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OPA dos chineses à EDP não vai passar nos Estados Unidos, diz embaixador de Trump
O embaixador dos Estados Unidos em Portugal garante que a administração de Trump se opõe à participação do Estado chinês em infraestrutura básica, como é o caso da energia, e, portanto, irá travar a oferta pública lançada pela China Three Gorges à EDP.
O embaixador dos Estados Unidos em Portugal, George Glass - que foi nomeado por Trump-, afirma que o Governo americano se opõe "absolutamente" à Oferta Pública de Aquisição (OPA) lançada pela China Three Gorges sobre a portuguesa EDP, a qual está sujeita ao aval de um comité presidido pelo secretário do Tesouro dos EUA. Caso a elétrica queira avançar com o negócio, os americanos podem exigir a venda dos ativos da empresa nos Estados Unidos.
"Opomo-nos absolutamente a esse negócio (OPA)", disse George Glass, em entrevista ao Jornal Económico. "Em nenhuma circunstância os chineses vão controlar o que a EDP tem nos Estados Unidos, o terceiro maior produtor de energia renovável", reforçou o embaixador.
Para que a oferta pública passe, há duas entidades nos Estados Unidos que têm de dar a respetiva aprovação: a comissão reguladora de energia dos EUA (FERC) e o comité de avaliação de investimentos estrangeiros (CFIUS), presidido pelo secretário do Tesouro dos EUA, cargo ocupado por Steven Mnuchin.
"Se a China Three Gorges insistir em continuar, o CFIUS tem o poder para impor essa venda (dos interesses da EDP nos Estados Unidos)", assume ainda o diplomata.
Do ponto de vista de Glass, que o embaixador revela ser coincidente com a posição dos Estados Unidos, "não deve haver uma entidade estrangeira" a deter a energia elétrica em Portugal. O diplomata assume que as relações comerciais com os chineses são essenciais para a saúde da economia mundial mas afirma como exceção as infraestruturas críticas, como é o caso da energia, invocando questões de "segurança nacional".
Quanto a uma possível intervenção nas negociações para a OPA, o embaixador dos EUA diz-se atento ao desenrolar das mesmas mas acredita que "não estão a ir muito longe". "O que posso dizer é que quando situações destas ocorreram no passado, a essas entidades não lhes foi permitido concluir o negócio", conclui.
A EDP vai investir mais 12 mil milhões de euros entre 2019 e 2022, dos quais, em termos líquidos, quase 7 mil milhões serão para reforçar o investimento em renováveis, de acordo com a atualização do plano estratégico que foi apresentado esta terça-feira em Londres. De acordo com o plano divulgado à CMVM, a empresa espera, paralelamente, encaixar perto de 6 mil milhões de euros com a venda de ativos na sequência da continuação da otimização do portefólio. O plano estratégico fala na venda de ativos de produção na Península Ibérica, como centrais térmicas, mas não avança com mais pormenores. Com este passo, espera encaixar 2 mil milhões de euros.