Notícia
EDP admite que tensão no Mar Vermelho "está a tornar-se num problema"
"Significa mais tempo, mais custos, por isso obviamente é uma preocupação. Temos alguma flexibilidade nos projetos que construímos, e esperamos contar com esse fatos de amortecimento face ao impacto. Mas se a situação se agravar, então acho que se tornará num problema ainda maior", disse Stilwell em entrevista à cadeia de televisão CNBC.
O CEO da EDP, Miguel Stilwell d'Andrade, admitiu esta quarta-feira em Davos, onde está presente esta semana para participar na 54ª reunião anual do Fórum Económico Mundial na Suíça, que a situação de conflito armado e tensão geopolítica no Mar Vermelho está a "tornar-se num problema" para a elétrica, tendo em conta que as rotas de transporte dos painéis solares para novos projetos renováveis passam por aquela região.
"Significa mais tempo, mais custos, por isso obviamente é uma preocupação. Temos alguma flexibilidade nos projetos que construímos, e esperamos contar com esse fator de amortecimento face ao impacto. Mas se a situação se agravar, então acho que se tornará num problema ainda maior", disse Stilwell em entrevista à cadeia de televisão CNBC.
Também em Davos, o CEO da gigante mundial de transporte marítimo Maersk, Vincent Clerc, confirmou no mesmo dia que a situação no Mar Vermelho deverá prolongar-se "provavelmente durante meses", sendo que a sua empresa já deu instruções aos navios para não navegarem pela região. "Significa tempos mais longos de transporte e disrupções nas cadeias de abastecimento, pelo menos, durante alguns meses, ou mais, tendo em conta a imprevisibilidade da situação", disse em declarações à Reuters.
Questionado sobre se a EDP tem já um plano de contingência para lidar com os impactos dos problemas de circulação de navios de mercadorias pelo Mar Vermelho, Stilwell d'Andrade garantiu que "sim". Em causa está o domínio mundial da China na produção dos principais componentes necessários para a construção de centrais solares, a começar pelos próprios painéis fotovoltaicos.
Na opinião de Stlwell, diversificar os fornecedores mundiais além da China "é uma estratégia necessária para gerir o risco" de novas disrupções nas cadeias de abastecimento.
"Na energia eólica, a Europa tem já uma boa indústria e boas leis para promover e encorajar o seu desenvolvimento, sendo que alguns dos grandes players são europeus, como a Vestas, por exempolo. No solar, todo o setor tem sido mais dominado pela China, mas está a tornar-se mais diversificado, com países como o Vietname, Coreia do Sul, e outros, a afirmarem-se. Nos EUA temos o Inflation Reduction Act, que está a levar o fabrico de componentes solares para o país. Em geral há um esforço para diversificar a cadeia de abastecimento do solar mas ainda há muito a fazer", disse o CEO na mesma entrevista.
Sobre os custos associados ao desenvolvimento de projetos renováveis hoje em dia, Stilwell frisou que estes já estão contabilizados no preço de venda da energia, tanto no solar como no eólico. "A Europa tem bons recursos no sul, mas também no norte do continente, sobretudo para o eólico offshore. Os preços são muito competitivos, e os custos de desenvolvimento estão inseridos já nesses preços. Um dos aspectos positivos é que quando fixamos preços de venda da energia é por um período longo, de 20 ou 30 anos, sem termos a volatilidade dos combustíveis fósseis e das cotações das matérias-primas", acrescentou na mesma entrevista.
Já sobre um dos tópicos "mais quentes" em discussão em Davos - a transição energética - o CEO sublinhou na mesma entrevista que a EDP vai aumentar a sua percentagem de eletricidade a partir de fontes renováveis para 90% em 2024, face aos 85% registados no ano passado. A par disso, a elétrica acaba também de ser distinguida pela S&P como a "utility mais sustentável do mundo", de entre uma lista de mais de 200 empresas.
"Estamos a trabalhar arduamente para manter esta distinção em 2024. Esperamos acabar com o carvão até 2025, é um compromisso firme. Já desativámos algumas das nossas centrais a carvão e faremos o mesmo com as restantes. Queremos ser 100% verdes e renováveis até 2030 e neutros em carbono até 2040, ao longo de toda a cadeia de valor", acrescentou o responsável, sublinhando que "a transição energética é inevitável". E não apenas pelas questões climáticas e ambientais.
"Tornou-se já numa questão de segurança nacional e geopolítica. Em termos dos custos dessa transição energética, temos de ser realistas sobre os mesmos, mas neste momento têm menos volatilidade do que os combustíveis fósseis. Um dos aspetos positivos que vimos em alguns países europeus, como Portugal, por exemplo, é que durante a crise energética os preços se mantiveram estáveis devido à grande penetração de energia renovável. O país teve seis dias seguidos de energia limpa, sem parar, a um preço fixo, sem depender do preço do gás ou de outros combustíveis fósseis", disse o CEO português, um dos poucos a representar o tecido empresarial nacional em Davos.
Tal como defendeu já no ano passado, na reunião do Fórum Económico Mundial, Stilwell continua a insistir que é necessário aumentar o ritmo de implantação das energias renováveis na Europa. "Temos de acelerar o passo e desenvolver as renováveis muito mais rapidamente, e para isso temos de reduzir a burocracia. A Europa está a fazer um trabalho fantástico e a estabelecer uma visão para a transição energética, mas muita da legislação aprovada em Bruxelas ainda não foi transposta para as leis nacionais e não está a ser implementada no terreno. Temos de fazer mais e mais rápido. É o que pedimos", disse na entrevista à CNBC, sublinhando que existir consistência em todos os Estados-membros ajuda.
