Nigéria e dos Estados Unidos", disse.
A ministra do Ambiente e da Energia, Maria da Graça Carvalho, viajou para Davos esta semana, para o encontro anual do Fórum Económico Mundial, onde irá participar em diversas iniciativas de alto nível, com destaque para a intervenção no painel de debate "A Geoeconomia da Energia e Materiais", que teve lugar esta terça-feira.
Ao lado de personalidades como Fatih Birol, responsável máximo da Agência Internacional de Energia, entre outros, a governante deixou claro que Portugal se destaca do resto da Europa por não depender energeticamente da Rússia. Já somos bastante independentes do gás russo. Em 2021, tínhamos cerca de 15%, mas no ano passado descemos para apenas 5%, entre janeiro e novembro. Esperamos diminuir ainda mais essa percentagem. Neste momento já importamos sobretudo gás da Nigéria e dos Estados Unidos. Essa é a linha a seguir para sermos mais independentes, para investirmos mais nas energias renováveis, a fim de fazermos a transição energética de uma forma mais rápida e sustentável", disse a ministra.
Depois da Nigéria e dos Estados, Unidos, e apesar da redução das importações referidas pela ministra, a Rússia ainda foi em 2024 o terceiro maior exportador de gás natural liquefeito para Portugal, em navios que chegam a Sines e descarregam no Terminal da REN.
Maria da Graça Carvalho reconheceu que, no passado, Portugal dependia "sobretudo da força dos combustíveis fósseis", mas "há vários anos tomámos a decisão de investir na transição energética e na segurança do abastecimento". A governante sublinhou que estes são "fatores muito importantes para a competitividade" do país e que a aposta nas renováveis "é o maior fator económico para atrair investimento para Portugal".
"Temos acesso a eletricidade renovável e a hidrogénio renovável a preços acessíveis. Isso atrairá o investimento para o nosso país.
No ano passado, em 2024, atingimos 71% de energias renováveis na produção de eletricidade no país: 28% hídrica, 27% de eólica, 10% solar e 6% biomassa. Temos o nosso PNEC 2030, que foi aprovado pelo Parlamento com apenas quatro votos contra", explicou Maria da Graça Carvalho.
Para este ano, a ambição passa por chegar a 93% de renováveis na produção elétrica e 51% no total da energia consumida. "Temos de acelerar a transição energética nos edifícios e no setor dos transportes, que é o nosso maior desafio. Estamos também a dar muita ênfase e a investir nas redes e no armazenamento e a atrair investimento para a produção de hidrogénio", continuo a governante na sua intervenção, sublinhando a importância do "mercado interno ibérico, com Espanha".
"Continuamos a ser uma ilha energética e tem sido difícil construir interligações com a França. Por isso, temos de nos fortalecer em conjunto para termos termos um mercado interno ibérico e construí-lo com muitas energias renováveis e muito armazenamento, para sermos cada vez mais independentes.
Maria da Graça Carvalho, participa esta semana no Fórum Económico Mundial, que decorre em Davos, na Suíça. Durante os próximos dois dias, a sua agenda inclui a participação em iniciativas de debate interno, que abordarão temas como a flexibilidade dos sistemas energéticos para um futuro mais sustentável - "Scaling Flexibility for a Green and Affordable Energy Future", as estratégias para uma transição justa e inclusiva – "Meeting of the Equitable Transition Alliance", e a contribuição de Portugal para a transição energética - "Spain and Portugal's contributions to revitalize European competitiveness and foster the energy transition".
Maria da Graça Carvalho tem ainda agendados encontros de alto nível com Teresa Ribera, vice-presidente da Comissão Europeia e Comissária para a Transição Limpa, Justa e Competitiva; com Sara Aagesen, ministra da Transição Ecológica e do Desafio Demográfico de Espanha; e com Peter Thomson, enviado especial das Nações Unidas para os Oceanos.