Notícia
Miguel Stilwell: "Há um caos regulatório" na Europa para quem investe em renováveis
"Precisamos acelerar duas a três vezes o que estamos a fazer. Há muitas empresas dispostas a aplicar capital. Nós comprometemo-nos a investir 24 mil milhões até 2025 em renováveis", sublinhou o CEO da EDP em Davos, na Suíça.
"Há duas décadas que investimos em energias renováveis, principalmente em solar e eólica, tanto onshore quanto offshore. O nosso lema tem sido liderar a transição energética [...] porque achamos que é a coisa certa a fazer e porque achamos que é um bom negócio".
Foi este o ponto de partida para a intervenção do CEO do Grupo EDP, empresa portuguesa apresentada na reunião anual do Fórum Económico Mundial, em Davos, como a "quarta maior produtora de energia renovável do mundo", reconhecida em 2021 pelo Dow Jones Sustainability Index como a elétrica mais sustentável a nível global.
Esta terça-feira, Miguel Stilwell d’Andrade participou num evento promovido pela the Nature Conservancy e pela Microsoft, dedicado ao tema: "Acelerar as energias renováveis no contexto de crise".
Num painel partilhado com Jennifer Morris, CEO da The Nature Conservancy, Ajay Mathur, diretor-geral da International Solar Alliance, Juan M. Lavista Ferres, diretor do Microsoft AI for Good Lab, e Dale Hardcastle, Global Head of Carbon Markets da Bain, o gestor português abordou temas como o papel das renováveis na transição energética, a inovação como fator de aceleração e a importância de uma transição justa, com exemplos da transformação de ativos térmicos em hubs de energia limpa e ainda da necessidade de compromissos e ações coletivos para assegurar a neutralidade carbónica.
"Não é uma questão de ter capital para investir, não é uma questão de tecnologia. É uma questão de escala. Falamos sobre a necessidade de termos nove vezes mais renováveis. Precisamos acelerar duas a três vezes mais o que estamos a fazer atualmente. Há muitas empresas dispostas a aplicar capital a sério. Nós comprometemo-nos a investir 24 mil milhões até 2025 em renováveis e duplicar a nossa capacidade", sublinhou o CEO da EDP em Davos.
No entanto, acrescentou, existem desafios a estes investimentos. "É importante termos uma regulamentação estável e previsível para que as empresas possam investir e se sintam confortáveis em aplicar uma quantidade significativa de capital. Os EUA deram um importante passo em frente com a lei de redução da inflação. A Europa tem bons objetivos, mas há um caos regulatório neste momento e a realidade no terreno é desafiadora, a curto prazo".
Quanto ao impacto da transição energética nas comunidades, o CEO da EDP apresentou uma visão dual sobre este tema. "Por um lado estamos a encerrar centrais a carvão e a gás, e isso tem impacto nas comunidades. E por outros estamos a construir muitos projetos renováveis e isso também tem o seu impacto. No primeiro caso, temos de gerir com cuidado, fazermos uma transição justa e não deixarmos ninguém para trás. Fechar uma central a carvão, que emprega centenas de pessoas, é como fechar uma grande fábrica, impacta a comunidade local. Temos de garantir que há um projeto viável para o futuro. Podemos colocar energias renováveis, podemos aproveitar esse ponto de interconexão, podemos aproveitar as infraestruturas existentes para colocar em projetos de hidrogénio", disse Miguel Stilwell, inspirando-se no exemplo de Sines, onde no lugar da velha central a carvão já desativa vai nascer um local de produção de hidrogénio verde.
Já no que diz respeito às energia renováveis, muitas pessoas são a favor, mas depois há toda uma política "não no meu quintal". "Isso também impacta as comunidades locais, que não querem conviver com turbinas eólicas ou painéis solares. É preciso envolver as partes interessadas, trabalhar com todos, explicar cuidadosamente todos os benefícios do projeto, tornando-os coproprietários ou garantindo que estão a ter benefícios. Caso contrário, será muito difícil licenciar os projetos e levar as coisas avante. Nos EUA temos vários exemplos em que as turbinas eólicas coexistem com a agricultura", disse o CEO da EDP.
Este ano terá a maior participação empresarial de todos os tempos em Davos, com mais de 1.500 líderes registados de 700 organizações, incluindo mais de 600 dos principais CEO do mundo, de empresas parceiras do Fórum Económico Mundial, de setores como o financeiro, energia, materiais e infraestrutura, tecnologias de informação e comunicação.
De acordo com o Fórum Económico Mundial, "a crise climática exige uma rápida transição global para a energia renovável. No entanto, quem toma as decisões deve ter em conta os potenciais impactos negativos na biodiversidade e nas comunidades locais no processo de implementação de novos projetos renováveis, um processo que pode atrasar o seu desenvolvimento".