"Sobretudo em termos de soluções facilitadoras como a "one stop shop" para projetos renováveis, licenciamento mais rápido, mais digital e padronizado em todos os países, para que seja possível prever quanto tempo demorará. Tudo isso seria muito benéfico. Mas acima de tudo aplicar as leis europeias a nível nacional e até local, porque é aí que os projetos acontecem e são implementados", acrescentou ainda, lembrando que as renováveis são hoje a forma mais sustentável e competitiva de produzir energia.
Para participar no Fórum do Caldeirão de Bolsa dedicado à insegurança no Mar Vermelho clique aqui.
"Significa mais tempo, mais custos, por isso obviamente é uma preocupação. Temos alguma flexibilidade nos projetos que construímos, e esperamos contar com esse fator de amortecimento face ao impacto. Mas se a situação se agravar, então acho que se tornará num problema ainda maior", disse Stilwell em entrevista à cadeia de televisão CNBC.
Questionado sobre se a EDP tem já um plano de contingência para lidar com os impactos dos problemas de circulação de navios de mercadorias pelo Mar Vermelho, Stilwell d'Andrade garantiu que "sim". Em causa está o domínio mundial da China na produção dos principais componentes necessários para a construção de centrais solares, a começar pelos próprios painéis fotovoltaicos.
Na opinião de Stlwell, diversificar os fornecedores mundiais além da China "é uma estratégia necessária para gerir o risco" de novas disrupções nas cadeias de abastecimento.
"Na energia eólica, a Europa tem já uma boa indústria e boas leis para promover e encorajar o seu desenvolvimento, sendo que alguns dos grandes players são europeus, como a Vestas, por exempolo. No solar, todo o setor tem sido mais dominado pela China, mas está a tornar-se mais diversificado, com países como o Vietname, Coreia do Sul, e outros, a afirmarem-se. Nos EUA temos o Inflation Reduction Act, que está a levar o fabrico de componentes solares para o país. Em geral há um esforço para diversificar a cadeia de abastecimento do solar mas ainda há muito a fazer", disse o CEO na mesma entrevista.
Sobre os custos associados ao desenvolvimento de projetos renováveis hoje em dia, Stilwell frisou que estes já estão contabilizados no preço de venda da energia, tanto no solar como no eólico. "A Europa tem bons recursos no sul, mas também no norte do continente, sobretudo para o eólico offshore. Os preços são muito competitivos, e os custos de desenvolvimento estão inseridos já nesses preços. Um dos aspectos positivos é que quando fixamos preços de venda da energia é por um período longo, de 20 ou 30 anos, sem termos a volatilidade dos combustíveis fósseis e das cotações das matérias-primas", acrescentou na mesma entrevista.
Já sobre um dos tópicos "mais quentes" em discussão em Davos - a transição energética - o CEO sublinhou na mesma entrevista que a EDP vai aumentar a sua percentagem de eletricidade a partir de fontes renováveis para 90% em 2024, face aos 85% registados no ano passado. A par disso, a elétrica acaba também de ser distinguida pela S&P como a "utility mais sustentável do mundo", de entre uma lista de mais de 200 empresas.
"Estamos a trabalhar arduamente para manter esta distinção em 2024. Esperamos acabar com o carvão até 2025, é um compromisso firme. Já desativámos algumas das nossas centrais a carvão e faremos o mesmo com as restantes. Queremos ser 100% verdes e renováveis até 2030 e neutros em carbono até 2040, ao longo de toda a cadeia de valor", acrescentou o responsável, sublinhando que "a transição energética é inevitável". E não apenas pelas questões climáticas e ambientais.
"Tornou-se já numa questão de segurança nacional e geopolítica. Em termos dos custos dessa transição energética, temos de ser realistas sobre os mesmos, mas neste momento têm menos volatilidade do que os combustíveis fósseis. Um dos aspetos positivos que vimos em alguns países europeus, como Portugal, por exemplo, é que durante a crise energética os preços se mantiveram estáveis devido à grande penetração de energia renovável. O país teve seis dias seguidos de energia limpa, sem parar, a um preço fixo, sem depender do preço do gás ou de outros combustíveis fósseis", disse o CEO português, um dos poucos a representar o tecido empresarial nacional em Davos.
Tal como defendeu já no ano passado, na reunião do Fórum Económico Mundial, Stilwell continua a insistir que é necessário aumentar o ritmo de implantação das energias renováveis na Europa. "Temos de acelerar o passo e desenvolver as renováveis muito mais rapidamente, e para isso temos de reduzir a burocracia. A Europa está a fazer um trabalho fantástico e a estabelecer uma visão para a transição energética, mas muita da legislação aprovada em Bruxelas ainda não foi transposta para as leis nacionais e não está a ser implementada no terreno. Temos de fazer mais e mais rápido. É o que pedimos", disse na entrevista à CNBC, sublinhando que existir consistência em todos os Estados-membros ajuda.
"Sobretudo em termos de soluções facilitadoras como a "one stop shop" para projetos renováveis, licenciamento mais rápido, mais digital e padronizado em todos os países, para que seja possível prever quanto tempo demorará. Tudo isso seria muito benéfico. Mas acima de tudo aplicar as leis europeias a nível nacional e até local, porque é aí que os projetos acontecem e são implementados", acrescentou ainda, lembrando que as renováveis são hoje a forma mais sustentável e competitiva de produzir energia.
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