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Portugal instalou 2,5 GW de capacidade solar em 2022, um aumento de 250%

Espanha foi o país que mais solar fotovoltaico adicionou em 2022 (8,1 GW), seguida da Alemanha (7,5 GW). Portugal destacou-se com o maior aumento na energia solar, com um salto de 250% (+2.5 GW) num ano.

Além das instalações industriais, a Prosolia constrói grandes centrais solares. Em Ourique, inaugurou a primeira central sem subsídios da Europa.
D.R.
14 de Junho de 2023 às 18:36
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A Europa aumentou a sua capacidade instalada de energia solar fotovoltaica em 40,5 GW no ano passado, chegando assim a um total de 206 GW, o que fez de 2022 mais um ano de "crescimento notável", assinala o estudo "Renováveis na Oferta de Energia", que integra o Relatório Global sobre Energia Renovável do "think thank" REN21, divulgado esta semana. Nos 27 países da União Europeia as novas instalações solares atingiram 38,9 GW em 2022, ou seja, mais 63% do que os 25,9 GW adicionados em 2021. 

No ano passado, e no contexto do plano de Bruxelas para reduzir a sua dependência do gás natural russo e promover a construção de nova capacidade renovável, a UE anunciou também a aceleração em mais de 20% da meta de 420 GW de energia solar fotovoltaica até 2030. Espanha foi o país que mais solar fotovoltaico adicionou em 2022 (8,1 GW), seguida da Alemanha (7,5 GW), Polónia (4,9 GW), Países Baixos (3,9 GW) e França (2,9 GW). Já em termos de capacidade solar total instalada, dominam a Alemanha, Espanha, Itália, França e Países Baixos.

Por seu lado, Portugal destacou-se com o maior aumento na energia solar entre 2021 e 2022, com um salto de 250% (+2.5 GW) num ano. Itália adicionou 2,6 GW de solar no ano passado, o que equivale a um crescimento de 174%.

Na energia eólica, a Europa foi a única região do mundo onde as novas instalações aumentaram em 2022, muito devido ao "despertar da Alemanha para a transição energética". No ano passado, as novas adições de capacidade eólica registaram um novo recorde a nível europeu: mais 17,9 GW, 86% dos quais foram instalados em terra (onshore), para um total de 242,4 GW no final do ano (212,1 GW onshore e 30,3 GW offshore, no mar). Alemanha, Finlândia, França, Suécia, Reino Unido e Espanha estão entre os 10 países a nível global com maior capacidade eólica, sendo que as suas novas adições foram responsáveis por quase 60% das instalações anuais de energia eólica da Europa.

Em sentido contrário, a produção de energia hidroelétrica caiu 19% na Europa em 2022, devido à seca extrema, representando apenas 10% da produção de eletricidade da Europa no ano passado. Aqui a Suécia lidera com 69 TWh de energia hidrolétrica, seguida por França com 46 TWh e pela Áustria com 36 TWh.

Apesar dos bons resultados no solar e no eólico, o relatório mostra que o investimento global em renováveis na Europa caiu 26% em 2022, para 55 mil milhões de euros, o que representa apenas 11% dos novos investimentos em energia renovável globalmente. 

Quanto ao hidrogénio verde, em 2022 foi anunciada uma nova capacidade de produção a nível global na ordem de 112 milhões de toneladas, principalmente por parte dos Estados Unidos, Dinamarca, Egito, Canadá e Portugal, refere o mesmo relatório. Na Europa, a Alemanha assinou um acordo histórico com a Dinamarca para construir 1 GW de eletrólise, com vista a produzir hidrogénio verde com origem na energia eólica offshore.

Atualmente, a procura mundial de hidrogénio é suprida quase inteiramente (cerca de 95%) com gás produzido a partir de combustíveis fósseis. No ano passado, e apesar da desaceleração económica global, a capacidade de produção de hidrogénio ultrapassou 100 milhões de toneladas, face a 94 milhões de toneladas em 2021 e 91 milhões de toneladas em 2019.