A solução passa por "parcerias fortes" entre políticos, empresas e organizações não governamentais, que permitem chegar a decisões mais "integradas" num contexto de crises energéticas, climáticas, alimentares e de biodiversidade.
Além deste painel, Miguel Stilwel d'Andrade participará também em diferentes sessões e reuniões de alto nível, nas quais também estarão presentes líderes mundiais de empresas, dentro e fora do setor da energia, bem como importantes decisores políticos, confirmou fonte da EDP ao Negócios.
Foi este o ponto de partida para a intervenção do CEO do Grupo EDP, empresa portuguesa apresentada na reunião anual do Fórum Económico Mundial, em Davos, como a "quarta maior produtora de energia renovável do mundo", reconhecida em 2021 pelo Dow Jones Sustainability Index como a elétrica mais sustentável a nível global.
Num painel partilhado com Jennifer Morris, CEO da The Nature Conservancy, Ajay Mathur, diretor-geral da International Solar Alliance, Juan M. Lavista Ferres, diretor do Microsoft AI for Good Lab, e Dale Hardcastle, Global Head of Carbon Markets da Bain, o gestor português abordou temas como o papel das renováveis na transição energética, a inovação como fator de aceleração e a importância de uma transição justa, com exemplos da transformação de ativos térmicos em hubs de energia limpa e ainda da necessidade de compromissos e ações coletivos para assegurar a neutralidade carbónica.
"Não é uma questão de ter capital para investir, não é uma questão de tecnologia. É uma questão de escala. Falamos sobre a necessidade de termos nove vezes mais renováveis. Precisamos acelerar duas a três vezes mais o que estamos a fazer atualmente. Há muitas empresas dispostas a aplicar capital a sério. Nós comprometemo-nos a investir 24 mil milhões até 2025 em renováveis e duplicar a nossa capacidade", sublinhou o CEO da EDP em Davos.
No entanto, acrescentou, existem desafios a estes investimentos. "É importante termos uma regulamentação estável e previsível para que as empresas possam investir e se sintam confortáveis em aplicar uma quantidade significativa de capital. Os EUA deram um importante passo em frente com a lei de redução da inflação. A Europa tem bons objetivos, mas há um caos regulatório neste momento e a realidade no terreno é desafiadora, a curto prazo".
Quanto ao impacto da transição energética nas comunidades, o CEO da EDP apresentou uma visão dual sobre este tema. "Por um lado estamos a encerrar centrais a carvão e a gás, e isso tem impacto nas comunidades. E por outros estamos a construir muitos projetos renováveis e isso também tem o seu impacto. No primeiro caso, temos de gerir com cuidado, fazermos uma transição justa e não deixarmos ninguém para trás. Fechar uma central a carvão, que emprega centenas de pessoas, é como fechar uma grande fábrica, impacta a comunidade local. Temos de garantir que há um projeto viável para o futuro. Podemos colocar energias renováveis, podemos aproveitar esse ponto de interconexão, podemos aproveitar as infraestruturas existentes para colocar em projetos de hidrogénio", disse Miguel Stilwell, inspirando-se no exemplo de Sines, onde no lugar da velha central a carvão já desativa vai nascer um local de produção de hidrogénio verde.
Já no que diz respeito às energia renováveis, muitas pessoas são a favor, mas depois há toda uma política "não no meu quintal". "Isso também impacta as comunidades locais, que não querem conviver com turbinas eólicas ou painéis solares. É preciso envolver as partes interessadas, trabalhar com todos, explicar cuidadosamente todos os benefícios do projeto, tornando-os coproprietários ou garantindo que estão a ter benefícios. Caso contrário, será muito difícil licenciar os projetos e levar as coisas avante. Nos EUA temos vários exemplos em que as turbinas eólicas coexistem com a agricultura", disse o CEO da EDP.
Este ano terá a maior participação empresarial de todos os tempos em Davos, com mais de 1.500 líderes registados de 700 organizações, incluindo mais de 600 dos principais CEO do mundo, de empresas parceiras do Fórum Económico Mundial, de setores como o financeiro, energia, materiais e infraestrutura, tecnologias de informação e comunicação.
De acordo com o Fórum Económico Mundial, "a crise climática exige uma rápida transição global para a energia renovável. No entanto, quem toma as decisões deve ter em conta os potenciais impactos negativos na biodiversidade e nas comunidades locais no processo de implementação de novos projetos renováveis, um processo que pode atrasar o seu desenvolvimento".
A solução passa por "parcerias fortes" entre políticos, empresas e organizações não governamentais, que permitem chegar a decisões mais "integradas" num contexto de crises energéticas, climáticas, alimentares e de biodiversidade.
Além deste painel, Miguel Stilwel d'Andrade participará também em diferentes sessões e reuniões de alto nível, nas quais também estarão presentes líderes mundiais de empresas, dentro e fora do setor da energia, bem como importantes decisores políticos, confirmou fonte da EDP ao Negócios.