No entanto, a produção de hidrogénio verde situou-se apenas nas 109 quilotoneladas em 2022, um aumento de 44% em relação às 35 quilotoneladas de 2021. Este crescimento foi possível pelo aumento da capacidade de eletrólise para 510 MW em 2021, mais 210 MW (+70%) em relação a 2020. Já a capacidade de fabrico de eletrolisadores duplicou entre 2017 e 2022, para quase 8 GW,
à medida que os projetos-piloto e de demonstração avançam para a sua fase comercial. O tamanho médio dos novos eletrolisadores era de 5 MW em 2021, mas pode chegar a 260 MW em 2025, refere o mesmo estudo.

China responsável por 44% de toda a construção de nova energia renovável em 2022

A nível global, o estudo "Renováveis na Oferta de Energia", que integra o Relatório Global sobre Energia Renovável, refere que a eletricidade com base em fontes renováveis atingiu em 2022 um valor recorde de 30% do mix, o que contribui para "impulsionar a transição energética". No entanto, este valor tem ainda de duplicar, conclui o "think thank" REN21. Também no ano passado, a energia solar fotovoltaica registou outro recorde de crescimento, com um aumento de 37% na nova capacidade instalada em todo o mundo. Já as novas adições de energia eólica caíram 17% em 2022, face a 2021, devido a atrasos nas licenças, interrupção nas cadeias de abastecimento e aumentos nos custos dos materiais e do transporte.

A China foi responsável por 44% de toda a construção de nova energia renovável e também representou 55% do total de investimentos em renováveis. Releva o relatório que dos 590 mil milhões de euros em investimentos globais em energia em 2022, 26% ainda se destinaram aos combustíveis fósseis e energia nuclear, embora a eletricidade renovável seja a opção de menor custo. 

"O crescimento recorde das energias renováveis em 2022 para produção de eletricidade é uma notícia positiva. No entanto, precisamos de mais do que duplicar esse crescimento e alcançar uma eletrificação profunda de outros setores, como o aquecimento e transportes. Também precisamos investir fortemente nas infraestruturas da rede elétrica para enfrentar as mudanças climáticas e dar acesso a mais de 700 milhões de pessoas que ainda vivem sem eletricidade, principalmente em África e na Ásia", disse Rana Adib, diretora executiva do "think thank" REN21, em comunicado.

Ainda assim, também os esforços para termos mais eletricidade renovável têm de ser acelerados. Isto porque, neste momento, "mais de 1 TW de projetos de energia renovável ainda estão à espera para serem construídos e conectados à rede, em todo o mundo, muito devido a atrasos nos processos de licenciamento e falta de investimento nas infraestruturas". 

"Concentramo-nos em algumas tecnologias, como o solar fotovoltaico e a energia eólica, negligenciando a distribuição de eletricidade e a conexão às redes. A produção de energia elétrica a partir de fontes renováveis exige que seja dada atenção à infraestrutura. É como fabricar carros e depois esperar pelas estradas. Quando construímos automóveis é com a confiança de que as estradas acompanham o processo. O mesmo pensamento deve ser aplicado às energias renováveis", acrescentou ainda Rana Adib.

As energias solar e eólica dominam atualmente as novas adições anuais de renováveis – juntas, contribuem com 92% –, sendo que apenas 8% são provenientes de outras fontes: hidroelétrica, geotérmica, bioenergia, energia oceânica, entre outras.

Para a próxima Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 28), que terá lugar no Dubai, em novembro, é agora esperada a criação e anúncio oficial de uma meta mundial para energia renovável. Recentemente, os líderes dos países do G7 fizeram também uma promessa histórica de aumentar coletivamente a capacidade mundial de energia eólica offshore em 150 GW e a capacidade solar para mais de 1 TW até 2030.
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